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"Diálogos Impertinentes" discute bioética e aborda eutanásia e clonagem

da Folha Online


Rossana Lana /Folha Imagem
Léo Pessini e Fernando Reinach durante o evento
O anúncio do mapeamento sequencial do genoma humano, feito na segunda-feira (26) pelo presidente norte-americano, Bill Clinton, pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e por representantes dos grupos rivais, o consórcio público internacional Projeto Genoma Humano (PGH) e a empresa norte-americana Celera, conduziu o debate de junho da série "Diálogos Impertinentes".
O evento foi apresentado terça-feira (27/6), às 22h, no Teatro de Arena do Tuca (r. Monte Alegre, 1.024). O tema escolhido foi "A Bioética". A série "Diálogos Impertinentes" é promovida pela Folha, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pelo Sesc (Serviço Social do Comércio).
Participaram do debate o geneticista Fernando Reinach, membro da Academia Brasileira de Ciências, professor titular do Instituto de Química da USP e professor visitante da Cornell University Medical College, nos EUA; e o padre Léo Pessini, membro da Sociedade Brasileira de Bioética e da direção da Associação Internacional de Bioética e vice-reitor do Centro Universitário São Camilo, onde coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Bioética.
Genoma é a coleção de genes com as instruções para produzir um ser humano. Seu sequenciamento opõe geneticistas e humanistas. Por um lado, estudiosos da genética defendem que a clonagem de tecidos e órgãos humanos pode ser utilizada de forma terapêutica. Os humanistas, porém, acreditam que, por meio da reprodução de tecidos e da criação de novos seres humanos, o processo natural de evolução da vida seria afetado.
Há um consenso entre os dois "dialogadores" - que fazem parte do PGH (Projeto Genoma Humano) - no que se refere ao uso que se deve fazer do conhecimento científico. Reinach e Pessini afirmam que o conhecimento científico, utilizado de forma correta, pode trazer benefícios à sociedade.
"A questão é que, para não enfrentar um dilema ético, as pessoas preferem não conhecer tecnologia ou biologia. Mas é necessário o conhecimento do uso que se faz da ciência. Não se deve simplesmente abortar simplesmente porque a criança não terá a ponta do dedo mindinho ", afirma Fernando Reinach.
"Nos EUA, a investigação científica é norteada por alguns princípios básicos: a autonomia, a beneficência e a justiça. Aqui no Brasil, há ainda um ponto fundamental - a solidariedade", acrescenta o padre Léo Pessini. Os debatedores concordam que a ciência deve possuir limites. Reinach diz que a ciência, por ser experimental, sempre intervém na realidade, e que os cientistas não devem fugir da responsabilidade de tentar buscar soluções aos problemas, mas a sociedade não deve permitir que eles decidam sozinhos como farão essas experiências.
Para Pessini, deve-se considerar que as pessoas precisam do acesso às possibilidades de tratamento, mas as grandes novidades científicas provocam questionamentos.
"No Brasil, há a bioética da fome, a bioética social. Às vezes, temos que decidir entre fazer transplante de rins ou pulmões em crianças, para garantir o futuro delas, ou transplantar doentes terminais para diminuir seu sofrimento. A bioética é que nos permite tomar tal decisão."
Outra questão debatida se refere à eutanásia - prática de tirar deliberadamente a vida de uma pessoa a seu pedido. Reinach defende que, em casos de doenças terminais, não há como prever o que pode acontecer - a cura ou a morte do paciente. "As pessoas tentam instituir regras para o que é particular. Cada caso deve ser analisado por si, não de maneira geral. Como prever se um paciente vai morrer daqui a dez minutos, e daí tentar abreviar seu sofrimento em cinco minutos? Não dá pra saber. Nessa hora, nada substitui a decisão moral de cada um", afirma.
"O pior disso tudo é a distanásia, o prolongamento de um sofrimento, de uma vida biológica que se torna vegetativa", diz Léo Pessini. "Às vezes, a sociedade tem mania de estabelecer: até um determinado ponto, está vivo; passou daí, já morreu. Na palavra final entre biologia, autonomia das pessoas e solidariedade em relação ao seu sofrimento, fico com a solidariedade", enfatiza.
O programa foi transmitido pelo canal de satélite utilizado pela TV Escola, podendo ser captado por parabólica, pelo transponder 2A2, frequência 3770 MHz, do satélite Brasilsat B-1. Também foi transmitido ao vivo pela TV PUC, por meio da operadora Net São Paulo, no canal 7. Nos dois últimos blocos, os debatedores responderam às questões enviadas pelos telespectadores ou pela platéia, que abordaram temas variados, da ligação entre bioética e educação à utilização de alimentos transgênicos.
(Adriana Resende)



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