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humberto luiz peron

 

22/06/2010 - 15h12

Torcer? Pragmatismo! Segunda rodada

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

'Você torce contra ou a favor da seleção?' Esta pergunta é que mais eu tenho recebido nos últimos dias. Sinceramente, não torço nem a favor e muito menos contra. Por uma simples razão: quando se tenta fazer um trabalho sério e de crítica não há tempo para ser tomado por qualquer instante de paixão --tenho certeza que acontece o mesmo com a maioria dos jornalistas.

Quem quer ser jornalista esportivo tem que aprender que seus dias de torcedor acabaram e vai ter que se acostumar ouvir a seguinte frase: 'nunca vi ninguém sem alma com você acompanhando um jogo'. Pronto. Quanto mais você ouvir frases desse tipo, com certeza, melhor seu trabalho.

Crítico que faz um trabalho sério simplesmente não torce porque não tem tempo para isso. Por exemplo, para analisar uma partida, o trabalho dura muito mais que apenas os 90 minutos.

Antes de a bola rolar, você precisa estudar os dois times, no mínimo saber as características dos jogadores, de preferência ver jogos das equipes envolvidas.

Durante a partida não há espaço para desatenção. Uma mudança tática ou uma substituição muda um jogo e se o analista quiser torcer vai demorar em entender o que aconteceu. Em um gol, não há nem tempo para levantar um braço. A observação do replay é fundamental para se observar como a jogada foi construída, se houve uma irregularidade ou se o goleiro falhou.

São angustiantes os primeiros cinco minutos para observar como as equipes estão dispostas em campo e o resto do jogo. qual será o raciocínio do comentário da partida.

Depois da partida, além de terminar o comentário, tem que ficar atento ao que acontece nos bastidores. Fora ficar preocupado com o tempo de fechamento, ouvir fontes e pauta para o dia seguinte. No final do trabalho não há tempo para comemorar ou lamentar, pois depois dessa maratona o jornalista está esgotado e sabe que no outro dia vai ter outra maratona.

Torcer é um ato impossível para quem quer apenas informar e comentar.

PRAGMATISMO - Esqueça que para se ganhar qualquer competição é preciso jogar feio. Isso não existe. Quem defende essa tese tem um grande recalque por não ter tido talento para jogar futebol.

O que é necessário é armar sua equipe dentro das características dos jogadores que o técnico escolheu. É uma grande falácia que equipes que jogam de maneira ofensiva não sabem defender. O que é preciso é ter equilíbrio.

Sempre vai ser o talento e o espetáculo que vão decidir uma partida --principalmente hoje com os times cada vez mais equilibrados. Uma equipe sem talento vence uma ou outra partida, mas nunca vence um campeonato. Já que estamos falando de Copa do Mundo, qualquer seleção que deu a volta olímpica, mesmo a que jogou de forma mais pragmática, teve jogadores que desequilibravam.

Times que jogam feio e na retranca perdem tanto ou mais do que as equipes que buscam o ataque.

SEGUNDA RODADA - Melhorou muito o nível das partidas na segunda rodada do Mundial. Os gols apareceram, tivemos algumas partidas emocionantes, zebras e até os erros de arbitragem. Ou seja, a segunda rodada já apresentou vários ingredientes que se espera em uma Copa do Mundo.

Até a próxima.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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