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humberto luiz peron

 

02/06/2010 - 10h28

A República dos volantes

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todos reclamaram --com razão-- do grande número de volantes na convocação de Dunga para a Copa do Mundo da África do Sul. É só da uma conferida na formação dos times que disputam o Campeonato Brasileiro para observar que é uma tendência no nosso futebol doméstico o uso excessivo de volantes, principalmente aqueles que só marcam e não conseguem dar um passe certo se o companheiro estiver distante mais de um metro. --aqui podemos abrir uma ressalva ao Santos.

A obsessão por volantes marcadores é tamanha que alguns treinadores chegam escalar quatro deles no setor de criação dos times. Aí, com certeza, uma equipe não consegue criar nada. Com tantos brucutus para "pensar" o jogo podemos acompanhar seguinte situações que irritam qualquer torcedor que gosta de futebol.

Preste atenção: um time pega a bola e dá vários toques seguidos na bola, todos com os volantes, mas depois da troca de 10 ou 15 passes --muitos para trás--, a bola volta ao mesmo lugar onde começou a jogada. Ou seja, o time não saiu do lugar.

A coisa piora quando o outro time conta também com quatro volantes. Aí temos um autêntico show de horrores com oito marcadores literalmente brigando pela bola.

Tem outra coisa. A boa vontade dos treinadores com os volantes não os impede em escalar esses jogadores apenas nas suas posições. Virou moda improvisar jogadores de marcação nas laterais ou como zagueiro.

Ou seja, em apenas uma única partida podemos ter nada menos que 10 volantes marcadores em campo --somados com os três zagueiros mais os dois goleiros, são 18 jogadores, dos 22, cuja função é destruir. Aí, caro torcedor é preciso muita paciência para acompanhar os 90 minutos de uma partida.

Estamos tão acostumados com volantes --e cansados deles--, que até aqueles que fazem a função de segundo volante, ou seja, chegam ao ataque com mais constância, passamos a chamar de armadores. Elano, na seleção, Cleiton Xavier, no Palmeiras, e Elias, no Corinthians, são muito mais volantes apoiadores do que meias. Um meia é muito mais que isso. Um armador precisa ditar o ritmo da partida e surpreender o adversário com um passe que abre a defesa adversária.

Nada contra os volantes de marcação. Eles têm uma importância no esquema defensivo das equipes. O que eu condeno é uma equipe entrar com tantos jogadores apenas com a função de marcar. Ou seja, tomar a bola do adversário e entregar para o companheiro mais próximo --quando ele não erra o toque e tem que correr atrás do adversário para tomar a bola.

Até entendo usar um volante para cobrir o avanço dos laterais. Mas aí eu pergunto: Se o adversário anular as jogadas pelos lados do campo, como o time vai conseguir criar oportunidades de fazer um gol?

Diferentemente dos nossos técnicos, acho fundamental que os volantes saibam jogar. Com a marcação excessiva sobra muito espaço para os jogadores mais recuados de meio-campo jogar. Uma boa dupla de volantes pode fazer um time ganhar a partida. Chegando com elemento, batendo de fora da área eles podem desequilibrar.

Nem vou falar da dupla de volantes da Copa de 1982, Falcão e Cerezo, mas a maioria dos grandes times brasileiros nos últimos tempos tinha uma dupla de volantes que sabiam jogar. De cabeça, lembro de César Sampaio e Mazinho, no Palmeiras; Vampeta e Rincón, no Corinthians; Josué e Mineiro, no São Paulo e atualmente temos Arouca e Wesley, no Santos.

Os caciques da 'República dos Volantes' precisam lembrar que têm mais possibilidade de ganhar um jogo de futebol aquele time que tem mais jogadores que podem chegar ao ataque e surpreender o adversário. Jogadores de meio-campo que não passam da linha central não ajudam um time a ganhar perder, mas colaboram --e muito-- para uma derrota.

Até a próxima.

Destaque
Para a contratação de Zico para ser diretor-executivo do futebol do Flamengo. Com a presença do seu maior ídolo, espera que o futebol finalmente tenha organização. O ex-camisa 10 do rubro-negra tem experiência dos bastidores do Flamengo e acumulou bagagem na sua passagem pelo futebol asiático e europeu. Com Zico no comando espera que se acabe de vez a falta de comando que havia no departamento profissional e que o clube volte a investir seriamente nas categorias de base --Zico, mais do que ninguém sabe que os craques do Flamengo sempre foram feitos em casa.

Deveria ser Destaque
O centroavante Roger, que agora está no Guarani, e começa o Campeonato Brasileiro como artilheiro. Estranha a carreira desse jogador que parece ter nascido para fazer gols em times intermediários. O goleador se cansou de marcar tentos com a camisa da Ponte Preta, Sport, Vitória e agora Guarani, mas teve passagens apagadas - -talvez por falta de uma sequência de jogos-- por São Paulo, Palmeiras e Fluminense.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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