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clóvis rossi

 

24/08/2010 - 15h54

Davos quer levar Dilma como presidenta

Representantes do Fórum Econômico Mundial estão iniciando os contatos para levar Dilma Rousseff, como presidenta da República, ao encontro anual que a instituição realiza, todos os janeiros, em Davos, nos Alpes suíços.

Claro que os contatos também estão sendo feitos com José Serra porque organismos internacionais não podem se dar ao luxo de trabalhar convites para seus eventos com base em pesquisas de opinião pública, por muito confiáveis que sejam.

A isca para atrair Dilma é simples: Luiz Inácio Lula da Silva fez sua apresentação à sociedade internacional, já como presidente, exatamente em Davos, vinte e poucos dias depois da posse. Foi um baita sucesso de público, especialmente porque fez o discurso da ortodoxia econômica que é música aos ouvidos da clientela principal de Davos, que são os executivos das grandes empresas multinacionais.

Lula fora, antes de Davos, ao Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, e também encantou. Depois, foi se distanciando de Porto Alegre e se aproximando mais e mais de Davos.

Para Dilma, apresentar-se em Davos é ainda mais importante do que o foi para Lula. O presidente já tinha razoável vivência internacional, tanto na pele de líder sindical como na de dirigente partidário. Algumas das empresas multinacionais que financiam o Fórum Econômico Mundial até o conheciam de negociações salariais em São Bernardo do Campo.

Já Dilma é uma incógnita. Só muito recentemente passou a acompanhar Lula em viagens internacionais, apresentando-se em vários seminários destinados a vender o Brasil a investidores estrangeiros. Seu discurso é eminentemente técnico ou tecnocrático, como alguns preferem.

Como presidenta, terá que fazer uma apresentação muito mais política.

No encontro deste ano do Fórum, cruzei com Charles Dallara, porta-voz do Instituto da Finança Internacional, o conglomerado dos grandes bancos globais, que estava satisfeitíssimo com o Brasil de Lula mas apresentou como incógnita para o futuro exatamente a perspectiva de eleição de Dilma.

É bom lembrar também que, na apresentação de Lula em Davos, dias após a posse, a figura-chave foi Antonio Palocci, então ministro da Fazenda, que fez muitas das conversas de bastidores. Palocci é, de novo, a figura central nos bastidores.

O outro pilar para que Lula agradasse ao povo de Davos chamou-se Henrique de Campos Meirelles, hoje como então presidente do Banco Central. Antes de entrar para o governo, Meirelles já era frequentador habitual de Davos, como banqueiro. Sou capaz de apostar que, fique ou não no BC com Dilma, Meirelles irá com gosto a Davos para avalizar a nova presidenta.

Para que o sucesso da eventual excursão a Davos seja completo, falta apenas a própria Dilma exibir ao menos parte do jeito Lula de ser. A conferir, talvez, em janeiro.

clóvis rossi

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. É autor de obras como 'Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo' e 'O Que é Jornalismo'. Escreve às terças, quintas, sextas e domingos.

 

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