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humberto luiz peron

 

25/06/2010 - 13h36

Sem um plano B

HUMBERTO PERON
Colaboração para a FOLHA

Já tinha acontecido muitas vezes nas eliminatórias. Não sabemos jogar contra times fechados e que não dão espaço para os contra-ataques do nosso time. O técnico Dunga, dentro de sua maneira de ver futebol, não armou outro esquema de jogo, durante quase quatro anos de trabalho. Nos não temos alternativa quando precisamos mudar o ritmo da partida --o famoso plano B.

Vamos sempre jogar no 4-4-2; nunca vamos variar de estilo. O jogo contra Portugal foi uma oportunidade para que Dunga mostrasse que enxerga o que acontece em campo, mas não foi isso que aconteceu. O treinador Carlos Queiroz levou a melhor no duelo com o nosso treinador.

No primeiro tempo, Portugal armou um paredão para parar a seleção brasileira. O técnico Carlos Queiroz montou uma linha de quatro zagueiros (R. Costa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Duda) protegida por Pepe, que ficava no centro para evitar as tabelas dos atacantes e meias brasileiros, mais uma linha com um quarteto de jogadores (Dani, Tiago, Meireles e Coentrão) e Cristiano Ronaldo na frente pronto para puxar os contra-ataques e marcando a saída de bola dos zagueiros e volantes brasileiros.

Sem os seus dois melhores jogadores --Robinho e Kaká, a seleção teve sérios problemas para furar o bloqueio luso. O Brasil só tinha jogadas pelo lado direito com a dupla Maicon e Daniel Alves --que jogando pela meia direita arriscou alguns chutes contra o gol de Portugal--, mas isso tinha um preço nas costas desses dois jogadores os portugueses criavam suas melhores jogadas.

O lado esquerdo do nosso time praticamente não existiu. O lateral Michel Bastos estava tímido e Júlio Baptista ficava muito atrás e não ajudava nem a dupla de atacantes e o lateral.

Com Portugal muito recuado, os volantes brasileiros mostraram toda sua deficiência na construção de jogadas. Eles cansaram de distribuir passes curtos e tinham problemas para conter os contra-ataques de Portugal.

Para furar o bloqueio de um time que se postou como Portugal é preciso duas. Primeiro: uma jogada individual que pode desarmar as linhas de defesa. Nilmar criou algumas jogadas. Segundo: fazer inversões de bolas rápidas, para pegar os laterais chegando de frente. Foi assim que o Brasil teve sua melhor chance na partida. Numa jogada que começou na esquerda, passou por Luís Fabiano, na direita, e terminou com a finalização de Nilmar para a defesa de Eduardo - a bola ainda bateu na trave.

No segundo tempo, Portugal foi mais ousado. Com as entradas de Simão, P. Mendes e M. Veloso, o time de Carlos Queiros criou sérios problemas para o nosso time, principalmente porque com Josué o time perdeu muito na marcação na entrada da área. E só não ganhou a partida porque Júlio César acabou fazendo uma grande defesa na finalização de Meireles a queima-roupa.

Com Julio Baptista sumido --só nosso treinador pode achar o esforçado jogador o substituto de Kaká--, a dupla Nilmar e Luís Fabiano não teve chances na etapa final. A entrada de Ramires, muito tarde, deu um pouco mais de movimentação ao nosso time. O ex-jogador do Cruzeiro ainda fez uma bola finalização no final do jogo.

De positivo é que ficamos em primeiro do grupo. Agora vamos para as oitavas com a esperança de podemos jogar com um time que nos ataque --aí teremos mais chance de ganhar a partida e jogar um bom futebol.

Até a próxima.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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