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eduardo sodré

 

30/09/2012 - 03h00

Outros tempos

CEO da Honda desde 2009, Takanobu Ito já viu uma fábrica ser parcialmente destruída por um tsunami ao mesmo tempo em que mercados tradicionais eram abalados por terremotos financeiros. Nada disso afetou o tom tranquilo de sua fala.

Na última semana, Ito estava animado. Diante de jornalistas japoneses, anunciou os planos de crescimento até 2017 e confirmou a produção de um utilitário compacto.

O executivo usou sinônimos como "carro-pensado-para-mercados-em-forte-expansão". Ele poderia ter olhado para uma das tantas câmeras que o seguiam, afrouxado o nó windsor da gravata e dito a plenos pulmões: "É pra você, Brasil!".

Ito jamais agiria assim, pois a fleuma japonesa mantém-se intocada não importa o que aconteça. Ao contrário da indústria automotiva, que perdeu os pudores aristocráticos.

Antes, os carros eram apresentados para europeus ocidentais e americanos. Anos depois, chegava a vez dos trópicos se deleitarem com modelos que estavam prestes a mudar em seus países de origem.

Hoje, os veículos são criados para quem quer -e pode- comprá-los. O crossover da Honda estará no Brasil, na China, no Leste Europeu, na Índia. Fará o mesmo caminho do Ford EcoSport e do Hyundai HB20. Mercados tradicionais de outrora ficarão no fim da fila, aguardando um ano para receber os lançamentos.

Como os novos produtos têm de atender também aos países cujos níveis de exigência por conforto e segurança são mais elevados, os carros melhoram. Isso favorece os emergentes, com destaque para o Brasil.

Os mercados chinês e indiano ainda vivem a primeira idade do automóvel, onde modelos avançados convivem em total desarmonia com riquixás motorizados.

Aqui, onde a cultura automotiva está consolidada, os fabricantes precisam ser cuidadosos. Takanobu Ito sabe disso, e em breve usará sua fala tranquila para apresentar novidades ao país.

eduardo sodré

Eduardo Sodré é editor-adjunto do caderno 'Veículos'. Carioca com passagens pelos principais jornais do Rio, cobre o setor automotivo desde 1999. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.

 

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