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Semana de 24.06.02 a 30.06.02

 

Taxa de juros sufoca classe média e retrai crescimento econômico

Foi o mesmo velho golpe: juros bem firmes, nas alturas, para conter a vaga de incertezas. Apesar dos sinais de que os preços estavam mais comportados, sem fôlego para subir numa economia estagnada, o Banco Central achou prudente repetir a receita.

Na quarta-feira passada manteve a taxa básica da economia em 18,5%. Um remédio pesado para os brasileiros, que sentem o soco dos juros corroendo o orçamento doméstico, elevando preços nas lojas, aniquilando empregos, paralisando as empresas e engordando ainda mais a dívida pública.

O peso dos juros paira, disfarçado, sobre o cotidiano de qualquer cidadão. Vai-se ao botequim tomar um café e, lá estão as conseqüências das taxas altíssimas, que não deixam o dono do estabelecimento fazer financiamento para comprar uma máquina nova, aumentar a produção e contratar mais gente. Abre-se o armário para escolher uma roupa, lá estão os juros embutidos no preço pago por cada uma das peças.

Em qualquer loja, fábrica ou armazém, o brasileiro é achatado pelo tamanho dos juros, que são capazes de dobrar o valor de um televisor comprado em 24 prestações numa loja de eletrodomésticos. Ou de transformar um empréstimo de R$ 1 mil, tomado em uma financeira, em uma dívida de mais de R$ 3,8 mil, em apenas um ano.

A carga tributária elevada torna ainda mais intransponível a linha que separa ricos e pobres. As famílias com rendimento de até dois salários mínimos sofrem tributação em torno de 30% com os impostos indiretos embutidos nos preços dos produtos. O porcentual cai para 18% quando a renda da família é superior a 30 salários mínimos.

A vida também é dura para o pequeno e o microempresário, justamente os que mais necessitam de crédito para ficar de pé. Eles são responsáveis por 67% das vagas de emprego no país e movimentam 22% do Produto Interno Bruto (PIB), mas só têm acesso a 10% do crédito liberado pelo sistema financeiro.

Leia mais:
- O fôlego no fim

 
 
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Brasileiro corta gasto com alimentação e come pior

Nem frango nem arroz e feijão. O prato do brasileiro neste ano é mais uma mistura de macarrão instantâneo e carne suína, dois dos produtos que tiveram recorde de vendas em 2002. Para beber, sai o refrigerante e entra o suco pronto. Mas essas mudanças nos hábitos de consumo não elevaram os gastos nas lojas.

Pelo contrário. Um estudo mostra que o consumidor trocou os produtos para gastar menos.

Com base nos dados do Instituto Nielsen, cruzados com os do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento Comercial, é possível revelar o que o brasileiro está levando para casa assim como a quantidade, e, com base nos resultados, traçar alterações nos costumes de compra.

A venda de massa instantânea, por exemplo cresceu 22,3% de janeiro a março. Supermercados ouvidos pela Folha constataram estabilidade nessa demanda nos meses de abril e maio. Essa taxa apurada no ano é elevada.

No mesmo período analisado, as lojas registraram uma elevação bem menor (0,4%) nas vendas de itens alimentícios em geral, incluindo o arroz e o feijão, segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados).

"Com o veloz empobrecimento da população, não dá para o brasileiro manter na despensa aquilo que tinha antes", diz João Carlos Lazzarini, diretor de varejo da AC Nielsen. "É natural que sejam feitas trocas temporárias."

As mudanças fizeram o consumidor desembolsar menos. Levantamento do Instituto Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento Comercial, com mais de 5.000 pessoas em supermercados, mostra que o gasto médio de compra por tíquete caiu de R$ 55,15 em 2000 para R$ 44,80 no ano. Mas o número de itens comprados subiu de 22,6 para 30,7.

Segundo ranking da Nielsen, o "miojo" ocupa a quarta colocação entre os produtos com maior expansão no volume de vendas no Estado de São Paulo. Perde para o suco pronto (24,7%) e para salgadinhos em pacote, fabricados por empresas como Elma Chipps e Yoki. Para esse produto, a expansão foi de 77,4%.

No mesmo período, os fornecedores de alimentos como Sadia e Seara, apresentaram um crescimento acelerado no abate e venda de carne de porco para o mercado interno. Frango e carne registraram, ao mesmo tempo, queda na venda aos supermercados segundo balanço das companhias.

A maior fornecedora do país, a Sadia, apurou expansão de 21,3% nas vendas físicas (em toneladas) de suínos até março em relação ao mesmo período de 2001. A venda de aves e de industrializados (carne bovina, assados e grelhados) caiu 17,8% e 6,4%, respectivamente. O dinheiro que entrou no caixa da empresa, com a venda de carne suína, cresceu 78%.

Na Seara, empresa do sul do país, foi preciso abater 430 mil cabeças de suínos -26,8% mais do que em 2001- para atender a demanda no início do ano. Ao mesmo tempo, a venda de 22,2 mil toneladas de frango no primeiro trimestre foi 7,7% inferior ao comercializado no mesmo período do ano passado.

Segundo Lazzarini, pesquisa realizada em 2001 mostra que a classe média gasta 18% de sua renda mensal com a compra de alimentos. As classes de menor poder aquisitivo gastam, em média, 40%. Quando os salários ficam comprimidos, como agora, a saída é escolher outros produtos nas prateleiras, diz.

Por isso, analistas do setor acreditam que a receita com a venda de suínos continuará a rechear o caixa das companhias no segundo trimestre. A demanda não caiu, e não há elevação de preços desse item. A Fipe, que apura as variações preços no país, verificou quedas nos valores do quilo dessa carne de janeiro a abril. Isso ajuda a manter a procura pelo produto elevada. Algo que as companhias já começam a chamar de a "farra do porco".

"Sabemos que o frango continua sendo um produto barato. Mas a verdade é que o preço da carne suína também está atraente. O brasileiro está descobrindo esse produto", diz Martinho Moreira, diretor da D'Avó Supermercados.

Lojas e fornecedores não se arriscam a dizer, entretanto, que a busca de produtos mais baratos atingiu muito as "commodities" como o arroz e o feijão. Segundo a Folha apurou com dois fornecedores, existem quedas na comercialização seguidas de ligeiras elevações.

Há compras em menor escala -de marcas mais baratas- e a despensa acaba sendo recheada pelo macarrão, afirmam. Para a Perdigão, entretanto, essa substituição não é verificada.

"O que achamos que poderá alterar o perfil das compras é um constante aumento no desemprego. Ainda não verificamos substituições naquele nível que tivemos no início dos anos 80", afirma Antonio Zambeli, diretor de marketing do grupo.

O que incentivou as trocas de produtos naquela época foi a forte recessão econômica vivida pelo país. O problema é que, nos últimos doze meses, a forte queda na massa salarial abriu espaço para que esse movimento se repetisse, afirmam analistas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o rendimento dos trabalhadores sofreu uma queda real de 6,3% nos 12 meses terminados em fevereiro.

(Folha de S. Paulo)

 
 
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