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humberto luiz peron

 

27/04/2010 - 18h56

Análises cada vez mais precipitadas

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha

Fico intrigado com o que acontece no futebol no momento. Toda semana é preciso criar um mito, ou um culpado. Um jogador faz dois gols no final de semana e é tratado como o novo Pelé. Cria-se uma expectativa em cima do jogador e, é lógico, no próximo jogo, se ele não fizer gol, já começa uma campanha para destruir o atleta que teve seu ego inflado.

O imediatismo não poupa ninguém. Vou dar o exemplo de Messi. Não faz muito tempo, o camisa 10 do Barcelona era tratado como um quase deus. Não faltavam as comparações com Maradona. Os mais afoitos, empolgados com a atuação de Messi contra o Arsenal, já diziam que quem acompanhou aquela partida era testemunha de um dos momentos mais marcantes da história do futebol.

Pois bem, foi só o argentino não jogar bem uma partida para que os mesmos que o chamavam de gênio passassem a chamá-lo de jogador normal. Aliás, a tal partida a qual me refiro foi contra a Inter de Milão --e não contra um time qualquer--, na casa do rival, valendo uma vaga na final da Copa dos Campeões. É lógico que somente esta atuação já foi o suficiente para chamá-lo de pipoqueiro e dizer que ele não joga bem partidas decisivas.

Na análise de equipes, também acontece a mesma coisa. Na mesma Copa dos Campeões, no jogo entre Manchester United e Bayern, aquele em que o time inglês abriu três gols de vantagem, logo os precoces já começaram a dizer que só o Barcelona poderia parar o time de Alex Fergunson. Só que havia mais 65 minutos de jogo, o time alemão marcou dois gols e eliminou o Manchester United.

No último domingo, com o Santo André em vantagem no intervalo, não faltaram aqueles que diziam que o time do Santos era uma farsa, assim como Neymar e Paulo Henrique Ganso.

Desculpe, mas não é assim que eu entendo futebol. Não gosto desse exagero, principalmente quando é apenas uma arma para criar uma polêmica tola. O engraçado é que aqueles que criticavam o time de Dorival Júnior em nenhum momento perceberam que a equipe do ABC fez uma primeira etapa muito boa.

Além de anular os principais jogadores do Santos, o Santo André adiantou a sua marcação e chegava a pressionar a saída de bola do adversário. Mas, o grande trunfo do time de Sérgio Soares era que o time conseguia manter a posse de bola e ditava o ritmo da partida.

Na etapa final, o Santo André começou muito recuado, dando campo para o Santos jogar e, depois de tomar o primeiro gol, caiu na besteira de jogar na mesma velocidade que os garotos santistas e acabou tomando dois gols em contra-ataques.

É lógico que o resultado sempre vai ser importante no futebol. Mas, não são poucos minutos que dão o direito a alguém de chamar goleiros com anos de carreira de frangueiro, pedir a aposentadoria de jogadores e a demissão de técnico. Por isso, sempre é preciso dar um tempo ou uma sequência para analisar o trabalho de um profissional.

No futebol, tudo muda muito rápido. Quem só olha o que acontece agora tem muitas chances de cometer um erro enorme. Opinião séria precisa ter base, senão pode se transformar numa piada, muitas vezes, sem a mínima graça.

Até a próxima.

Mais pitacos no meu twitter

Para Grêmio e Atlético-MG, que estão muito perto de conquistar os títulos dos Campeonatos Gaúcho e Mineiro, respectivamente. O time de Silas fez uma partida muito boa contra o Internacional, principalmente no segundo tempo, quando criou várias oportunidades de gol e se mostrou muito seguro no sistema defensivo. Já o Atlético-MG conseguiu uma vitória difícil contra o Ipatinga, mas mostrou força para vencer um adversário que eliminou o Cruzeiro, com certa facilidade.

A ida de Muricy Ramalho para o Fluminense. Depois de uma passagem ruim pelo Palmeiras, o técnico chega a um clube que nos últimos anos não teve muita paciência com treinadores. O que pode facilitar o trabalho de Muricy é que ele chega com todo o respaldo do parceiro do clube, o que pode facilitar as contratações que ele deve pedir. Também se espera que o técnico se adapte e se identifique o mais rápido possível com seu novo clube, o que nunca aconteceu realmente na sua passagem pelo Palmeiras.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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