I - Apresentação
Literatura do Timor Leste foi
toda destruída, diz bispo de Dili
  ANDRÉ TARCHIANI SAVAZONI
repórter da Folha Online

 
 

Depois de ser tomado por tropas indonésias na época do referendo pela independência do país, o Timor Leste ainda se recupera de um rastro de destruição: toda a sua literatura foi destruída, segundo o bispo Ximenes Belo, de Dili, capital timorense.

Ele participou na manhã de sexta-feira (28) de uma entrevista coletiva com a imprensa na abertura oficial da 16ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Prêmio Nobel da Paz em 1996, Ximenes disse que foi convidado pelos organizadores e que veio a São Paulo para falar sobre a paz. O Timor passa por uma fase lenta de reconstrução e toda a literatura do país foi destruída pela invasão da Indonésia, no ano passado.

Segundo ele, não há tradição literária no Timor. “Todo o acervo literário e escolas foram arrasados”, afirmou Ximenes, lembrando que a produção nunca foi grande. “Livros, arquivos e nossa história foram queimados. Não restou nada.”

Aulas no chão

Com o problema das escolas, os alunos vêm assistindo a aulas sentados no chão ou embaixo de árvores. Os escritores são poucos e vivem fora do país. Ximenes destacou Fernando Silvan, que mora em Lisboa (Portugal) e publicou algumas obras de poesia e prosa, e Luiz Godinho, autor de alguns romances, entre outros nomes. ”Mas não me recordo dos títulos agora.“

Mas, dessa forma, não existe mais cultura no Timor? Ximenes diz que na escrita, sim, mas que as tradições da oralidade se mantêm fortes, deixando a tradição do país viver. “Nos nossos cantos, danças que continuam sendo passados de geração para geração pelos indígenas, nas tribos”, disse.

Em 1999, Belo lançou em Portugal o livro “O Credo de nossa Fé”. Ele disse que não lê literatura brasileira por falta de tempo. Como estudou em Portugal, durante a época de seminário, ele conhece Jorge Amado, principalmente pelas novelas da Rede Globo exibidas pela RTP (Rádio e Televisão Portuguesas).

Ximenes Belo estará na solenidade oficial de abertura da bienal, às 18h de sexta-feira, em São Paulo. O ministro da Educação do Brasil, Paulo Renato Souza, também estará no local.

O bispo Ximenes Belo foi obrigado a deixar sua casa, em Dili, atacada e incendiada por grupos antiindependência, na época antes do referendo que definiu a independência do país. Ele se refugiou em Baucau (Timor Leste) e na Austrália antes de ir a Portugal pedir ajuda.

Nascido na cidade de Baucau, ele ordenou-se sacerdote em 1980 em Lisboa. Um ano depois, voltou para sua terra natal, logo se destacando na defesa dos direitos humanos e da não-violência. Além da oposição à ocupação militar indonésia, apoiou as ações armadas da Frente Timorense de Libertação Nacional (Fretilin).

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