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08/03/2004
Telecentros levam internet à periferia

Há um ano o estudante Célio Gomes Pereira, de 22 anos, morador na Favela Heliópolis, Zona Sul de São Paulo, dedica meia hora, uma vez por semana, para matar a saudade da mãe e do irmão, que estão na cidade pernambucana de Machado. A comunicação entre eles, que antes se resumia a um telefonema rápido por mês devido ao custo da ligação, ficou mais fácil depois de a família ter descoberto a internet em centros comunitários de informatização. “A gente marca dia e hora e conversa, de graça, por e-mail”, diz Pereira, que freqüenta um telecentro.

Na cidade de São Paulo existem hoje 105 telecentros (municipais) e 72 infocentros (estaduais), que começaram a ser instalados a partir de 2000 na periferia. Pereira só não tem contato mais freqüente com os parentes porque eles ainda precisam viajar 50 km para utilizar a internet numa cidade vizinha. “Mas o telecentro já facilitou muito nossa vida”, diz.

Além de permitir acesso à informação digital a pessoas que, em muitos casos, não sabiam sequer ligar um computador, os centros de informatização têm ajudado muitos a melhorar de vida. “Nossos usuários perdiam oportunidades de inclusão social porque não sabiam fazer uma busca na internet, não tinham acesso a vagas de emprego ou mesmo a informações sobre saúde”, diz Fernando Guarnieri, coordenador do Projeto Acessa São Paulo, da Secretaria da Casa Civil.

Ele afirma que, apesar de já ser possível fazer quase tudo pela internet, 80% da população paulistana ainda vivem em completo analfabetismo digital. “O número ainda é muito pequeno. Precisaríamos ter pelo menos mil para atender a população carente”, diz.

Segundo o coordenador do Acessa São Paulo, dos 20% de paulistanos que têm acesso à internet, 85% pertencem às classes A e B. “Na periferia, 11% dos moradores já acessaram a internet alguma vez, mas apenas 3% são usuários freqüentes”, lamenta.


Vida nova
O usuário dos centros ganha e-mail, faz curso e pode acessar a internet de graça pelo menos meia hora por dia. “Ter e-mail me ajudou muito”, diz o estudante David Pereira de Deus, de 16 anos. Ele veio do Piauí há seis meses e já tinha alguma noção de informática. Mas foi no telecentro de Heliópolis que aprendeu a navegar na web.

Nos centros de informatização da Capital estão cadastradas cerca de 700 mil pessoas — 300 mil nos telecentros e 400 mil nos infocentros. A maioria dos usuários, segundo Guarnieri, tem entre 15 e 24 anos, renda média de R$ 400 e cursa o ensino fundamental.

Guarnieri afirma que 70% dos freqüentadores vão aos centros em busca de e-mails para se comunicar com parentes e amigos que geralmente estão em outros estados. Depois, buscam acesso a pesquisas, notícias, empregos, bate-papo, sites institucionais e jogos.

Segundo Beatriz Tibiriçá, coordenadora do Governo Eletrônico, da Prefeitura, a Zona Leste concentra o maior número de pessoas que nunca teve acesso a um computador. São aproximadamente 3 milhões. “Na periferia, os telecentros funcionam como qualificação profissional. Geralmente, quem faz curso sempre volta para participar de oficinas ou ser usuário, e traz a família.”

A estimativa da Prefeitura é instalar pelo menos mais 23 telecentros até julho. Já o Governo do estado pretende chegar aos 90 infocentros na Capital até o final do ano.

Os telecentros e infocentros estão instalados em áreas de maior exclusão social da cidade, selecionadas de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Grande parte funciona com o apoio da iniciativa privada e de instituições sociais. Para baratear o custo das instalações, a Prefeitura optou pelo software livre (que não paga licença de uso e pode ser baixado pela internet). Eles permitem o uso de computadores sem disco rígido, com configuração básica. Por causa desse programa, que torna os equipamentos sem valor comercial, o índice de roubos em telecentros é muito pequeno. Desde 2001 foram apenas seis.




As informações são do Diário de S. Paulo
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