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andré conti

 

14/09/2012 - 14h26

Nintendismo

Talvez a empresa mais próxima da Apple no que diz respeito à fidelidade e dedicação dos fãs seja a Nintendo. Curiosamente, ambas fizeram o anúncio oficial de seus novos produtos num intervalo de dois dias, na semana passada.

Enquanto a Apple exibia o iPhone 5 e tabelas e mais tabelas de números estratosféricos, a Nintendo mostrava a data e os preços de seu novo console, o Wii U, revelado na E3 de 2011.

Pela primeira vez, a empresa terá duas versões diferentes de um console sendo lançadas na mesma data. A mais barata, sem o jogo "Nintendo Land" e com menos espaço de armazenamento, sai por US$ 299. Uma versão preta, com mais espaço, o jogo e alguns brindes, será vendida a US$ 349. O Wii U sai no dia 18 de novembro nos EUA.

A decisão indica uma guinada importante para a Nintendo. O Wii, lançado em 2006, fez sucesso porque mirou num público diferente, mais amplo. Do preço bom (US$ 250) ao controle com sensor de movimentos aos jogos casuais, o objetivo era cativar o camarada que justo tinha se afastado ou não gostava de videogames.

A estratégia deu certo, e o Wii se tornou um dos cinco consoles mais vendidos de todos os tempos, com quase 100 milhões de unidades. Só que, para abraçar o "público da sala de estar", como disse inúmeras vezes Shigeru Miyamoto, o criador de Mario, Zelda e quase todos os títulos importantes da casa, a Nintendo se viu obrigada a alienar outro público, mais tradicionalista.

Não que o controle incomum fosse um problema, ou algo assim. Mas o Wii foi o primeiro console daquela geração, não tinha gráficos em alta-resolução (embora as HDTVs estivessem estourando em vendas) e nem capacidade para rodar as grandes franquias que faziam sucesso nos concorrentes.

Ao mesmo tempo, o mercado de jogos casuais migrou em grande medida para os smartphones e, embora o Wii continue vendendo razoavelmente bem, o Xbox360 e o PS3 acabaram tomando uma fatia enorme de nintendistas decepcionados com os rumos da empresa (ou que apenas queriam jogar "Call of Duty" sem chacoalhar os braços).

Com o Wii U, a Nintendo parece ter entendido de novo a importância de uma base fiel sólida e do apoio das produtoras de fora, que precisam se convencer de que o console estará apto a rodar seus jogos.

Ao mesmo tempo, indica uma integração ainda maior com a sala de estar, tanto pelo controle, que tem tela própria e pode ser usado para jogar caso alguém queira assistir algo na TV, quanto pelo aplicativo "TVii", que permite ao usuário navegar pela programação da TV e de serviços como Netflix.

Com duas faixas de preço, o Wii U atende o jogador casual e o fã dedicado. O problema é que, nos lançamentos anunciados daqui até março, não há nada de muito especial ou que não exista em outros consoles, ainda mais se excluirmos os títulos feitos pela própria Nintendo. Ainda é cedo, claro, e a ideia por trás do Wii U é boa. Além disso, a empresa tem uma vantagem de tempo em relação à concorrência.

Mas a Sony e Microsoft certamente lançarão seus novos consoles em 2013, até porque essa geração já dura seis anos, um recorde. Terão gráficos melhores, jogos exclusivos e uma base enorme de fãs. Enquanto isso, a Apple continuará lançando iPhones e iPads melhores --e mais integrados à TV.

Resta saber se o meio-termo encontrado pela Nintendo terá seu lugar.

andré conti

André Conti, formado em jornalismo, é editor na Companhia das Letras. Sua coluna mistura coisas antigas e jogos velhos com novidades e curiosidades da tecnologia. Escreve às segundas, a cada duas semanas, na versão impressa do caderno "Tec".

 

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