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humberto luiz peron

 

02/07/2010 - 13h44

Para nós acabou. Até 2014

HUMBERTO PERON
Colaboração para a FOLHA

A seleção de Dunga passou três anos e meio se aproveitando dos erros dos adversários. Em várias partidas o nosso time foi dominado e acabou vencendo o jogo graças ao talento dos nossos jogadores, as bolas paradas e os erros dos nossos adversários.

Perdemos da Holanda, por 2 a 1, justamente assim. Tivemos o jogo nas mãos, não decidimos e tomamos dois gols tolos, de bola parada, e perdemos a partida mais importante do trabalho de Dunga como treinador.

O começo de partida da seleção brasileira foi uma aula para as equipes que enfrentam seleções que marcam com duas linhas --uma de quatro zagueiros e cinco na zona central-- como os holandeses.

O Brasil procurava tocar a bola rápido, em triangulações o que abria vários espaços na defesa holandesa. Inteligentes, Kaká e Robinho se colocavam entre as duas linhas e sempre encontravam espaço para jogar e abriam espaço para os jogadores que entravam em diagonal. Antes do gol, Michael Bastos já havia entrado livre, mas ele estava impedido.

Também é importante, quando se joga com um time que joga em linhas é a participação dos volantes. E foi assim que saiu o nosso gol. Felipe Melo recebeu livre e deu um passe perfeito - que entrou na diagonal --e fez o nosso gol.

Depois do gol, o Brasil continuou em cima e conseguia achar espaços na lenta linha defensiva holandesa. Próximos, Kaká e Robinho coordenavam nossas ações ofensivas, com Luís Fabiano fazendo um trabalho importante de tirar os zagueiros holandeses do meio da área. E assim, o time de Dunga ainda criou, pelo menos, mais três grandes chances para aumentar o placar.

No primeiro tempo, o Brasil também marcou muito bem, anulando as principais jogadas dos holandeses. As jogadas de Robben pela direita foram anuladas com uma marcação bem interessante. Michel Bastos dava o primeiro combate, enquanto Felipe Melo já fechava o drible do holandês para o lado esquerdo. Mais atrás, Juan já estava pronto para fazer a cobertura caso o camisa 11 da Holanda conseguisse fazer o drible.

Do outro lado, --o esquerdo do lado holandês-- Kuyt e Sneijder eram anulados de maneira semelhante pelo quarteto formado por Gilberto Silva, Daniel Alves, Maicon e Lúcio na sobra. Por isso, os holandeses não tiveram nenhuma grande chance de gol na etapa inicial.

O Brasil começou o segundo tempo melhor, mas acabou tomando o gol. O cruzamento de Sneijder e a confusão entre Júlio César e Felipe Melo saiu o gol da Holanda.

Aí o jogo mudou. O Brasil ficou perdido após o gol, errando lances fáceis e os holandeses começaram a ter espaço que não tinham no primeiro tempo. O time perdeu toda sua estrutura tática. Por isso, a movimentação dos nossos atacantes caiu mundo. Robinho, por exemplo, ficou parado na ponta esquerda e longe de Kaká, o que facilitava a defesa holandesa.

Perdemos a segurança na defesa e os holandeses acabaram fazendo o gol da vitória numa jogada combinada em que os nossos zagueiros ficaram assistindo ao lance e Sneijder livre marcou o gol que nos eliminou na Copa. Nossas chances terminaram de vez quando Felipe Melo foi expulso aí os holandeses dominaram a partida e tiveram chance de aumentar a vantagem.

Outra vez, quando precisamos do nosso treinador para tentar arrumar o time, ele não apareceu. Suas alterações no jogo não surgiram resultado, até porque, ele foi conservador e trocou jogadores de mesma posição e não mudou a forma da equipe jogar.

DESTAQUE
Comprometimento, grupo fechado, guerreiros e raça são características importantes para se ganhar uma Copa. Mas, mais do que tudo isso é preciso jogar futebol - coisa que não fizemos nas cinco partidas na África do Sul. Fizemos uma Copa ruim e nossa campanha foi decepcionante e perdemos quando enfrentamos um time com um pouco mais de qualidade.

O QUE DEVERIA SER DESTAQUE
Por favor, vamos esquecer de vez essa besteira que para se ganhar é preciso jogar feio. Assim como time de 1982, o time de Dunga não chega às semifinais, mas com certeza no próximo mês vai ser difícil lembrar o time que ele escalou em 2010, enquanto o time da Copa da Espanha todos se lembram até hoje.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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