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francis pisani

 

29/12/2012 - 03h30

A Web e a diversidade... do Atlântico Norte

A maior virtude da conferência LeWeb (cuja nona edição aconteceu entre 4 e 6 de dezembro nas cercanias de Paris) é o grande número de países representados pelos participantes. "Cerca de 70" (para 3,5 mil participantes), segundo Géraldine Le Meur, organizadora do evento em companhia de seu marido Loïc (o casal de empresários franceses vive na Califórnia).

Em busca da abertura e da diversidade, que desempenham papel fundamental no processo de inovação, as conferências desempenham uma função de primeira importância. Pudemos testemunhar o fato, por exemplo, na Arabnet.me, que contribuiu para que os empreendedores e inovadores do mundo árabe se encontrem, em diferentes locais da região, a fim de intercambiar experiências. Mas a LeWeb vai mais longe.

As conferências norte-americanas em geral se voltam ao gigantesco mercado interno dos Estados Unidos. E a LeWeb serve de ponte entre os Estados Unidos e a União Europeia, e atrai startups de países próximos, como a Rússia e Israel --cujos empreendedores estão muito ativos.

No plano pessoal, eu preferiria que o evento fosse mais aberto. Os asiáticos, latino-americanos e africanos não respondiam nem por 10% dos presentes, como determinei ao ler o balanço completo do evento preparado por Olivier Ezratty.

Mesmo assim, a LeWeb me parece servir como dupla confirmação de que a inovação acontece no mundo inteiro --até mesmo na Europa, eu me atreveria a dizer--, e as conferências bem organizadas constituem o fermento da inovação, na medida em que propiciam abertura e diversidade.

Mas vamos aos elementos concretos.

A conferência teve por tema este ano a Internet dos objetos: a utilização da Internet para que objetos recebam e enviem informações. É um tema que envolve computadores e telefones mas também sensores, máquinas, roupas, e poderia até incluir lugares como praças ou monumentos. Em 2020, é provável que existam cerca de 50 bilhões de objetos conectados entre eles.

Cada um terá seu endereço IP e a quantidade de dados a gerenciar será insólita, ou no mínimo problemática.

A apresentação mais inteligente, e para mim a mais emocionante, foi a de Rafi Haladijan. Ele trabalha com esse tipo de questão há mais de quatro anos, e uma de suas frases merece lugar na memória, e ser usada como padrão de exigência: "Um bom objeto conectado é aquele do qual podemos nos esquecer".

Mas esse não foi o único tema em debate.

O Facebook, por exemplo, anunciou que será possível utilizar seu serviço de mensagem mesmo que o usuário não tenha uma conta na rede social. A pessoa só terá de fornecer o nome e um número de telefone. Isso não resolve os problemas da companhia no segmento móvel, mas é importante para abrir-lhe as portas da África, América Latina e outras regiões.

Phil Libbin, diretor do Evernote, um aplicativo utilíssimo que armazena todas as anotações e documentos que possamos desejar preservar, juntar e consultar via Web, estava presente para lançar o Evernote Business, que permitirá que os funcionários de uma empresa compartilhem conhecimentos mas preservem o sigilo de suas anotações pessoais.

Entre as demonstrações mais surpreendentes esteve a da Muse, desenvolvida pela Interaxon, uma companhia canadense. É uma espécie de capacete conectado via Bluetooth a um computador ou celular, que registra emoções e --um dia-- permitirá enviar ordens mentais aos aparelhos conectados.

Houve um concurso para startups do qual a segunda colocada me pareceu mais interessante que as demais concorrentes. O segundo lugar ficou com a Be-Bound.com, que permite que os donos de celulares inteligentes gerenciem seus dados por SMS, sem usar a rede 3G, cujo acesso é mais caro. Um filão a explorar.

"Partimos de uma constatação simples: as redes 3G, que permitem conexão com a Internet, só estão disponíveis em 14% do planeta, enquanto os serviços 2G, da geração precedente, cobrem 86% do mercado mundial. Por isso, propomos que os usuários desprovidos de conexão 3G tenham acesso ao serviço via redes 2G", disse Albert Szulman, presidente da Altheia, a companhia que concebeu o serviço.

Em resumo, pessoas que não se interessam apenas pelo Vale do Silício ou pelas grandes capitais do hemisfério norte.

Tradução de Paulo Migliacci

francis pisani

Francis Pisani viaja pelo mundo para descobrir o que está sendo feito de inovação tecnológica ao redor do planeta. Com longa experiência na cobertura da área, ele tenta, por exemplo, descobrir se a próxima Apple poderá aparecer na África, na Ásia ou na América Latina. Acompanhe o projeto em francês, espanhol e inglês.

 

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