Carolina
Lopes
Acaba de retornar de Nova York a brasileira que foi para os
EUA representar uma das 8
Metas do Milênio. Uridéia Andrade da Costa,
moradora da favela de Jaguaré, em São Paulo,
foi convidada pela Organização das Nações
Unidas (ONU) para representar a meta “Incentivar a Formação
Profissional de Jovens em Desvantagem Social”. A escolha
se deu pelo fato de Uridéia ter participado de um projeto
social do Instituto Lina Galvani e da Congregação
de Santa Cruz. Através do Projeto Cozinheiro Cidadão
a jovem de 20 anos se formou em gastronomia e trabalhou, durante
um ano de curso, tanto na cozinha comunitária da Favela,
como em renomados restaurantes de São Paulo, como o
Bistrô Charlô, o Tordesilhas, e o Payard. “Só
não digo que aprendi tudo lá porque tenho muito
ainda a aprender. Mas foi através desse projeto que
eu descobri minha vocação para a gastronomia”,
conta a jovem.
Uridéia e mais outros sete jovens da Jamaica, de Marrocos,
da Ucrânia, de Uganda, da Índia e de Camboja
foram escolhidos pela ONU para representar as 8 Metas do Milênio,
em primeiro lugar, pela história de vida de cada um.
Têm em comum os jovens o fato de terem enfrentado diversas
barreiras de ordem sócio-econômica, cada qual
com suas especificidades locais, mas de estarem as superando.
“O mais legal foi ver quantas pessoas se identificavam
com a minha história”, diz Uridéia. Essas
histórias foram registradas através de texto
e imagem e transformadas em uma mostra que ficará exposta
na sede da ONU de 12 de agosto a 30 de outubro, para lembrar
os líderes mundiais do compromisso assumido em 2000.
A jovem viajou para o país norte-americano de 9 a 14
de agosto a convite da ONU, acompanhada da Diretora-presidente
do Instituto Lina Galvani e do coordenador do Projeto Cozinheiro
Cidadão. O dia 12 foi o primeiro dia de atividade pública,
quando relatou suas experiências para jornalistas do
mundo todo e para jovens norte-americanos, que participavam
da comemoração do Dia Mundial da Juventude.
“O mais importante desse encontro para mim foi ter criado
a consciência dessa vida de preconceito que eu vivo.
As pessoas lá me incentivaram muito. Adquiri a visão
de que sou capaz de melhorar. Foi ótimo para minha
auto-estima”, conta a jovem que diz passar por muitas
dificuldades desde criança por viver na favela, não
tendo conquistado ainda nem o apoio da família.
Uridéia, que diz ter se apaixonado pela cozinha, está
radiante com a viagem. De volta ao Brasil a jovem já
recebeu propostas de emprego na área que gosta, mais
ainda não está nada definido. Ela tem o sonho
de se graduar na profissão e abrir um restaurante na
comunidade. “Quero continuar esse projeto trabalhando
com jovens e passando adiante o que me foi ensinado”,
conta.
Experiência
comunitária em favela paulistana passa a representar
programa da ONU
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