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eliane cantanhêde

 

07/10/2010 - 18h12

Pegadinhas e pegadonas

Repare só no script do segundo turno:

Dilma Rousseff e José Serra disputam a tapa o apoio de Marina Silva e do PV e fazem contorcionismos verbais para atrair os votos religiosos;

Dilma Rousseff desiste do púlpito para entrevistas, José Serra tira e põe de novo o vice;

Dilma chama Ciro Gomes para a fase "paz e amor"(?!) da campanha, Serra traz Jorge Bornhausen para a linha de frente;

Dilma reúne governadores eleitos, Serra finalmente descobre que lugar de reunião política é Brasília;

Dilma obtém declaração de voto do "carlista" baiano César Borges, atual PR, Serra recebe o apoio da irmã de Marisa Letícia.

Ou seja: só varejo, só espuma, só símbolos de força. E o conteúdo?

O primeiro turno acabou sob o impacto da quebra de sigilo fiscal, da parentada de práticas heterodoxas na Casa Civil e do aborto sim, aborto não. E o segundo virou monotemático: só se fala de aborto, e o pior que é retrocendo a discussão ao estágio dos anos 1970.

Se as duas campanhas se equilibram em fotos, em factóides e em pegadonas, Dilma pode se considerar eleita, pois teve 46,9% dos votos válidos contra 32,6% de Serra, o que é uma boa margem e refletiu uma dianteira folgada na maioria dos Estados, sobretudo no Nordeste. Serra precisa não só conquistar maciçamente os votos verdes de Marina como tirar votos da própria Dilma. Fácil, convenhamos, não é.

Lula conseguiu desidratar Alckmin no segundo turno de 2006, mas foi com um remédio tiro-e-queda: a propaganda de que os tucanos privatizariam o BB, a Petrobras, a mãe e a tia. Agora, a campanha de Serra devolve na mesma moeda, potencializando ao máximo a história do aborto. Mas com uma diferença: os tucanos foram pegos de surpresa em 2006, e Dilma tem muito tempo para a reação.

A volta da propaganda eleitoral no rádio e na TV, a partir desta sexta-feira (8), vai dar o tom, a temperatura e a estratégia de cada uma das duas candidaturas. E o Datafolha logo vai sinalizar para onde a coisa vai.

eliane cantanhêde

Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal 'GloboNews em Pauta' e da Rádio Metrópole da Bahia.

 

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