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humberto luiz peron

 

08/06/2010 - 15h13

A resposta é: Alemanha-74

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

'Qual foi a sua Copa do Mundo preferida?' Foi a pergunta que o meu filho de sete anos me fez, empolgado com um livro que conta a história dos Mundiais. Demorei um bom tempo para responder, o que fez ele me questionar mais duas ou três vezes.

Enquanto recordava as Copas que vi, pensei em falar a Copa de 1982, mas não poderia eleger como Mundial favorito justo aquele que tivemos uma grande decepção com a derrota do Brasil para a Itália. Também quase falei do Mundial de 1998, a primeira que eu tive o prazer de participar da cobertura, mesmo aqui no Brasil, pela Folha.

Por pouco, não disse 2002, com os seus jogos de madrugada e a primeira que eu comentei cada jogo do Brasil e escrevi um texto com a seleção comemorando o título, quando este espaço ainda estava na sua edição 23 --esta aqui é de número 386.

Mas respondi a pergunta dizendo que a Copa que mais me marcou foi a de1974. Como nasci em 1968, o torneio da Alemanha foi o primeiro que eu realmente acompanhei. Dizem que não é bom usar as recordações da infância para tentar contar um fato. Mas, vendo os jogos e os gols daquela competição, confirmam-se que as minhas lembranças daquele Mundial estão longe de ser apenas fantasia de criança.

A primeira imagem daquele Mundial que me lembro é o meu pai indo me buscar na escola, com uma grande caixa no porta-malas. Era a nossa televisão colorida, da Sharp, comprada especialmente para acompanhar o torneio --o resistente aparelho durou até a Copa de 1990.

Ver as cores da festa de abertura já foi o máximo. Na comemoração, vi Pelé correndo ao lado de um alemão --que depois descobri que era o ex-atacante alemão Uwe Seller-- e tive a certeza de que o Rei iria jogar aquela Copa. A participação dele acabaria com os problemas do time que o cantor Luís Américo descrevia na música, grande sucesso na época, em que o refrão não cansava de repetir: 'Dez é a camisa dele, quem é que vai no lugar dele?'

Mas, logo acabaram com minha ilusão dizendo que Pelé só estava lá pela festa. Segui não entendendo a razão de Pelé jogar as partidas aqui e não jogar na seleção. Nos primeiros jogos do Brasil vibrava com as defesas do Leão, mas não me conformava com o Zagallo de não usar os jogadores do Palmeiras que ele tinha convocado, principalmente o Ademir da Guia, e não escalar o Edu na ponta-esquerda e o Clodoaldo --só depois descobri que o volante do Santos também não estava na Copa. Também como estava em São Paulo, apoiava os mais velhos que detestavam Paulo Cézar Lima e que o queriam fora do time.

Uma das novidades daquele Mundial na transmissão era a repetição dos lances em vai-e-vem. Dessa maneira foi inesquecível ver a cena do Zagallo soltando um palavrão e mexendo os braços em fúria após o gol que classificou o Brasil contra o Zaire na primeira fase.

Também perdi a conta de quantas vezes tentamos repetir a jogada ensaiada do lance que deu a vitória do Brasil contra a Alemanha Oriental. Aquela que o Jairzinho se abaixou na barreira e Rivellino acertou a bola bem nesse espaço e não deu chances ao goleiro. Lembro que depois da vitória contra a Argentina fomos de carro até a Rua Augusta, que tinha um congestionamento monstro, comemorar a vitória do Brasil.

As cores da transmissão revelaram a cor laranja da camisa da Holanda. Já no primeiro jogo, o massacre contra o Uruguai, me encantou. O time, com todos os jogadores partindo para cima de um único jogador adversário; isso eu nunca tinha visto. Sem dizer a numeração esquisita, com o goleiro sendo o número 8 e outros números fora do padrão utilizado na época.

Não tive dúvida e pedi um time de botão da Holanda e tentava repetir no meu campo os movimentos do time saindo para fazer a linha de impedimento. O engraçado que o time todo me chamava atenção, o craque Cruyff só fui saber qual o papel dele naquele time muito tempo depois.

Mas confesso que não torci pelos holandeses na final. Talvez por eles desclassificarem o Brasil. Na decisão, disputada durante a hora do almoço, enquanto saboreava a comida especial de domingo e tomava refrigerante --luxo que só era permitido nos domingos-- me lembro das defesas de Maier garantindo a vitória alemã.

A Copa de 1974 foi a que mais marcou, pois tudo era novo e também surpreendente para quem começava gostar de futebol. Infelizmente faz tempo que nada mais me encanta num Mundial. Mas mesmo assim tenho esperança que o Mundial da África do Sul possa ser referência para muitos jovens torcedores.

Até a próxima.

Mais pitacos em: http://twitter.com/humbertoperon

Destaque
Chegou o momento de a bola rolar na África do Sul. Por isso, acaba a fase de suposições e chutes. Em Copas do Mundo nunca se deve ficar apontando favoritos antes de o torneio começar. Em um Mundial os favoritos vão surgindo durante a competição e são vários os exemplos de equipes que ninguém citava como candidato ao caneco, mas que se fortaleceram durante o campeonato e ficaram com a taça --principalmente se essa seleção tiver tradição em Mundiais. Nem preciso dizer a quantidade de favoritos nas casas de apostas que deram vexame.

Deveria ser Destaque
A excelente campanha do Ceará no início do Campeonato Brasileiro. Com os pontos conquistados nesse início de torneio, o time tem tudo para conseguir seu objetivo: que é conseguir disputar na Série A também em 2011. Para isso, o time apresenta uma defesa forte até agora e não pode se descuidar na parada para o Mundial. É preciso ficar atento para reforçar mais o elenco e não se esquecer que depois da Copa do Mundo teremos um torneio com muitas equipes reforçando muito seus times, principalmente aqueles que estão mais para trás na classificação.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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