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obesidade
22/12/2004
Desconhecimento de Lula sobre pesquisa irrita IBGE

Provocaram polêmica as críticas de anteontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à pesquisa do IBGE apontando que a obesidade é um problema mais grave que a desnutrição entre os brasileiros adultos. Ontem, o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, disse que a pesquisa é confiável e que o instituto está tranqüilo quanto aos resultados. Nunes disse, porém, que todos têm o direito de discordar e expressar opiniões. Salientou que o trabalho não verificou o estado da fome no Brasil, tampouco mediu a percepção subjetiva do que seria passar fome.

"Os números são confiáveis e nós estamos tranqüilos com relação ao resultado. O IBGE é uma instituição séria. E consideramos que todo cidadão tem direito de discordar dos resultados, principalmente o presidente, pois somos uma democracia. Cabe a nós ouvir críticas e refletir sobre elas".

Em entrevista na manhã de ontem para divulgação do Registro Civil 2003, dois funcionários do setor de coleta de dados pediram ao coordenador do setor de População e Indicadores Sociais, Luiz Antônio Pinto de Oliveira, que defendesse o IBGE. Eles se queixaram do fato de o presidente ter falado sem saber como a pesquisa foi realizada e sem atinar para as conseqüências de suas declarações:

"Ele demonstrou desconhecimento completo do IBGE e da pesquisa", disse um dos funcionários.

"Como é que a gente pode trabalhar?", disse Alceu Alfredo Matubayas, também funcionário. "Gostaríamos que houvesse uma posição do IBGE sobre isso".

Número de visitas
À tarde, o instituto divulgou que foram visitados 48.470 locais, em áreas urbanas e rurais, em todo o país. Os entrevistadores foram aos domicílios de julho de 2002 a junho de 2003, cada um por nove dias. Os entrevistados foram identificados, pesados e avaliados do ponto de vista nutritivo.

Lula disse que as pessoas “têm vergonha de dizer que passam fome”. O pesquisador Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), contraria a tese do presidente. Citando perguntas feitas em pesquisas do IBGE, inclusive a Pesquisa de Orçamento Familiar, ele diz que o normal é que as pessoas tenham uma percepção exagerada de sua fome, e não que tenham vergonha de admitir o problema.

Miseráveis
Criador do Fome Zero, o assessor especial da Presidência, José Graziano, defendeu o programa e disse que os dados do IBGE não surpreenderam o governo. Ele explica que o problema dos pobres é mais de qualidade que de quantidade na alimentação. O ex-ministro usa dados do próprio IBGE para mostrar que mais de 44% da população, com renda per capita menor que um salário mínimo, consomem menos de 1,9 kcal por dia. E contesta o critério de comparar peso e altura.

"Essa medida é usada para ver o estado que nos acostumamos a chamar de fome africana, de pessoas em prolongado estado de subnutrição. Os nossos pobres têm uma dieta rica em açúcares e gordura animal, carne de segunda. Os dados da POF mostram isso: pessoas acima do peso, mas com alimentação inadequada. Também é um problema alimentar".

O secretário de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, José Giacomo Baccarin, concorda com o ex-ministro. Ele afirma que o governo trabalhava com dados similares aos da POF.

"Já vínhamos falando em 12% da população com obesidade e mais de 30% acima do peso. Quando se trata do combate à fome, se trata no contexto de segurança alimentar", afirmou Baccarin.


TONI MARQUES
GUSTAVO ALVES
BERNARDO DE LA PEÑA
do jornal O Globo

   
 
 
 

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