ALBERTO NOGUEIRA
DO BANCO DE DADOS FOLHA

Crimes brutais, assassinos cruéis, vítimas anônimas e até uma estrela de Hollywood. Em 8 de setembro de 1993, o jornal "Notícias Populares" lançou uma série com 13 capítulos sobre os maiores crimes do século 20. A seção "Saiu no NP" traz nesta sexta-feira (12) uma compilação de oito casos, "mutilados" em quatro semanas.

Abaixo, você acompanha duas dessas histórias:

1 - O CRIME DA MALA

Crédito: Folhapress Em 8 de setembro de 1993, o "NP" contou como aconteceu "O Crime da Mala"
Em 8 de setembro de 1993, o "NP" contou como aconteceu "O Crime da Mala"

Em 4 de outubro de 1928, uma mala de couro amarrada com cordas grossas, com destino a Bordeaux (França), parou o porto de Santos, no litoral do Estado de São Paulo. Da bagagem escorria um líquido escuro e espesso, que exalava uma fragrância pútrida e despertava a curiosidade dos trabalhadores portuários e da Polícia Marítima, que resolveu abri-la.

Dentro da valise estava um corpo apodrecido, em pedaços, de uma jovem mulher loira, que usava camiseta de tricô, saia de lã e meias de seda. Junto ao cadáver, estava um feto. Os policiais acionaram o Gabinete de Investigações, na época, o mais bem equipado. Começava ali a caçada ao misterioso assassino.

Após uma série de prisões de suspeitos –todos provaram inocência–, a etiqueta da mala era a única pista que restava para tentar chegar até o criminoso. Com ela, investigadores foram levados até a fábrica do objeto, na avenida São João, no centro da capital de São Paulo. Lá, descobriram o nome e endereço do comprador: o imigrante italiano, recém-chegado ao país, José Pistone, 31 anos, morador da avenida Casper Líbero, antiga rua Conceição.

A polícia não encontrou Pistone em sua residência, mas, ao interrogar os vizinhos, descobriu que ele tinha sumido havia quatro dias. Descobriu-se também que a vítima era a mulher do suspeito, Maria Pistone, de 21 anos. Mas o que ainda não estava claro era o que poderia ter motivado o brutal assassinato de uma grávida.

Alguns dias depois, o marido de Maria foi encontrado. Próximo de cometer suicídio, José Pistone foi preso. Sem reagir, ele confessou o crime e tentou explicar as razões de ter cometido tal barbárie, resumida na ilustração abaixo, publicada pelo "NP", em 8 de setembro de 1993:

Crédito: Folhapress Infografia publicada em 8 de setembro de 1993 explica o crime cometido pelo italiano José Pistone
Infografia publicada em 8 de setembro de 1993 explica o crime cometido pelo italiano José Pistone

O imigrante italiano ficou 17 anos preso no Carandiru. Em 1944, ele foi transferido para a Colônia Penal Agrícola de Taubaté (SP). Pistone morreu em 28 de junho de 1958, aos 59 anos.

2 - O MASSACRE DA LINDA ATRIZ

Crédito: 20.jan.1968 - AFP (FILES) This file photo taken on January 20, 1968 shows US Actress Sharon Tate and French Director Roman Polanski standing on the steps at the Chelsea register Office in London, after their wedding. Notorious US killer Charles Manson, who led a California cult that killed pregnant Hollywood star Sharon Tate, died on November 20, 2017 at 83. / AFP PHOTO / STR ORG XMIT: DOC01
O diretor Roman Polanski e sua mulher, a atriz Sharon Tate, em foto de arquivo

Cabelos cor de mel, um lindo rosto e um corpo de arrancar suspiros. Assim era descrita a jovem atriz Sharon Tate, 26, casada com o diretor de cinema Roman Polanski, de quem estava grávida de oito meses na época de seu brutal assassinato.

No dia 9 de agosto de 1969, o cineasta estava em Londres a trabalho, e sua belíssima mulher encontrava-se em sua mansão, na rua Cielo Drive, em Beverly Hills (Califórnia, EUA), com os amigos, o cabeleireiro de celebridades Jay Sebring, o roteirista Voytek Frykowski e a socialite Abigail Folger.

Na cena havia comida e bebida, de certo modo, tudo parecia normal, mas ali estavam as vítimas do que se tornaria um dos mais chocantes massacres da história. Todos foram mortos cruelmente, a mando de Charles Manson, por Tex Watson, Patrícia Krenwinkel, Suan Atkins e Linda Kasabian.

Ele era chefe de uma estranha seita chamada "Família Manson", movida a muito sexo e drogas. Seus seguidores moravam todos juntos em um rancho no Estado americano da Califórnia. O mentor do grupo exercia uma estranha influência sobre seus participantes, que acreditavam que ele era o próprio Deus, por isso seguiam suas ordens.

Manson havia criado uma estranha ligação com a música "Helter Skelter", lançada naquele mesmo ano pelos Beatles, no "Álbum Branco". Racista, o perturbado fantasiava uma guerra futura entre brancos e negros, mas, como ela demorava a acontecer, ele resolveu provocá-la.

O líder do grupo enviou seus simpatizantes até a mansão para que eles acabassem com todos que ali estavam. A ideia dele era que o crime fosse atribuído aos grupos negros da época e que isso despertasse a ira dos brancos, assim, iniciando a sua "guerra". O resultado disso foi uma cena típica de filme de terror: Sharon Tate foi morta com 16 facadas, e seus amigos levaram outras tantas –totalizando 102–, sem contar tiros e outras agressões.

A "Família Manson", com uma nova integrante, Leslie van Houten, ainda fez mais duas vítimas (escolhidas de forma aleatória, como as primeiras) na noite seguinte: o dono de supermercado Leno LaBianca e sua mulher, Rosemary. Mais 67 facadas na conta da seita, que nos dois casos utilizaram sangue para pichar as paredes com as palavras "porcos" e "morte aos porcos".

No ano de 1971, os envolvidos foram declarados culpados pela Justiça americana e sentenciados à morte (dentre eles Manson, o mandante, que confessou 35 assassinatos), porém, a pena foi transformada em perpétua quando o Estado da Califórnia aboliu esse tipo de sentença.

Charles Manson permaneceu preso por 48 anos, até o dia de sua morte, em 19 de novembro de 2017. Ele morreu de causas naturais, aos 83 anos.

Crédito: Folhapress Em 9 de setembro de 1993, o "Notícias Populares" publica a história do assassinato da atriz Sharon Tate
Em 9 de setembro de 1993, o "Notícias Populares" publica a história do assassinato da atriz Sharon Tate

Na próxima semana, o "Saiu no NP" traz mais dois casos da série: O Canibal e O Ceifador. Até lá!

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