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francis pisani

 

27/05/2012 - 09h40

Na Iogurtistan, uma moeda válida online e offline

Cemil Turun é sem dúvida o mais ambicioso dos empreendedores que entrevistei até agora. Quer inventar uma moeda que funcione tão bem online quanto offline. Diante do ceticismo deste jornalista, ele se apressa a acrescentar que sua empresa, a Yogurt Technologies (yogurt.com.tr) foi uma das primeiras seis de seu país a receber investimento dos grupos internacionais de capital para empreendimentos. Portanto, há pessoas que o levam a sério. Vamos falar de seu plano.

A primeira etapa foi criar o Yogurtistan.com, "um mundo em 3D muito diferente do Second Life. Baseado no Adobe Air, opera em todos os navegadores. Nele, é possível acessar a iTunes, ler livros ou assistir programas de TV em tela cheia".

Assim como passamos de loja em loja ao caminhar pela rua, no Yogurtistan "o visitante passa do site da Migros ao site da Quick Silver (duas empresas turcas conhecidas) sem precisar nem clicar". Isso supõe uma "nova Web", capaz de imitar melhor o comportamento das pessoas offline. "Quando assistimos a um filme no cinema ou compramos jeans, criamos dados sobre nossos gostos. Hoje em dia, esses dados não estão conectados de maneira útil às redes sociais".

A etapa seguinte será criar uma moeda que sirva tanto para realizar transações online quanto para "pagar a conta deste restaurante em que estamos jantando", ele me explicou durante um jantar em Istambul. A ideia dele é acrescentar "uma quarta dimensão: nosso envolvimento com o mundo online. Os lucros virtuais auferidos nas últimas horas não permitem comprar um copo de vinho". E é isso que a equipe da Yogurtistan deseja mudar.

"Trabalhamos na criação de uma moeda especial que valha para ambos os mundos", explica Turun. O nome é kayme, uma antiga palavra turca usada quando as cédulas bancárias começaram a ser utilizadas.

Na Turquia, Turun está baseando seu projeto em programas que geram pontos de fidelidade. "Estabelecemos acordos com a maioria dessas empresas, para permitir a conversão de seus pontos de fidelidade à nossa moeda", disse.

E é quanto a isso que o projeto ganha dimensões enormes. "Um dia, quando você voltar a este restaurante, poderá perguntar se eles aceitam créditos do Facebook. A amizade é linda... mas gastar dinheiro é uma parte essencial da vida. Precisamos de uma moeda conversível em ambas as direções", a virtual e a física.

Turun tem entre seus clientes a Coca-Cola e a Turkcell --a maior operadora de telefonia móvel da Turquia. Os comerciantes estão interessados nos dados recolhidos. "Contatarão seus clientes graças aos apps da Yogurtistan. Os usuários (que participarão apenas se desejarem) serão pagos pelas empresas em kayme, e a moeda virtual se sustentará com os orçamentos publicitários já existentes".

Parece insano, mas... apropriado, com o ar da era atual.

Mark Andreessen, criador do Netscape, o primeiro navegador para a Web, e grande investidor no Vale do Silício, está convencido de que o "software está devorando o mundo". E Reid Hoffman, co-fundador do PayPal e do LinkedIn, publicou recentemente um artigo na revista "Forbes" no qual afirma: "Estamos no início de uma imensa onda de inovação no setor de pagamentos". Os programadores não demorarão a acrescentar funcionalidades aos cartões de crédito, para conectar certas operações a aplicativos online.

Turun não é o único interessado em inovar nessa área, mas será que ele conseguirá sucesso? Eis sua resposta, enviada por e-mail: "Uma empresa como o Facebook poderia estar em melhor posição para isso, mas é grande demais para mudar de rumo. E essa é a essência das start-ups. Tudo que temos é a vontade de realizar esse projeto. Se conseguirmos será porque sou suficientemente louco para acreditar que podemos :-)".

Coluna escrita em 09/03/2012

Tradução de PAULO MIGLIACCI

francis pisani

Francis Pisani viaja pelo mundo para descobrir o que está sendo feito de inovação tecnológica ao redor do planeta. Com longa experiência na cobertura da área, ele tenta, por exemplo, descobrir se a próxima Apple poderá aparecer na África, na Ásia ou na América Latina. Acompanhe o projeto em francês, espanhol e inglês.

 

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