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barbara gancia

 

02/12/2012 - 03h00

Jane Fonda, go home!

Não tenho dúvidas de que a acefalia de Jane Fonda foi um dos fatores determinantes para fazê-la chegar, aos 75 anos, na forma esplêndida em que ela desembarcou no Brasil nesta semana.

Não é à toa que a atriz que levou minha geração ao delírio cósmico no papel de Barbarella continua enxuta, livre de pés de galinha, de bolsas debaixo dos olhos, sem papadas, estrias ou pelancas. O dom da ausência de massa encefálica faz belezuras para aliviar o estresse e retirar dos ombros qualquer reação adversa que possa ser causada por pensamentos elaborados ou sentimentos profundos. Nada como a leviandade marcante para aliviar olheiras.

É claro que Jane ainda tem a seu favor uma herança genética privilegiada e pode contar com aqueles tratamentos estéticos oferecidos na Califórnia, que deixam qualquer mulher com "layout" de protagonista do filme "A Morte Lhe Cai Bem".

Com esse arsenal arrasador e ainda a bagagem de anos rebolando na frente das câmeras para produzir vídeos em VHS com aulas de ginástica para branquelas molengas, a atriz, militante e símbolo sexual, desembarcou entre nós como se fosse a guardiã dos segredos de Ponce de Léon, o camarada que, segundo diz a lenda, conhecia o segredo da eterna juventude.

Mas Fonda já desceu do avião bradando que a brasileira exagera na quantidade de plásticas, que isso é coisa de gente jeca, "nouveau riche", desequilibrada, inculta ou que não tem o que fazer. Bem, se não disse, pensou.

Pois sabe que não tinha me ocorrido que a zoiuda Melanie Griffith fosse soteropolitana? Ou que Meg Ryan, com seus lábios de pneu de trator, viesse a ser capixaba? Ou que Pamela Anderson tivesse nascido no Piauí?

A brasileira exagera no bisturi, no preenchimento e no peeling, que coisa, hein, Mickey Rourke?

Ilustração Alex Cerveny/

Já Jane Fonda, com suas mãos de bruxa da Branca de Neve e pernocas de 50 anos, barrigota de 30 e dentes recobertos por blindagem de kevlar, não deu tapa nenhum na funilaria. Está como saiu de fábrica, só de bater o olho a gente já percebe.

Queria levar a nossa Jane Fonda ao calçadão de Ipanema para ver quanta mulher esticada por plástica ela ia contar. A maioria é trabalhada na malhação mesmo, viu dona largada pelo Ted Turner?

Ou a uma tribo do Xingu, ou talvez às areias da lagoa de Abaeté para conhecer baiana de lata d'água na cabeça e examinar a excelência do couro duro que a miscigenação produz. Uma das maravilhas da terra, dona Jane.

Sabemos que falo da boca para fora, de raivinha, porque a Jane Fonda, deusa e símbolo, veio dar estocada na gente quando esperávamos cafuné e doce. Todas sabem como eu reajo quando mexem com nossos brios, não é mesmo, meninas? Não precisamos contar a ela tudo sobre Angela Bismarchi e sobre como ela tira pacotão e põe pacotão e troca pálpebra por hímen e vice-versa a cada ensaio na quadra da Beija-Flor, certo?

Ou que a Geisy Arruda voltou de uma ida à feira decidida a fazer recâmbio da couve-flor dela por um repolho. Dos males, o menor. Vai que a Jane cruza o Dedé Santana em algum coquetel, já pensou o que ela não ia pensar da nossa fixação pelo bisturi? Chama o Pitanguy!

barbara gancia

Barbara Gancia, mito vivo do jornalismo tapuia e torcedora do Santos FC, detesta se envolver em polêmica. E já chegou na idade de ter de recusar alimentos contendo gordura animal.

 

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