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humberto luiz peron

 

04/05/2010 - 15h40

Respeitar as características

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha

Temos um conceito errado quando falamos que determinada equipe jogou bem. Ter uma boa atuação em uma partida está muito longe de apenas jogar bonito e fazer muito gols.

É lógico que qualquer torcedor ou analista prefere uma equipe que jogue ofensivamente e procure sempre atacar. Mas, em muitas oportunidades --seja por causa da qualidade do elenco ou por um jogo em especial-- é impossível armar uma equipe ofensiva.

Para que uma equipe consiga jogar bem é preciso respeitar as características dos seus jogadores, para tirar o melhor rendimento possível. Se uma equipe tem melhor desempenho jogando no contra-ataque e fechada não tem porque atacar sempre, o desastre vai ser inevitável. O mesmo raciocínio vale para a situação contrária. Um time que joga no ataque dificilmente vai passar apuros tentando jogar apenas se defendendo.

Por tudo isso, não acho nenhum absurdo a Inter de Milão eliminar o Barcelona na Copa dos Campeões. Também não considero a classificação do time italiano uma vitória do futebol retrancado. Não podemos esquecer que o time de Milão tem um elenco comparável à equipe catalã.

Os italianos venceram porque o treinador José Mourinho soube armar seu time melhor. Na primeira partida, seu time foi mais ofensivo e se aproveitou das falhas defensivas do Barcelona. No jogo de volta, ele armou um sistema defensivo muito forte, ainda mais quando seu time ficou com dez jogadores no primeiro tempo. Aí era preciso se trancar e tentar segurar a vantagem de dois gols. O Barcelona é que foi incompetente e não conseguiu furar o sistema defensivo italiano.

Aqui, nas competições sul-americanas, vivemos reclamando da retranca dos times estrangeiros, principalmente os argentinos. É lógico que os times de fora não vão jogar abertos aqui. O que falta é competência dos nossos times em furar a tática dos times platinos em se defender usando as duas linhas de quatro defensores que marcam atrás da linha intermediária.

E se voltarmos na história, os argentinos, se defendendo assim, aprontaram com os mais renomados técnicos do nosso futebol nos últimos anos. Nomes como Telê Santana, Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo não acharam forma de vencer esse sistema defensivo.

Voltando às características dos times, não poderia de deixar de citar o Santos --que, aliás, merece um destaque pela conquista da justa conquista do título paulista. Com seus garotos, é uma equipe de vocação ofensiva; não há como mudar.

Por isso não concordo quando o técnico Dorival Júnior escala o time como nas últimas partidas, tirando o atacante André para reforçar o setor de meio-campo ou usar um especialista na lateral-direita.

Ao desmontar o seu trio ofensivo, Júnior praticamente iguala a sua equipe com um time comum. Assim, o time passa a depender muito mais dos excelentes talentos individuais.

O forte do Santos é sempre jogar na frente com os atacantes pressionando os zagueiros e a equipe adversária como medo de sair para o ataque e deixar o trio atacante livre. Sempre é bom lembrar que mesmo com três atacantes, o Santos não perdia o setor de meio-campo, pois tanto Neymar quanto Robinho conseguem voltar para ajudar na marcação.

Agora, quando o Santos joga sem três na frente perde seu poder ofensivo e, o que é pior, chama a equipe adversária para seu campo e não consegue marcar melhor. As últimas partidas contra Santo André e Atlético-MG ilustram o caso. Mesmo com os adversários fazendo uma grande partida, o Santos não conseguiu mostrar tudo o que pode jogar.

No futebol cada vez mais equilibrado, sai ganhando e joga melhor quem consegue armar um time conseguindo tirar o que cada jogador sabe fazer melhor.

Até a próxima.

Acertada a decisão de dar ao campeão da Copa Sul-Americana uma vaga na Libertadores, vai valorizar o torneio. Só que a resolução deveria gerar uma mudança no critério para as vagas dos clubes brasileiros na Sul-Americana. Do jeito que está os times que ficam em posição intermediária no Brasileiro passam a contar com três oportunidades ---o Brasileiro, Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana-- para ganharem um lugar na principal competição do continente. Já para os clubes que disputam a Libertadores, só vão ter a chance de disputarem a competição na temporada seguinte se vencerem o torneio continental ou ficarem entre os melhores do Brasileiro.

A Fifa anuncia que está preocupada com o ritmo lento das obras nos estádios brasileiros para o Mundial de 2014. Com certeza, já é possível prever que vai ser impossível fazer o torneio com as 12 cidades-técnicas indicadas --esse número deve vai cair para no máximo dez. Também não custa lembrar que uma Copa do Mundo não se resume em construção de campos e o país também está muito atrasado nas obras de infraestrutura como, por exemplo, a melhoria do setor de transportes, principalmente a melhoria dos aeroportos.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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