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15/06/2010 - 16h43

Relatório britânico inocenta vítimas do "Domingo Sangrento"

DA BBC BRASIL

Um relatório divulgado nesta terça-feira no Reino Unido inocenta as vítimas de um episódio marcante da história do conflito da Irlanda do Norte, o chamado Domingo Sangrento, ou "Bloody Sunday", no qual 13 pessoas foram mortas.

No episódio, ocorrido em 30 de janeiro de 1972 na cidade norte-irlandesa de Londonderry (também conhecida como Derry), militares britânicos abriram fogo contra as vítimas, que participavam de uma manifestação pelos direitos civis. Outras 14 pessoas também ficaram feridas no incidente, sendo que uma morreu depois.

O chamado relatório Saville, divulgado após 12 anos de investigação, afirma que o Exército britânico disparou primeiro e foi culpado no episódio, embora as mortes não tenham sido premeditadas.

Em um pronunciamento no Parlamento, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o que aconteceu em 1972 foi errado e injustificável e que lamenta profundamente o ocorrido.

"Injustificado"

Na sua leitura das conclusões, Cameron disse que nenhum alerta foi dado aos civis antes de os soldados abrirem fogo e que nenhum dos soldados disparou em resposta a ataques com pedras ou bombas de gasolina.

Alguns dos mortos ou feridos estavam claramente fugindo ou correndo para ajudar os outros feridos. Nenhum dos feridos representava ameaça ou estava fazendo algo que pudesse justificar os tiros.

"As conclusões do relatório são absolutamente claras. Não há dúvida, não há ambiguidades. O que aconteceu no Domingo Sangrento foi injustificado e injustificável. Foi errado", afirmou Cameron.

"O lorde (Mark) Saville (responsável por conduzir o inquérito) concluiu que (...) o primeiro tiro na área do protesto foi disparado pelo Exército britânico. Ele descobriu que nenhum dos feridos baleados pelos soldados da companhia de apoio portava uma arma de fogo", acrescentou.

O primeiro-ministro britânico afirmou ainda que, de acordo com o relatório, muitos dos soldados mentiram a respeito de suas ações no dia e que os eventos envolvendo o Domingo Sangrento não foram premeditados.

Agora a decisão de processar os culpados pelas mortes no Domingo Sangrento será tomada pela Justiça britânica.

Caro e longo

O relatório Saville foi encomendado em 1998 pelo então primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

A investigação ouviu centenas de testemunhas e se transformou na mais longa e cara da história do Reino Unido, custando 195 milhões de libras (cerca de R$ 517 milhões).

O inquérito foi concluído em 2004, e o relatório inicialmente estava previsto para ser publicado em 2005.
Uma multidão se reuniu em Londonderry enquanto David Cameron divulgava detalhes do inquérito e comemorou quando foi lida a conclusão.

Antes mesmo da leitura das conclusões do relatório, manifestantes refizeram os passos do protesto de 1972.

De acordo com o editor de política da BBC para a Irlanda do Norte Mark Davenport, o Domingo Sangrento pode não ter sido o dia mais violento na história da Irlanda do Norte, mas sua importância no que aconteceu depois não pode ser esquecida.

"As ações do Regimento de Paraquedistas, ao matar 13 ativistas pelos direitos civis desarmados, fortaleceram muito os argumentos dos republicanos irlandeses dentro de sua própria comunidade e deu ao IRA (Exército Republicano Irlandês, grupo extremista da Irlanda do Norte) um excesso de novos recrutas para sua longa guerra", disse.

O editor da BBC afirma ainda que o Domingo Sangrento abriu caminho para a suspensão do governo da Irlanda do Norte em 1972, conduzindo a décadas de governo direto a partir de Londres. O processo completo de restauração do governo da Irlanda do Norte foi completado apenas em 2010.

 

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