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29/07/2010 - 07h38

A violência na fronteira de EUA e México é mito ou realidade?

KATIE CONNOLLY
DA BBC EM EL PASO, TEXAS

Nos Estados Unidos, os temores de que a violência dos cartéis de drogas mexicanos possa cruzar a fronteira americana reaqueceu o debate a respeito de controle sobre imigração. Mas será mesmo verdade que os assassinatos estariam espalhando-se pelo país ou o aumento da violência não passa de um mito?

A cidade texana de El Paso é ligada por uma ponte que cruza o Rio Grande a sua vizinha mexicana Juarez, considerada um dos lugares mais perigosos do mundo.

Nos últimos dois anos, mais de 5.000 pessoas foram mortas em Juarez, ao mesmo tempo em que crimes relacionados com o tráfico de drogas aumentou.

Políticos, como o procurador-geral do Texas, Greg Abbott, costumam descrever a situação de cidades fronteiriças como se estivessem à beira de uma crise.

"Esse tipo de crime ocorre diariamente. O governo federal tem que responder de modo mais efetivo, reforçando a segurança na fronteira para evitar o derramamento de mais sangue americano."

"É mais perigoso andar nas ruas de Juarez, a poucas quadras de El Paso, do que nas de Bagdá. Há um problema muito sério que começa a se avolumar em nossas fronteiras e coloca em risco vidas americanas", disse Abbot à rede de TV dos EUA Fox News.

O governador do Texas, Rick Parry, disse que o envio de 1.200 policiais federais para a cidade, ordenado em julho pelo presidente Barack Obama, seria "totalmente insuficiente".

SEGURANÇA

Mas o prefeito de El Paso, John Cook, não concorda.

"A realidade é que não precisamos de ajuda deste lado da fronteira. Temos provavelmente todo tipo de polícia federal que você possa pensar. Somos uma comunidade extremamente segura", disse Cook.

Segundo o FBI, El Paso é a segunda cidade americana mais segura. Os índices de criminalidade caíram 36% nos últimos 10 anos.

Outras cidades próximas à fronteira, como San Diego, na Califórnia, e Phoenix, no Arizona, também registraram declínio nos índices de violência.

Além do aumento do número de policiais na cidade, uma extensa barreira de mais de 3.000 km e de até 5,5 metros de altura em vários pontos está sendo construída para monitorar a fronteira dia e noite.

Só no trecho em torno de El Paso, existem 2.700 policiais monitorando a fronteira, além de agentes federais, agentes secretos e policiais da divisão de entorpecentes.

O prefeito e a polícia acreditam que os barões do tráfico não têm interesse em levar a violência para os Estados Unidos.

Eles sabem que a resposta do governo americano seria rápida e pesada, prejudicando sua capacidade de contrabandear drogas para o lucrativo mercado americano.

MEDO

Então, com o declínio dos índices de criminalidade e estabilidade na fronteira, como esta cidade texana relativamente segura se viu no centro de um debate político sobre violência e de que forma o governo do presidente Barack Obama pretende lidar com isso?

O historiador David Romo diz que, em épocas de dificuldades econômicas, fronteiras e os imigrantes que as cruzam são usados como bodes expiatórios.

"Acontece todo ano de eleição, eles (os políticos) sabem que criar medo e histeria a respeito das fronteiras rende votos", diz Romo.

Enquanto a violência continuar em Juarez, pior o panorama se torna para El Paso, apesar das baixas taxas de criminalidade.

O prefeito alega ter dificuldade em atrair novas empresas para a região.

"Os empresários não querem saber se somos a segunda cidade mais segura do país. Cabe a nós convencê-los, mas a tarefa é difícil."

Por enquanto, não há muito mais que o prefeito Cook possa fazer além de esperar.

 

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