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humberto luiz peron

 

23/11/2011 - 12h05

Não conte com a proteção divina

DE SÃO PAULO

Que fanático torcedor nunca se decepcionou ao pedir ajuda a um ser divino e não ver a situação de seu time mudar numa partida --ou em um torneio? Por isso, tenho a plena convicção de que, no futebol, Deus não existe --ou, pelo menos, não se manifesta.

O jogo que me tornou ateu --no futebol-- foi o fatídico Brasil e Itália na Copa do Mundo de 1982. Depois que Paolo Rossi marcou seu terceiro gol, passei os minutos seguintes rezando e pedindo que Ele virasse atacante do time comandado por Telê Santana e mandasse uma bola para o fundo das redes da Itália, empatando a partida.

Mas a defesa de Zoff no último lance, ao deter a cabeçada de Oscar e tirando o Brasil daquele mundial, acabou com minha fé. Foi essa partida que deixou claro para mim que nenhuma entidade suprema interfere num jogo em que o conceito de justiça depende do lado em que se está.

Por exemplo, em 90 minutos um time massacra o adversário, desperdiça inúmeras chances de marcar, mas perde a partida por 1 a 0 fazendo um gol contra. Para o time derrotado, foi uma injustiça. Mas para o vencedor, a vitória aconteceu porque ele soube aproveitar a chance para vencer o jogo.

Com o tempo, fui entendendo por que nenhum ser divino interfere nas partidas de futebol. Não dá para concorrer com os poderes dados aos árbitros. Esses, sim, com toda certeza, têm condições de mudar os resultados dos jogos, pois conseguem validar um gol em que a bola não entrou, ou fazer com que uma queda dentro da área se materialize num pênalti.

Também não existe ser superior que consiga concorrer com os "milagres" que acontecem nos bastidores do futebol. Como absolvições --ou efeitos suspensivos-- estranhas de jogadores para que eles possam atuar em partidas decisivas, ou, em casos extremos, remarcar partidas para alterar o destino de um torneio.

É muito difícil, num meio tão supersticioso como é o futebol, atender a todos os pedidos de milagres que surgem nas mais variadas formas. São milhões de orações, uniformes da sorte, oferendas, despachos, que é impossível deixar todos os torcedores satisfeitos em uma mesma rodada --muito vezes nem um empate resolve.

Por fim, cito uma frase do genial João Saldanha que resume bem porque não adianta pedir ajuda divina no futebol: "Se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminaria empatado."

Até a próxima.

Mais pitacos (quando possível) em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para o mais equilibrado dos Campeonatos Brasileiros disputado em pontos corridos, que chega à sua penúltima rodada com apenas três times --Corinthians, Vasco e Fluminense-- brigando pela taça. O torneio, que poderia ter, em seu último domingo, vários jogos decidindo o título, pode se tornar um dia de simples amistosos para os times mais bem colocados, já que o Corinthians tem chances reais de dar a volta olímpica antecipadamente. Assim, a grande atração da 38ª rodada deve ser a luta dos times para escapar do rebaixamento e por uma vaga na Libertadores de 2012.

ERA PARA SER DESTAQUE
Para Ponte Preta e Náutico, que estão de volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Acesso justo para esses times que, assim como a campeã Portuguesa, estiveram entre os mais bem colocados durante todo o torneio. Agora, a última vaga para a primeira divisão de 2012 está mais próxima ao Sport, que precisa vencer o rebaixado Vila Nova, em Goiânia, para subir.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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