Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

francis pisani

 

24/09/2012 - 16h06

Enswers: um Google do vídeo, criado na Coreia do Sul

Basta uma imagem estática para que o Imideo detecte de que vídeo ela provém, o localize na rede e o execute. Como a Shazam, no caso da música, ou o Google, para os textos. Mas as coisas se complicam quando se trata de imagens em movimento - a não ser no caso da Enswers, uma empresa iniciante sul-coreana da qual não tardaremos a ouvir falar, embora nem sempre de modo positivo.

A lista de funcionalidades do serviço é impressionante.

Um plugin instalado no navegador reconhece automaticamente não só a que vídeo uma imagem corresponde mas em que momento do vídeo ela aparece, e permite que o usuário assista de imediato ao momento procurado.

"Não há necessidade, como é o caso no YouTube, de assistir ao vídeo completo", revelou, com um sorriso de satisfação, Jack Kilyoun Kim, fundador e presidente-executivo da Enswers (com um "e" inicial, como em "entretenimento").

Basta registrar com a câmera de um celular dada imagem em um filme ou programa de TV para em seguida acessar o vídeo original. No iPad, o Imideo (ou vídeo imediato) reconhece e baixa jogos, sob as mesmas condições.

E não há restrições, agora que uma boa tecnologia para isso existe, a que um pai fotografe os desenhos de um livro infantil (por exemplo, "Branca de Neve") para ganhar acesso a uma cópia do livro e a um vídeo sobre a história, no YouTube ou qualquer outro site semelhante. Quando o texto é obtido em inglês, vem acompanhado por acesso a um dicionário. "Surpreendente quanto à rapidez e precisão", me explicou David Lonjon, programador recentemente contratado pela companhia.

A maior parte dessas funcionalidades só está disponível por enquanto na Coreia do Sul, mas a equipe da empresa está trabalhando seriamente para ingressar no mercado norte-americano.

Tudo isso é possível graças a um algoritmo desenvolvido por Kim e seu pessoal para capturar a "pegada digital" de todo vídeo. "A ideia básica envolve eliminar duplicidades", explica. "Já que a relação entre conteúdo e título varia consideravelmente, decidimos extrair a pegada característica de cada vídeo. Os mais populares estão espalhados por toda parte na Internet. Nossa tecnologia permite localizá-los independentemente do título que portem, e mesmo que a duração das cópias não seja a mesma".

Mas a moeda tem seu outro lado (os direitos das emissoras de TV e dos detentores de direitos autorais). As grandes redes de TV sul-coreanas não demoraram a compreender que o Enswers lhes permitiria localizar as cópias de seus programas transmitidas sob títulos distintos. O modelo de negócios surgiu de maneira evidente: a KT (antiga Korea Telecom), maior operadora do país, acertou contratos de licença com a Enswers e adquiriu 50% de seu capital.

Um dispositivo da lei sul-coreana facilita um controle flexível. Na Coreia do Sul, onde existem mais de 100 sites de troca de arquivos entre usuários, é possível baixar conteúdo sem pagar. Mas as emissoras detectam usos que considerem ilegal e obrigam os usuários que identificam a pagar quantia de entre US$ 1 e US$ 4; a Enswers fica com 5% do dinheiro assim faturado.
Essa "tecnologia de reconhecimento automático de conteúdo" pode ser instalada pelos fabricantes nos celulares inteligentes, e já está em uso na Coreia do Sul.

Talvez eu esteja imaginando coisas, mas percebi certo mal-estar em meu interlocutor quando conversamos sobre a maneira pela qual essa evolução se traduz em utilidade para a empresa controladora da Enswers. Mas ele insistiu quanto à vontade da companhia em colocar a ferramenta diretamente ao alcance dos consumidores, para que possam buscar vídeos usando serviço de buscas Enswer.me.

A Enswers é um exemplo perfeito de como é absurdo perguntar se a tecnologia da informação é boa ou ruim. Sempre é as duas coisas - a depender de quem as usa e de como seja utilizada. E não se deve considerá-la neutra, como nos ensinou Melvin Kranzberg.

Eu acrescentaria que, ao decidir converter o seu país no mais avançado do planeta quanto à disponibilidade de banda larga, o governo e as empresas da Coreia do Sul lhe propiciaram imensa vantagem. Aqui já está em prática uma cultura da informação e das imagens que continua inimaginável em outros lugares. O que tem seu lado bom e seu lado ruim.

Tradução de Paulo Migliacci

francis pisani

Francis Pisani viaja pelo mundo para descobrir o que está sendo feito de inovação tecnológica ao redor do planeta. Com longa experiência na cobertura da área, ele tenta, por exemplo, descobrir se a próxima Apple poderá aparecer na África, na Ásia ou na América Latina. Acompanhe o projeto em francês, espanhol e inglês.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página