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carlos heitor cony
O PT e suas entranhas
RIO DE JANEIRO - Não tenho na- da contra o PT nem contra qualquer outro partido. Tinha até mesmo alguma simpatia pela imagem que ele criara, pelas intenções e posições que tomava, sob a liderança de um homem excepcional como Lula. No entanto é com certo pesar que vejo a sua lenta, mas progressiva deterioração política e moral --que, de alguma forma, afetará o seu patrimônio eleitoral.
Não há dúvida de que o partido ficou seriamente comprometido com o mensalão. Independentemente da decisão final do Supremo, suas entranhas ficaram escancara- das, revelando que em nada se difere dos demais partidos.
Como se não bastassem os recursos ilícitos que empregava para se manter e ajudar seus aliados, dona Dilma deu agora mais uma demonstração de que o PT se utiliza do poder para obter vantagens que, embora lícitas do ponto de vista administrativo, resvalam no mais escrachado fisiologismo.
Para atingir um alvo relativamente secundário, como a Prefeitura de São Paulo, a presidente demitiu Ana de Hollanda do Ministério da Cultura, nomeando uma petista de alto e valioso coturno, como Marta Suplicy, ajudando o candidato petista --que, mesmo com a colaboração integral e entusiástica de Lula, continua até agora patinando nas pesquisas eleitorais.
A mudança naquele ministério não tem outro significado senão o mais baixo estágio da política. Nem vem ao caso discutir a eficiência da ministra demitida nem as qualidades da nova titular.
Na reta final da campanha, dona Dilma apelou para a caneta presidencial e modificou o ministério que ela livremente escolheu, dando ao partido uma boca de fogo melhor comprometida com a realidade política e administrativa da capital paulista. Uma jogada que nada teve de brilhante ou necessária.
Carlos Heitor Cony é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2000. Sua carreira no jornalismo começou em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 15 romances e diversas adaptações de clássicos.
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