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ensino
20/09/2004
Educação tradicional frustra estudantes e professores

Rodrigo Zavala
E special para o GD


Não é necessário analisar profundamente os meandros do sistema de ensino do país para crer que algo está errado. O número de pessoas que não conseguem fazer cálculos minimamente complexos - que chega a 77% dos brasileiros - ou mesmo ler textos menos coloquiais (76%) são apenas exemplos disso. No entanto, o romancista e dramaturgo Alcione Araújo vai além: não só a educação não forma profissionais, como também está cada vez mais longe de formar cidadãos e seres humanos.

Segundo ele, a preparação dos que cumprem o trajeto da escola fundamental à universidade não é adequada às necessidades contemporâneas que, ao chegar ao seu desgastante fim, frustra tanto estudantes quanto professores. "A educação não é um conjunto de regras, é um jogo pedagógico de transmissão do saber. E para isso é preciso pensar. Uma atitude de extrema gratuidade que se descolou da escola", acredita.

A atitude do pensar, suprimida na escola tradicional, na visão do dramaturgo, se perdeu a partir incorporação da idéia de ensino, que se difere da educação. Para ele, apesar de serem freqüentemente colocados sob a mesma definição, a diferença gritante entre esses dois conceitos se dá no fato que o ensino aponta para uma metodologia vertical, em que o aluno é "meramente um depositário".

Embora essas conclusões não sejam novas, Araújo credita a essa má formação, aliada a um completo contexto social desigual, à incapacidade dos estudantes de sistematizar sua aproximação das diversas formas de expressão artística. Assim, o sistema de educação "acaba por desincumbir-se da tarefa de despertar a dimensão do sensível do ser humano".

Durante seu discurso, ele se mostra bastante pessimista em relação aos resultados desse equívoco. "Sem criar o hábito da vivência estética, estudantes não se inserem na vida cultural do país. Instala-se a esquizofrênica separação entre educação e cultura".

Com essa base, Araújo traça uma linha do tempo da cultura brasileira, mostrando que não se foi capaz de unir a cultura tradicional, erudita com a popular, o que criou um abismo histórico no país. E nesse espaço, a indústria do entretenimento se fixou, aproveitando-se desse desligamento, que segundo o romancista, sempre foi apenas social.

"A indústria do entretenimento contamina a cultura popular, degenerando-a ao ponto que ela passa a ser uma reprodução do industrializado. Enquanto isso, a tradicional é afastada cada vez mais, banalizada, tornando-se cada vez mais rara", critica o dramaturgo.

A mensagem final de suas constatações não poderia ser diferente, é mais do que clara a necessidade de se investir em uma educação plural, que consiga integra-se a missão da primeira universidade do mundo, de Bologna: formar para uma profissão, formar para a cidadania e formar o ser humano. "Se você não se emocionar com um quadro ou com um poema. Se for ao cinema e não achar nada. Você está ficando um ser humano mais pobre".

   
 
 
 

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