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trabalho
20/09/2004
Cresce oferta de emprego para mais velho

Trabalhadores que freqüentaram a escola por, no mínimo, 11 anos e com pelo menos 40 anos de idade. Esse é o perfil profissional que o mercado de trabalho das grandes cidades passou a exigir dos candidatos a um emprego desde o segundo semestre de 2003, quando a economia começou a dar sinais de recuperação.

Estudo elaborado pelo Ministério do Trabalho, ao qual a Folha teve acesso, mostra que, entre julho de 2003 e julho deste ano, 98% das vagas oferecidas nas seis maiores regiões metropolitanas do país foram preenchidas por pessoas com 11 anos ou mais de estudo -isto é, com pelo menos o ensino médio completo.

Os dados, com base em informações da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelam que 64% das pessoas que conseguiram emprego no período tinham 40 anos ou mais.

Para a coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho, Paula Montagner, a demanda por esse perfil de trabalhador não é surpresa. "As pessoas nessa faixa etária são justamente as que estudaram mais, porque viveram o milagre econômico [década de 70]. Elas têm mais escolaridade, estudaram em instituições de ensino de melhor qualidade, além de terem mais experiência", diz.

Na avaliação da coordenadora, esse comportamento do mercado de trabalho é típico dos períodos de retomada do crescimento econômico. Aconteceu em 2000, em menor escala, e se repete agora.

Em processos de recuperação da economia, o mercado trabalho é marcado pelo excesso de oferta de mão-de-obra e somente os mais qualificados se sobressaem.
"Nesse primeiro momento de recuperação da economia, o mercado dá uma peneirada e escolhe quem tem mais experiência e escolaridade", afirma.

Nas demais faixas de escolaridade, os dados revelam que houve praticamente estabilidade. Pessoas com até oito anos de estudo perderam postos no período (18.661 vagas). Entre nove e dez anos de escolaridade, o crescimento do emprego foi de apenas 30.630 vagas.

Habilidades
Além da escolaridade, ela relata que o mercado busca pessoas mais velhas porque têm mais experiência e habilidades. "As grandes empresas passaram por um processo de enxugamento muito intenso. Pessoas qualificadas perderam emprego. Agora, esses trabalhadores agregam um valor que médias e pequenas empresas querem aproveitar", diz Montagner.

Na faixa entre 10 e 21 anos, a geração de empregos no período julho/2003-julho/2004 foi de 67.324 postos (8,6% do total). Entre 22 e 39 anos, o contingente foi maior: 215.817 postos, o que representa 27%.

Na avaliação da coordenadora, embora os dados do IBGE sejam restritos às seis regiões metropolitanas, esse fenômeno deve estar acontecendo de forma generalizada nas grandes cidades. "Eu diria que pelo menos nas 22 regiões metropolitanas", acrescenta.

Montagner afirma que as exceções ficam por conta dos empregos gerados no setor agrícola, na indústria extrativista e de transporte. "No Nordeste, a exigência também pode ser um pouco menor do que no restante do país", afirma.

Tempo de espera
Apesar da recuperação do emprego, a coordenadora afirma que ainda é preocupante o tempo que os desempregados passam procurando uma ocupação. De julho de 2003 para julho de 2004 cresceu o número de trabalhadores que deixaram ou perderam o emprego há mais de 12 meses. Em 2003, eles representavam 55,6% do total de desocupados. Em 2004, passaram para 61,3%.

"A nossa rede de proteção social não está preparada para isso. O desemprego não recebe o seguro-desemprego durante todo esse tempo. Eles contam com uma estratégia familiar para sobreviver."

Os dados mostram ainda que o número de desocupados há menos de 12 meses caiu. De 38,5% do total de desempregados para 33,1%. A desocupação há menos de 30 dias ficou praticamente estável: de 5,8% para 5,4%.

JULIANNA SOFIA
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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