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humberto luiz peron

 

11/05/2010 - 16h54

O trabalho no lugar do momento

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha

Pronto, já temos os 23 da Copa. A convocação não teve nenhuma surpresa --aliás, nunca devemos esperar nada surpreendente do pragmático Dunga. O treinador apostou nos jogadores que o levaram à conquista de vários títulos nos último anos, e muitos que ele tem o crédito --não sei se positivo- de ter descoberto para a seleção.

Até Grafite sabia que estava com o conceito elevado com o técnico e já ouvia de alguns líderes do time o aviso: "Nos vemos na África do Sul".

Já escrevi aqui que não gosto dessa teoria que alguns defendem (Dunga é um deles) de que atualmente a seleção não é mais a reunião dos melhores do momento e que um time para a Copa é formado durante quatro anos de trabalho. Por isso, o que chama a atenção na convocação do nosso técnico é que ele chamou para o Mundial vários jogadores que passam por um momento muito ruim.

Sei que muitos não vão concordar, mas pelo que estão jogando no momento Doni, Michael Bastos, Gilberto (esses dois por não estarem jogando na lateral-esquerdo), Gilberto Silva, Felipe Melo, Kléberson, Júlio Baptista e Nilmar não mereciam ser convocados para jogar uma Copa do Mundo que vai começar em trinta dias.

É notória a falta de jogadores que possam surpreender o adversário numa fração de segundo. Dos 23 convocados, acho que apenas Robinho e Kaká têm condições de desequilibrar uma partida num lance.

Mas, agora não interessa que o treinador abriu mão de jogadores como Neymar, Paulo Henrique Ganso, Ronaldinho ou o acerto de deixar Adriano fora do Mundial. Cabe agora analisar o que Dunga pode fazer com o elenco que vai levar para a África do Sul.

A convocação final de Dunga revela mais uma vez que o seu exemplo de time continua sendo o que conquistou o Mundial de 1994. Vamos para a Copa jogando com uma equipe de estilo pragmático, que vai apostar nos erros do adversário e que só vai ter momentos de inspiração quando o time adversário ceder espaços para o nosso contra-ataque.

Muitos ficam preocupados com o sistema de criação --eu estou entre eles-- se Kaká, que passa por problemas físicos, não puder jogar. Garanto que Dunga não se preocupa com isso. Se o meia do Real Madrid não jogar, o treinador vai escalar Júlio Baptista no seu lugar e formar uma linha com quatro no meio-campo. Pois, na cabeça do treinador ainda está na lembrança do treinador que a equipe com esta formação fez uma atuação brilhante na final da Copa América de 2007, contra a Argentina.

O chamado de Dunga sinaliza o lateral Daniel Alves como o mais versátil dos convocados. Se para o jogador do Barcelona vai ser difícil jogar na lateral direita, pois Maicon é titular absoluto, ele pode terminar como titular da lateral esquerda --a posição mais carente do nosso time-- ou jogando no meio, pelo lado direito, ganhando a vaga de Elano.

Bom, agora cabe a Dunga, que calou os críticos nos últimos três anos provar que está certo e fazer um bom papel na Copa do Mundo. E que o treinador e sua comissão técnica aprendam de vez que fazer uma crítica é uma coisa bem diferente do que torcer contra.

Até a próxima.

Para a pouca atenção que despertou o início do Campeonato Brasileiro. Mais uma vez, o principal torneio do país, começa esvaziado, com clubes envolvidos em outras competições jogando com vários reservas, times tentando juntar os cacos de eliminações em outros campeonatos e muitas equipes ainda tentando montar seus elencos. Sem dizer os clubes que não tiveram tempo para comemorar títulos estaduais, Para piorar, o torneio vai ter nas suas primeiras rodadas a concorrência dos preparativos da seleção para a Copa. De positivo nesse início frio, o movimentado jogo entre Santos e Botafogo e a goleada do Avaí sobre o Grêmio Prudente.

Vários leitores me perguntaram --principalmente os flamenguistas-- se eu não vou fazer, como em todos os anos, as minhas análises do que cada time vai fazer no Campeonato Brasileiro. Vou deixar esses comentários apenas no recomeço do torneio após a Copa do Mundo, pois atualmente é praticamente impossível saber qual será o elenco das equipes após o Mundial --não são poucos os clubes que anunciam que vão reformular seus times. Aliás, o Campeonato Brasileiro desse ano tem quatro "começos". São eles: a primeira rodada, a volta da Copa, o início do segundo turno e após o final das contratações, em setembro.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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