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violência
09/06/2004
País é 5º em ranking de homicídios de jovens

O Brasil é o quinto em um ranking de 67 países com as maiores taxas de homicídios de jovens na faixa dos 15 aos 24 anos. A cada 100 mil jovens brasileiros, 52,1 foram assassinados em 2000. Somente Colômbia, Ilhas Virgens, El Salvador e Venezuela tiveram taxas superiores.

De 2000 para 2002, a situação no país piorou: a taxa passou para 54,5 assassinatos por 100 mil jovens. Analisando a evolução entre 1993 e 2002, detecta-se um aumento de 88,6% nas mortes de jovens. São provocadas por armas de fogo em um terço dos casos. A maioria das vítimas é homem, negro e morre aos finais de semana.

O ritmo de crescimento do número de assassinatos entre os jovens é maior do que na população total. No mesmo período, o aumento de homicídios na população geral (considerando todas as faixas etárias) foi de 62,3%. Em números absolutos, foram mortos 49.640 brasileiros em 2002.

Sem divisão por faixa etária, o ranking divulgado ontem pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) mostra o Brasil com a quarta maior taxa de assassinatos por 100 mil habitantes entre os 67 analisados. Nesse caso, o ano de referência é 2000, por trazer dados comparáveis aos de outros países, nem sempre atualizados.

Mapa
O quadro está traçado no livro "O Mapa da Violência 4 - Os Jovens do Brasil", do pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, divulgado em Brasília. Publicada a cada dois anos, a pesquisa é a quarta feita pela Unesco para traçar a situação dos jovens.

Os resultados divulgados no mapa anterior já indicavam que os jovens eram os mais afetados pelo crescimento no número de homicídios no Brasil na última década. Desta vez, Waiselfisz voltou a analisar dados das regiões metropolitanas, incluiu a incidência do fator raça e aumentou o número de países na comparação internacional.

Com base em dados do IBGE e do Ministério da Saúde, o pesquisador chega a conclusões alarmantes: 39,9% das mortes de jovens brasileiros em 2002 se devem a homicídios. Aliados a acidentes de trânsito e suicídios, são as principais causas de morte entre os que têm de 15 a 24 anos.

"Qualquer solução que se queira dar para a violência e os homicídios tem de passar pela juventude", conclui o pesquisador. Ele ressalta que o custo da violência no país pode chegar a 10% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo suas próprias contas.

"Todos os gastos aplicados em educação no Brasil chegam a 5,3% do PIB. Com isso, o custo da violência é o dobro do que se investe no ensino."
Usando o mesmo argumento, Jorge Werthein, representante da Unesco no Brasil, insiste na necessidade de criar políticas públicas voltadas para a juventude.

"Hoje existem ações separadas. É necessário criar uma política pública que as organize. Precisamos dar respostas para combater a violência não apenas de forma repressiva, mas também preventiva, mantendo os jovens na escola. Dar uma bolsa por mês ao aluno é mais barato do que manter Febens", afirma Werthein.
O governo federal, representado no lançamento do livro pelo ministro Agnelo Queiroz (Esporte), lembra que criou grupo de trabalho para cuidar de políticas voltadas para os jovens.

Para a pesquisadora Edinilsa Ramos de Souza, do Claves (Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde), ligado à Fundação Oswaldo Cruz, outros fatores que contribuem para o alto número de homicídios entre jovens são o aumento dessa população na década de 80, o envolvimento com o tráfico de drogas e o contrabando de armas. "É fundamental desarmar a população."

Já o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP Paulo Sérgio Pinheiro destaca, além da falta de uma política articulada, a necessidade de combate ao crime organizado e a melhoria do sistema prisional.

"Esse é o quarto Mapa da Violência, e a situação continua igual porque o governo não respondeu à altura", afirma Pinheiro, que foi secretário nacional dos Direitos Humanos entre novembro de 2001 e dezembro de 2002.

LUCIANA CONSTANTINO
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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