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22/06/2010 - 18h25

Brasil quer parcerias com Argentina e Peru em medicina nuclear

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JANAÍNA LAGE
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

O Brasil estuda parcerias com a Argentina e o Peru para garantir sua autossuficiência na produção de molibdênio-99, elemento essencial para a produção de radiofármacos, usados em exames de imagem e no tratamento de doenças como o câncer.

No ano passado, o país sofreu uma escassez temporária do produto, depois da parada de um reator nuclear do Canadá, seu fornecedor tradicional. Teve que recorrer à Argentina, que forneceu um terço da demanda brasileira.

O presidente da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), Odair Gonçalves, anunciou que uma missão técnica irá na próxima semana a Buenos Aires para discutir a eventual participação do vizinho no projeto e na construção do reator multipropósito brasileiro.

O reator nuclear ficará em terreno do Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP). Além de produzir o molibdênio-99, o equipamento servirá para teste de material e pesquisa científica.

A previsão é que esteja concluído em seis anos. O custo estimado é de R$ 850 milhões, mas até agora só foram liberados R$ 50 milhões.

O Brasil cogita lançar uma licitação internacional para a construção do equipamento ou fechar a parceria com a Argentina. Neste caso, a participação do vizinho seria por intermédio da Invap, estatal que já construiu reatores para Austrália, Egito, Argélia e Peru.

A associação seria facilitada pelos planos argentinos de construção de um reator de pesquisa próprio mais avançado, nos moldes do planejado pelo Brasil.

"Podemos unir forças para aumentar a eficiência e reduzir custos", disse Héctor E. Otheguy, gerente-geral da Invap.

O uso posterior dos reatores, no entanto, caberia a cada país, disse Gonçalves, que participou no Rio do simpósio anual da seção latino-americana da Sociedade Nuclear das Américas.

No caso da parceria com o Peru, segundo explicou o presidente da Cnen, a ideia é modernizar um reator peruano que já produz alguns radiofármacos mas está subutilizado.

A Argentina, que construiu o equipamento, também participaria desse projeto. Caso se concretizasse, os planos incluem a criação de uma empresa subsidiária da Cnen para atender à demanda brasileira e de outros países da região.

Segundo Luiz Alfredo Salomão, assessor da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, 1,5 milhão de brasileiros são usuários de radiofármacos. "Há uma crise mundial na oferta de isótopos médicos", disse Otheguy no simpósio.

Dos países da América Latina que têm programas nucleares, o Brasil é o único que já enriquece urânio a 19,9%, ainda em caráter experimental.

Limite máximo permitido para usos pacíficos pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), esse é o combustível dos reatores como o que será construído. O Brasil tem quatro outros reatores de pesquisa, mas nenhum produz molibdênio.

Brasil e Argentina firmaram em 2008 um acordo para aumentar a cooperação na área nuclear. Mas o presidente da Cnen descartou a possibilidade de compartilhar a tecnologia nacional de enriquecimento.

 

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