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fernando canzian

 

12/07/2010 - 18h21

Problemas para 2011

Ano de eleição é quase sempre a mesma coisa. A renda sobe junto com os gastos públicos e, no ano seguinte, vem um ajuste. O período eleitoral 2010 e alguma contração em 2011 não devem escapar dessa regra.

O Brasil está aquecido demais e gastando demais, não há dúvida.

O ajuste já deveria ter começado, mas Lula empurra para seu sucessor a conta. Ele também infla a candidatura de Dilma Rousseff (PT) ao manter a sensação de bem estar e de forte crescimento econômico até depois das eleições.

O maior risco no horizonte brasileiro são dois velhos conhecidos: gastos públicos demais e déficits externos (que ocorrem quando o país precisa se financiar com dólares que não são seus).

No primeiro caso, há uma sanha para novos gastos no Congresso. Muitas das medidas são patrocinadas pelo próprio PT.

O senador petista Paulo Paim, por exemplo, incluiu na nova LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) a proposta de indexar a correção de todos os benefícios da Previdência à política de aumento do salário mínimo. Lula poderá vetar a proposta --e deve. Vamos ver.

Houve ainda uma série de pontos aprovados pelo Congresso (e sancionados por Lula, como o reajuste aos aposentados) que enviam a conta para os futuros governos.

Esse aumento de gastos ocorre diante de uma cenário de expectativa de queda na arrecadação de impostos. Pois é certo que haverá uma desaceleração econômica nos próximos meses para tentar segurar o segundo problema, que vem agora aliado a uma crise internacional: o deficit nas contas externas.

O saldo positivo entre o que o Brasil exporta e importa caiu 44% neste ano. Isso ocorre porque o país está importando quase 50% a mais em relação a 2009 para suprir o mercado interno, cobrindo uma procura por produtos que as empresas nacionais não conseguem atender.

Só em automóveis, o salto é de 72% sobre o ano passado. Em eletrodomésticos, 122%.

Com isso, a projeção é que haja um rombo de US$ 55 bilhões neste ano e de mais de U$ 80 bilhões em 2011 que o país terá de cobrir com dólares de fora. Seja de investidores que vêm ao Brasil para especular ou de empresas que desejam instalar fábricas no país.

Nada disso é problema muito grave. O novo governo pode adotar um programa de contenção de gastos interno e segurar um pouco mais a atividade econômica para conter importações.

Existe apenas uma grande incógnita: o comportamento da economia nos países ricos.

Eles é que podem enviar ou não os dólares que o Brasil precisará para financiar os rombos deste e do próximo ano. Caso contrário, a tendência será de alta do dólar e de mais inflação.

Mas, no exterior, o quadro continua muito, muito ruim.

Editoria de Arte
fernando canzian

Fernando Canzian é repórter especial da Folha e editor do 'TV Folha', exibido aos domingos na TV Cultura (19h30 com reprise às 23h). Foi secretário de Redação, editor de política e do 'Painel' e correspondente da Folha em Nova York e Washington. Vencedor de dois prêmios Esso, é autor do livro 'Desastre Global - Um ano na pior crise desde 1929'.

 

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