Carolina
Lopes
Escolas públicas enfrentam problemas que vão de qualidade
à quantidade. Falta professor, material, vagas e outras demandas.
Como se não bastasse a carência financeira, elas enfrentam
ainda um problema que acomete de modo geral todos os órgãos
públicos: a interrupção de trabalhos na troca de mandatos.
A Escola Municipal de Educação Fundamental Paulo Prado, localizada
no bairro do Morro Doce, região de Perus, é um desses casos.
Anos antes de virar Projeto de Lei na mão da Vereadora Soninha/PT
o trabalho comunitária que integra as escolas aos seus respectivos
bairros, a EMEF já se articulava. Em 1998 começaram os encontros
de educadores, moradores da região e ONGs. Em 2002 o Projeto
da Microrregião ganhou fôlego e passou a ser um plano político-pedagógico
da escola. A Subprefeitura de Perus iniciou um trabalho conjunto.
Professores da EMEF Paulo Prado, na liderança da articulação,
se reuniam com educadores de outras 5 escolas da região e
com os demais envolvidos para elencar quais os problemas comuns
destas escolas e do bairro, que envolvessem a comunidade escolar.
Constatadas tais dificuldades, o grupo se dividia para buscar
meios de superá-las. Muitas carências foram resolvidas a partir
dessa articulação.
Segundo Flávia Asbahr, psicóloga que realizou tese de mestrado
durante o ano de 2003, pesquisando a elaboração do projeto
político pedagógico e a articulação desse projeto com a atividade
pedagógica dos professores da EMEF, disse que até o término
de seu trabalho o projeto funcionou muito bem. Mas, no ano
de 2004, quando assumiu a atual prefeitura, o projeto foi
perdendo força, a freqüência das reuniões foram diminuindo.
Hoje o projeto está estancado. A Coordenadoria da Educação
informou que ele está parado para avaliação desde 2003 e sem
prazo para o parecer oficial determinando se o projeto continua
ou outro entra no lugar. A diretora da escola, por sua vez,
que está na escola desde o início do projeto, não quis se
pronunciar a respeito.
A conclusão de Asbahr, em sua tese, condiz com o estágio
atual do projeto. Durante a pesquisa, ela notou que há uma
dificuldade de se construir um projeto político-pedagógico
no ensino público devido às restrições burocráticas e de estrutura.
Asbarh também percebeu que muitas vezes o trabalho só segue
adiante por conta do que chamou de “militância educacional”.
“Quando esses professores se deparam com uma realidade que
não condiz com o que sonham, adoecem”, conta. Em seu controle,
durante o ano pesquisado, todos os dias há um relato de doença
entre os professores da escola. Dois, que segundo a pesquisadora
eram um dos mais ativos no projeto, tiveram problemas mais
graves. Um deles desenvolveu um uma hipertensão e a outra
professora chegou a ter câncer, mas se curou após afastamento.
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