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ensino superior
19/08/2005
USP oferece formação superior a indígenas

Erika Vieira

A Universidade de São Paulo (USP) implantou o curso de Magistério Intercultural Superior Indígena, primeiro ensino superior voltado à comunidade indígena na região sudeste do país. Os estudantes terão formação de licenciatura plena em pedagogia, voltada para o ensino infantil e fundamental.

São 81 alunos cursando, sendo que 21 têm formação no ensino médio e 60 no magistério indígena (habilitados a lecionar de 1º a 4º série) também coordenado pela USP em 2002 e 2003. Eles já atuam dentro da sala de aula educando 1.026 jovens indígenas.
Os participantes são das etnias guarani, tupi-guarani, kaingang, terena e krenak.

Membros de 28 aldeias (com aproximadamente 4.000 habitantes) localizadas nos municípios de Bertioga, Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Ubatuba, Avaí, Baraúna, Arco-Íris, Itariri, Iguape, Cananéia, Pariquera-Açú, Sete Barras e São Paulo.

“Esse curso vai dar mais poder político aos indígenas, porque assim eles vão poder assumir a diretoria e a coordenação pedagógica da escola”, explica a coordenadora responsável Maria do Carmo Santos Domite, professora doutora da Faculdade de Educação da USP. Ela ainda conta que já existem indígenas pensando no sistema educacional Brasileiro, como no Mato Grosso, por exemplo, onde há a Universidade Indígena Barra dos Bugre, voltada á esse público.

A metodologia de ensino adotada pela USP recupera a língua de cada comunidade, muita já esquecida pelas gerações mais novas. Todas as disciplinas são desenvolvidas a partir de noções do saber indígena.Um exemplo é o caso da matemática, adaptada para usar o padrão de medidas usado por eles. As aulas são dadas durante uma semana na universidade e nas seguintes três semanas mensais nas comunidades. A elaboração da grade curricular foi elaborada com a participação de Ubiratan D`Ambrosio, professor emérito de matemática da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), estudioso da etnomatemática, isto é, aborda a matématica pelo aspecto histórico-cultural.

Diversidade é o ponto central do curso, fala a professora. Por isso, serão dadas aulas de cerâmica, dança, música e outras artes típicas. Também terá a presença de idosos (das aldeias) palestrantes, a fim de passar conhecimento. Todas as matérias trabalham com a fusão de culturas.

Para o guarani Joel Augusto Martin Karai Miri, 35 anos, da aldeia do Jaraguá essa iniciativa da universidade representa a abertura de portas profissionais, pois a delegacia de ensino não permite mais que lecione professor sem nível superior. Além de aumentar a perspectiva de aprendizado da aldeia, diz ele. Joel conta que a escola de sua comunidade possui 70 alunos aprendendo português e tupi.

A graduação começou em junho e durará três anos, divididos em sete módulos nos quais haverá um intercâmbio entre aulas nas aldeias e na Faculdade de Educação. A conclusão será com um estágio nas aldeias e na Escola de Aplicação da USP. ”Quando se conhece outra realidade, um ambiente de uma outra cultura que não é a sua você aprende muito”, declara Joel.

   
 
 
 
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