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humberto luiz peron

 

06/07/2010 - 16h43

O time só em junho de 2014

COLABORAÇÃO PARA FOLHA

Sem saber quem será o novo técnico da seleção brasileira já não concordo com a forma que a CBF e seu presidente querem planejar o nosso time para 2014. Está certo que a idade do nosso time na África do Sul era elevada e que muitos dos jogadores não teriam condições de jogar a Copa aqui no Brasil e que a renovação é necessária.

Aliás, ficou bem claro na entrevista dada pelo cartola que além de jogar grande parte do nosso fracasso nas costas do treinador Dunga e no seu auxiliar Jorginho, Ricardo Teixeira ficou decepcionado com boa parte dos jogadores, não pelo seu desempenho, mas também na parte da relação dos atletas e a exposição de marcas dos patrocinadores. Principalmente quando o cartola afirma que os jogadores viajam de classe executiva e ficam nos melhores hotéis graças ao dinheiro pago pelos parceiros da CBF.

A saída do atual presidente da CBF seria um bom início para o nosso sucesso em 2014, mas como todos nós sabemos isso não vai acontecer. Por isso, o que não se pode fazer agora é montar um time só pensando em jogadores que poderão disputar a Copa do Mundo de 2014. Esse negócio de grupo fechado muito tempo antes da competição acabou não dando certo nos dois últimos Mundiais.

Também não me agrada a ideia de jogar um Mundial com um time com muitos atletas que nunca disputaram uma Copa. Já que nos últimos dias nos lembramos muito da seleção brasileira de 1982, pelas mais diversas razões, é sempre bom dizer que uma das razões da nossa derrota para a Itália foi que muitos dos nossos jogadores titulares nunca tinham disputado uma Copa do Mundo e isso faz diferença. A história de nossos títulos em Mundiais mostra que muitos jogadores que saíram como perdedores em uma Copa se transformaram em heróis quatro anos depois.

O certo agora seria convocar os melhores jogadores, independentemente da idade que eles terão em 2014. É lógico que nessas convocações devem aparecer nomes de revelações. Temo que uma sucessão de derrotas com um time de jovens acabe com uma geração de novos atletas. Ainda é muito cedo para que nomes como Paulo Henrique Ganso, Neymar, Sandro, já no próximo amistoso contra os Estados Unidos, em agosto, entrem em campo com a responsabilidade de jogarem como protagonistas da seleção.

Esse processo de renovação de jogadores tem que ser feito aos poucos, com os jogadores entrando aos poucos sem queimar talentos. É sempre bom lembrar que faz um tempo que não conseguimos revelar um craque. Não é nenhum exagero dizer que na última década só revelamos Kaká e Robinho. Deles, só Kaká conseguiu jogar bem em grandes times da Europa e conquistou títulos importantes. Já Robinho, não vingou no Real Madrid e foi mal no Manchester City. Temos goleiros, zagueiros e volantes jogando em grandes times, mas não temos mais meias e artilheiros brilhando no futebol mundial. Ou seja, paramos de revelar jogadores que fazem a diferença nas partidas.

Sempre bom dizer que aqui no futebol brasileiro nenhum trabalho resiste à falta de resultados. Por mais que se fale que o novo treinador terá todo o tempo para trabalhar, todos nós sabemos que uma sequência de bons resultados vai gerar especulações. Já que a CBF precisa tanto de seus parceiros, não sei se eles irão aprovar que suas marcas estejam associadas a uma equipe que não vai estar entre os primeiros. Sem dizer que as cotas de amistosos vão cair se não estiverem presentes nossos jogadores mais famosos.

Um time para a Copa do Mundo se forma muito perto, ou até durante, o Mundial. Por isso, não adianta tentar definir em agosto de 2010 quais os jogadores que estarão em campo em no próximo Mundial. O mais importante é que se convoquem os 23 melhores em junho de 2014 - o que Dunga não fez em 2010 e, por isso, olhava para o banco e não tinha opções para mudar o estilo do time.

Até a próxima.

DESTAQUE
Pode ser que a Alemanha não conquiste a Copa de 2010, mas foram os alemães que jogaram o futebol mais bonito e eficiente desse Mundial. Um time que conseguiu ter um excelente padrão de jogo juntando o padrão tático com a técnica de seus jogadores. Mérito para o técnico Joachim Low que conseguiu armar um time usando as melhores características dos seus jogadores.

ERA PARA SER DESTAQUE

Não faz muito tempo, uma eliminação precoce da nossa seleção brasileira causava uma grande comoção nacional, o país praticamente ficava de luto. Mas, em 2010, isso não aconteceu. O jogo contra Holanda acabou e as pessoas voltaram as suas rotinas rapidamente. Isso aconteceu pelo fato da nossa torcida nunca ter se identificado - ou ficou empolgado - com o time de Dunga.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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