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Semana de 17.11.01 a 23.12.01

 

Contratação formal subiu, mas com menores salários

Pesquisas divulgadas esta semana mostram números desanimadores para os trabalhadores brasileiros. Oito em cada dez trabalhadores que perderam seus empregos em 2001 recebiam apenas até três salários mínimos (R$ 540). Quem conseguiu voltar ao mercado de trabalho formal teve de aceitar receber menos. Resultado: o Brasil viveu neste ano uma forte migração de empregados de faixas salariais maiores para menores.

Foram demitidos 8,096 milhões de trabalhadores e admitidos 8,946 milhões, resultando em saldo positivo de 850 mil contratações até outubro. No entanto, o padrão salarial anterior não foi mantido. Antes de serem demitidos, a folha de pagamentos dos 8 milhões de funcionários dispensados era de R$ 261,5 milhões. Após o corte, as empresas voltaram a contratar, mas pagando muito menos pela mão-de-obra. Logo, a folha de pagamentos dos contratados atingiu R$ 266,6 milhões, quando o correto é R$ 288,9 milhões.

Nesse quadro, quem ganhava, por exemplo, entre três e sete salários teve dificuldade maior para arranjar um novo posto neste ano. Acabou aceitando receber menos de três salários mínimos por mês. Mais de 143 mil empregados que ganhavam de três a sete salários mínimos foram demitidos até setembro deste ano. Outros 402 mil foram admitidos para receber de meio a um salário no mesmo período.

Leia mais:
- Rodízio de trabalhadores achata renda

Leia também:
- Jovens e mais instruídos resistem mais no emprego
- Executivos recebem mais mesmo na crise
- Força já negocia direitos do trabalhador
- Empresários dizem que reforma da lei é tímida

 
 
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Rodízio de trabalhadores achata renda

Oito em cada dez trabalhadores que perderam seus empregos em 2001 recebiam apenas até três salários mínimos (R$ 540). Quem conseguiu voltar ao mercado de trabalho formal teve de aceitar receber menos. Resultado: o Brasil viveu neste ano uma forte migração de empregados de faixas salariais maiores para menores.

Quem ganhava, por exemplo, entre três e sete salários teve dificuldade maior para arranjar um novo posto neste ano. Acabou aceitando receber menos de três salários mínimos por mês.

As conclusões fazem parte de dois estudos. O primeiro foi elaborado pelo economista e professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Marcio Pochmann, secretário do Trabalho da Prefeitura de São Paulo. O segundo, por Carlos Augusto Gonçalves, coordenador do Desep (Departamento de Estudos Sócio-Econômicos e Políticos) da CUT.

Os estudos consideraram apenas o emprego formal e foram feitos com dados oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego.

Os números são desanimadores e mostram o rosto dos trabalhadores mais atingidos pelo limitado crescimento da economia em 2001. Com uma expansão do PIB que deve chegar a apenas 2%, o país parou no segundo semestre.
Foram demitidos 8,096 milhões de trabalhadores e admitidos 8,946 milhões, resultando em saldo positivo de 850 mil contratações até outubro. A rotatividade implicou queda nos salários.

As empresas até contrataram mais pessoal, mas a folha de pagamentos subiu só 1,9% com as admissões, segundo o estudo. Uma conta explica isso: antes de serem demitidos, a folha de pagamentos dos 8 milhões de funcionários dispensados era de R$ 261,5 milhões.

Após o corte, as empresas voltaram a contratar, mas pagando muito menos pela mão-de-obra. Logo, a folha de pagamentos dos 8,9 milhões de contratados atingiu R$ 266,6 milhões, com aumento de apenas 1,9%.

"Se fosse para reproduzir o padrão salarial anterior, a folha de pagamentos [com o saldo de 850 mil contratações" teria de ter passado de R$ 261,5 milhões para R$ 288,9 milhões", diz Pochmann. Ou seja, devia ter crescido 10,5%.

Segundo o dado mais recente do IBGE, o rendimento médio do trabalho entre janeiro e setembro (tanto no mercado formal como informal) caiu 2,6% em relação ao mesmo período de 2000.

Na surdina, o país viveu uma migração silenciosa de trabalhadores que antes recebiam pouco e agora passaram a receber muito pouco pelo seu trabalho.

Mais de 143 mil empregados que ganhavam de três a sete salários mínimos foram demitidos até setembro deste ano. Segundo estudo do Desep, 402 mil foram admitidos para receber de meio a um salário no mesmo período.

Isso representa expansão de 18% no total de empregados nessa faixa, que corresponde a, no máximo, R$ 270 por mês -menos de duas cestas básicas em São Paulo (cerca de R$ 155 cada uma).

Houve também uma forte elevação nas contratações de empregados que recebiam de meio a dois salários mínimos. Os economistas levantam a possibilidade de transferência de mão-de-obra de uma faixa para outra.

Segundo Salomão Quadros, economista-chefe da FGV, esse movimento deve continuar. "Essa situação, vivida pelo trabalhador de menor renda ou pelo que ganha salários mais elevados, não deve mudar em 2002. A indústria não espera um ano muito bom."

Os economistas afirmam que não esperavam que o achatamento salarial fosse tão significativo. "A indústria brasileira construiu um país de baixos salários", diz Pochmann. "Dos anos 90 para cá, mesmo após um processo de privatização, reforma do Estado e modernização nas relações do trabalho, temos um padrão salarial pior do que na era Vargas. Temos hoje um salário de fome."

Em alguns setores da economia a situação é mais delicada. As indústrias de telefonia e automobilística têm realizado enxugamentos e terceirizado não só empregados que recebem de três a cinco salários, mas também gerentes com salários de R$ 5.000.

(Folha de S.Paulo)

 
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Jovens e mais instruídos resistem mais no emprego

Homem, jovem -com até 24 anos- e mais de oito anos de estudo. Esse é o perfil do trabalhador brasileiro com carteira assinada que sobreviveu à disparada no desemprego neste ano no país. Ele conseguiu uma nova vaga, mesmo depois de já ter sido demitido durante o ano, de acordo com dois estudos inéditos.

Os estudos mostram que mais da metade (55%) dos empregados admitidos no mercado formal em 2001 tem entre 8 e 11 anos de escolaridade. Outros 8,2% não ficaram mais do que 4 anos na escola. E 1 em cada 5 (20%) dos brasileiros que obtiveram uma vaga estudaram de 4 a 8 anos.

As mulheres tiveram mais dificuldade para voltar à ativa do que os homens. Do total de funcionários contratados, 65,9% pertencem ao sexo masculino e 34,1% ao feminino. Isso mostra que quase 7 em cada 10 trabalhadores que escaparam do desemprego são homens.

Os dados de 2001 comprovam aquilo que os economistas têm repetido recentemente: o jovem brasileiro até consegue seu primeiro emprego, mas com salários cada vez mais achatados.

Mais de 84% daqueles que voltaram ao "batente" têm até 24 anos. Na faixa de 25 anos a 49 anos, 23,2% se recolocaram. Mas entre aqueles com mais de 50 anos a situação se complicou em 2001. O saldo foi negativo: houve queda de quase 8% nessa faixa etária.

Já o trabalhador dispensado, segundo os especialistas, é o pai de família, que operava na linha de produção das indústrias e tinha renda média de cinco salários mínimos (R$ 900), principalmente na região metropolitana de São Paulo.
Ou seja, ele tem o mesmo perfil daquele empregado que vem sendo expulso do mercado de trabalho na última década.

Entre os demitidos, segundo os estudos, 54,1% têm menos de um ano de casa, enquanto 21,7% têm mais de três anos. O que mostra que, em épocas de crise, na hora de fazer a lista dos dispensados, as empresas concentram o "facão" em quem tem menos tempo de casa.

Quando se estuda o motivo dos cortes, observa-se que 73% foram demitidos sem justa causa, enquanto 17% saíram por conta própria e 1,2% foi por justa causa.
Em todas as regiões do país ocorreram modificações na distribuição dos trabalhadores por faixa salarial. No Sudeste, por exemplo, houve aumento no total de pessoas que recebem de 1,5 a 2 salários mínimos. Em 2000, eram 11,8% do total de empregados. Em 2001, 12,4%.

Enquanto isso, houve queda na taxa de empregados que ganham entre 5 e 7 salários mínimos: passou de 10,2% do total de pessoas empregadas em 2000 para 9,7% em 2001.

"Houve maior eliminação de empregos na região Sudeste e no setor industrial", afirma o economista Carlos Augusto Gonçalves, coordenador do Desep.

No Nordeste, 8,2% dos trabalhadores recebiam de meio a um salário no ano passado. Neste ano, a taxa passou para 9,1%. Ou seja, há mais gente ganhando menos hoje do que em comparação ao ano passado.

(Folha de S. Paulo)

 
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Executivos recebem mais mesmo na crise

Se os trabalhadores de menor poder aquisitivo têm seus salários achatados, os executivos das empresas -que recebem acima de R$ 15 mil por mês- registram aumento real em sua remuneração e até elevação nos bônus.

As recentes crises econômicas tiveram impacto inicial nesse mercado -com o congelamento de vagas-, mas os efeitos já foram absorvidos. "De agosto a outubro, registramos forte queda no total de vagas oferecidas aos executivos. mas já voltamos ao ritmo normal neste mês", diz Ricardo Xavier, presidente da Manager, especializada em recolocação de profissionais.

Segundo levantamento da Deloitte Touche Tohmatsu, especialista em análises e consultoria, os profissionais que ganham acima de R$ 15 mil por mês tiveram aumentos salariais superiores a 41% de julho de 2000 a junho de 2001 em relação ao período anterior.

Já os trabalhadores de setores como metalurgia e automobilístico registraram apenas a recomposição da inflação -cerca de 8% neste ano. E há setores que não estão conseguindo sequer repor toda a inflação deste ano.
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"Muitas pessoas que até acabaram demitidas durante os enxugamentos que as empresas fizeram estão conseguindo voltar agora ao mercado de trabalho. E com salários, no mínimo, iguais ao da última ocupação", disse Irene Azevedo, gerente de recolocação da KPMG.

Há alguns exemplos que comprovam essa melhoria no mercado. De acordo com a BPI, consultoria de recursos humanos, a Brasil Telecom demitiu 4.700 empregados devido a seu programa de reestruturação. A grande maioria pertencia a cargos de níveis intermediários e operacionais, como gerência.
Segundo a consultoria, 94,4% conseguiram se recolocar na praça, sem consideráveis alterações na remuneração mensal.

"Quando a crise aperta, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. E quem sofre não é o alto executivo, mas o metalúrgico", diz Gutemberg de Macedo, dono da empresa de recolocação Gutemberg.

As mais recentes negociações que ele precisou coordenar para a recolocação de pessoal resultaram em aumentos de 9% a 45% nos salários dos executivos.

(Folha de S. Paulo)

 
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Força já negocia direitos do trabalhador

Parte do sindicalismo brasileiro quer que a negociação de direitos trabalhistas seja algo como escolher produtos na prateleira de um supermercado. É assim que a Força Sindical e o Sindipeças (que reúne empresas de autopeças) devem fazer o primeiro acordo por setor de flexibilização das leis trabalhistas no país.

Os produtos desse "supermercado trabalhista" poderão ser adotados por 700 empresas que empregam 200 mil pessoas no país. Isto é, caso a reforma da CLT seja aprovada no Senado em 2002. Hoje, 35% das fábricas de autopeças já têm acordos que mudam as leis, informa o sindicato.

"O acordo deverá ser por adesão. Entra quem quer ou precisa. Empresa e trabalhador terão alternativas ao escolher férias, 13º e outros direitos. É como a prateleira de um supermercado", afirma o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. "Mas sem diminuir nem retirar o que já garante a lei. Tem de haver concordância das duas partes, e o acordo ser aprovado em assembléia."

A central sindical se aliou ao governo na batalha pela aprovação da reforma da CLT. A texto aprovado na Câmara prevê que as negociações coletivas podem prevalecer sobre a legislação trabalhista desde que não exista veto de uma das partes ao acordo.

"A idéia é estabelecer regras mínimas e máximas. Se a empresa quiser aderir, pode montar seu pacote", diz Drausio Rangel, coordenador de negociações trabalhistas do Sindipeças.

Serão definidos, por exemplo, limites máximos para férias (poderão ser pagas 15 dias em dinheiro e 15 dias em descanso), 13º salário (o pagamento pode ser em mais de duas vezes) etc.

Autopeças e metalúrgicos de São Paulo foram pioneiros em adotar medidas polêmicas para enfrentar crises econômicas, como por exemplo a redução de salários com jornada menor e o banco de horas.

Na avaliação do Sindipeças, o acordo não vai permitir a criação de novas vagas, mas haverá economia nos encargos trabalhistas, manutenção do nível de emprego e diminuição da informalidade. "O que gera emprego é a expansão industrial e o crescimento da economia", diz Rangel.

Os postos de trabalho serão mantidos com as mudanças, acredita, porque haverá melhor distribuição do custo dos encargos. "O trabalhador no Brasil é relativamente barato, mas o emprego é caro." No país, paga-se 104% de encargos sociais, enquanto nos EUA, de 9% a 11%, afirma. O custo com a mão-de-obra representa 40% a 43% do faturamento do setor, de acordo com Rangel. Nos EUA, ele é 11%. "Para agravar, a concentração de encargos ocorre no final do ano, época em que o setor tem queda da produção."

"Queremos nos antecipar e inventar o remédio antes que a doença apareça", disse Rangel ao se referir à reforma da CLT.

O problema é que as "doses" desse remédio serão disputadas por empresas de autopeças com trabalhadores representados pela CUT -são cerca de 35% das 700 fábricas. A central já planeja até uma greve geral, caso as leis trabalhistas se tornem mais flexíveis.

"Se vierem nos procurar para discutir pré-acordo, vão levar com a porta na cara", diz o presidente da CUT, João Felício. Ele acredita que as empresas vão pressionar principalmente as categorias com data-base no primeiro trimestre para aceitar a flexibilização de direitos.

A CUT já anunciou greve geral no país em 2002 e prepara manifestações nas principais capitais.

A Força Sindical não acredita que possa haver ganho nos salários, mas defende o acordo como forma de evitar demissões no setor. "Pode ser um acordo de repercussão nacional e ser levado a outras categorias. Além do mais, em todas as fábricas você encontra gente que quer 10, 15, 20 ou 30 dias de férias", disse Paulinho.

Indústrias do setor de brinquedos, ótico e de artefatos de papelão, que juntos empregam 60 mil em 1.100 empresas do Estado de São Paulo, também já discutem o que fazer na prática para cortar custos com as mudanças na lei.

Uma das medidas, segundo a Folha apurou, é a implementação de um "superbanco de horas". A idéia é deixar os trabalhadores em casa durante períodos de até 90 dias nos meses de queda da produção - como janeiro, fevereiro e março no caso das 330 indústrias paulistas de brinquedos.

"É inaceitável. O trabalhador fica em casa por 90 dias e depois é escravizado?", diz a presidente do sindicato dos trabalhadores nas indústrias paulistas de brinquedo (filiado à Força), Maria Auxiliadora. Para ela, os acordos no setor têm de ser por empresa. "Aceitamos licença remunerada e férias na Estrela, neste ano, para evitar demissões. Isso só pode ser negociado por empresa."

(Folha de S. Paulo)

 
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Empresários dizem que reforma da lei é tímida

Para a Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) e empresários ouvidos pela Folha, a negociação de um acordo de flexibilização ainda é precipitada; a reforma da CLT, tímida.

Nas indústrias de eletroeletrônicos, um acordo nos moldes do negociado entre Sindipeças e Força Sindical fracassaria, na avaliação de Carlos de Paiva Lopes, presidente da Abinee (associação das indústrias). "No nosso setor, 80% das empresas são de médio e pequeno portes. Acordos como o de banco de horas só funcionam se forem por empresa."

Para o diretor da Fiesp e presidente do Sicetel (sindicato das indústrias de trefilação), Nildo Mazini, a reforma da CLT ainda é tímidas. "Temos interesse em discutir uma mudança mais profunda na legislação. Hoje existe uma verdadeira uma parafernália legal", diz. Um levantamento feito por Mazini mostra que existem hoje 197 leis, 71 portarias, 361 decisões do Tribunal Superior do Trabalho, além de 922 artigos da CLT e 42 itens da Constituição para regular as relações trabalhistas.

Na avaliação de Mazini, não há sentido fazer um acordo de flexibilização por setor. "Se por um lado você está engessado pelas leis, por outro vai ter um contrato para limitá-lo ainda mais?"

José Pastore, especialista em relações trabalhistas, diz que esse tipo de acordo se assemelha aos contratos de trabalho setoriais adotados na Alemanha, Holanda, Itália e outros países europeus. "Uma negociação como essa exige know-how. E esse setor é sofisticado, sabe negociar. O que muda é que os trabalhadores terão de ir à assembléia. E as empresas terão ser mais transparentes." (CR)

(Folha de S. Paulo)

 
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