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humberto luiz peron

 

09/04/2013 - 15h35

Ceni: entre fãs enlouquecidos e detratores

Uma das maiores rivalidades que existe em nosso futebol atualmente não é entre torcedores de equipes, mas, sim, entre aqueles que veneram o goleiro Rogério Ceni, que o têm como mito --e esse grupo não está restrito apenas a são-paulinos-- e os que simplesmente o detestam --aqui também temos vários torcedores do tricolor paulista.

Não tenho dúvidas que, hoje, os torcedores que desprezam o arqueiro vibram mais porque Rogério Ceni tomou um gol, e nem se importam que foi o São Paulo que levou o tento.

Como em toda rivalidade futebolística, existe um exagero de ambas as partes, e o que é mais incrível é que as mesmas características servem para atacar e para defender o goleiro.

Aqueles que demonstram paixão exagerada por Rogério Ceni adoram dizer que ele revolucionou a posição ao mostrar que é fundamental que os arqueiros tenham habilidade em jogar com os pés e possam iniciar os lances de ataque com os lançamentos. Já seus detratores gostam de classificar essa característica como "presepadas", ou uma forma do ídolo expor seus companheiros à cobrança da torcida.

Se existem os que sabem a relação completa de todos os mais de cem gols marcados e consideram o arqueiro como o melhor batedor de faltas e pênaltis da história do futebol, os detratores de Ceni não se cansam de afirmar que ele é um goleiro médio que apenas sabe chutar faltas.

Sabemos que, no momento que se analisa um goleiro, não existe meio-termo, ele é o herói da semana ou o único responsável por uma derrota. Mas, no caso de Ceni, isso é extrapolado. Assim como qualquer defesa simples dele é classificada como um milagre, é só ele cometer um deslize para que comecem os ataques ao arqueiro. Com outros goleiros, sempre se procura achar algo que justifique o erro, mas isso não acontece com Ceni. Para muitos, ele já é tachado de frangueiro e ponto-final.

Se para seus defensores o veterano arqueiro é um líder fundamental para o time e tem o direito de cobrar seus colegas, a comissão técnica e precisa ser ouvido pela diretoria do clube, para quem não simpatiza com Rogério Ceni ele é tido como incentivador de boicotes a alguns companheiros de elenco.

Já a confiança que o goleiro sempre demonstra --e que é primordial para quem joga na posição-- é considerada como prepotência. Aqueles que adoram criticar Rogério Ceni o fazem sem nenhum aprofundamento técnico, pelo simples motivo de não simpatizar com o goleiro, e adoram lembrar declarações em que ele não admite ter cometido um erro.

A decantada vontade do goleiro de querer estar em campo em todas as partidas é contestada por aqueles que dizem que o veterano não quer dar chances a seus reservas com medo de perder a posição.

Agora, além de todas as discussões que acompanharam Rogério Ceni durante toda sua extensa carreira, surge mais uma: chegou a hora de o goleiro parar de jogar?

Neste ano, não faltam aqueles que afirmam categoricamente que o veterano arqueiro tomou alguns gols porque está velho. Pelo que observo, acho que o goleiro ainda tem fôlego para jogar. Está certo que o arqueiro perdeu elasticidade com o passar dos anos, mas ele aprendeu com o tempo sob as traves a conhecer todos os atalhos para defender um chute sem precisar ficar saltando em qualquer bola.

Acho que, apesar das sérias contusões que teve recentemente, Rogério Ceni está clinicamente melhor, por exemplo, do que na final do Mundial de Clubes de 2005, quando jogou com o joelho baleado e fechou o gol na decisão contra o Liverpool. Mais do que uma questão física, sinto que o veterano goleiro vai deixar o futebol apenas quando se cansar de ser sempre apontado como o culpado pelos gols sofridos pelo São Paulo.

Não considero Rogério Ceni o melhor da posição que vi jogar, por isso não o chamo de mito. Mas negar o que o goleiro fez em sua carreira ou chamá-lo simplesmente de frangueiro é tão exagerado como dizer que ele foi o melhor goleiro da história do futebol.

Dessa forma, sempre que se falar de Rogério Ceni, é obrigatório esquecer a briga de torcidas que é gerada quando se dá uma opinião sobre o goleiro --aliás, critério que deveria ser usado com qualquer profissional, tanto para o bem quanto para o mal.

Até a próxima!
Mais pitacos em: @humbertoperon

DESTAQUE
Flamengo e Vasco foram eliminados precocemente do Campeonato Carioca. Que o fracasso das equipes no Estadual -- de nível técnico medíocre-- sirva de alerta para as diretorias de ambos os clubes. Mesmo com a precária situação financeira, é preciso que os dirigentes dos dois clubes encontrem soluções para reforçar seus elencos. Pelo cenário atual, a única missão desses dois gigantes do nosso futebol no Campeonato Brasileiro vai ser evitar a queda para a Série B.

ERA PARA SER DESTAQUE
A tática dos times brasileiros de chegar momentos antes das partidas em cidades com grande altitude pode minimizar os efeitos do ar rarefeito para os jogadores de linha, mas para os goleiros é muito ruim. Em cidades como La Paz, a velocidade que a bola ganha após o chute do atacante é totalmente diferente do que os nossos goleiros estão acostumados. Por isso, nessas partidas, por não estarem adaptados, os arqueiros sofrem muito --inclusive tomando gols defensáveis--, principalmente nos chutes de longa distância.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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