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clóvis rossi
Censo vai medir a insegurança
Começo com a pergunta que praticamente fechava a "Janela" da véspera: "Os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, há quatro anos, não são um desafio institucional suficiente para justificar um debate mais consistente sobre o risco de subversão representado pelo crime organizado?".
Muito bem. O Ministério da Justiça, em colaboração com as Nações Unidas, está começando a fazer o que chama de "primeiro censo sobre as vítimas da violência".
Ótimo. Dá uma base mais científica do que o "achismo" que orienta muitas das opiniões sobre violência, crime organizado etc.
Será aplicado um questionário em 70 mil domicílios de 300 municípios, todos com mais de 15 mil habitantes. É de se imaginar que em cidades menores, a violência ainda seja muito baixa.
O boletim eletrônico do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) informa que os entrevistados responderão a 100 perguntas, divididas em cinco blocos, que englobam desde a identificação do pesquisado (com dados como renda, escolaridade e estado civil) até se ele presenciou ou sofreu alguma forma de violência em seu bairro, se se sente protegido perto de casa e se precisou mudar a rotina após passar por algum tipo de problema.
Outra parte da sondagem aborda como o entrevistado avalia a segurança prestada em seu bairro, os serviços como disque-denúncia e 190 e o que acha da atuação policial na sua comunidade. Há ainda questões específicas sobre alguns tipos de crime, como roubo, estelionato e violência doméstica. Depois de serem analisados, os dados serão comparados com o registro oficial, para identificar casos de subnotificação.
O trabalho de campo já começou (dia 1º de junho) e vai até dezembro.
O que significa dizer que o próximo presidente terá à disposição uma radiografia razoavelmente completa dessa área tão sensível. Sensível a ponto de outro levantamento, também do PNUD, ter mostrado que, para 90,1% dos brasileiros, a violência aumentou nos últimos anos.
Ou seja, a brutalidade do crime organizado pode não ser no Brasil tão forte como no México e na América Central, mas a sensação de insegurança é equivalente. E só tende a aumentar, se não houver uma política sólida de enfrentamento do problema.
![clóvis rossi](http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/11130365.jpeg)
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. É autor de obras como 'Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo' e 'O Que é Jornalismo'. Escreve às terças, quintas, sextas e domingos.
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