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humberto luiz peron

 

14/07/2010 - 15h50

Copa 2010: últimas palavras

HUMBERTO PERON
Colaboração para a FOLHA

Quem gosta futebol fica empolgado com uma Copa do Mundo. Mas, vou ser sincero e confesso que fiquei frustrado com o que vi no Mundial. Se fosse dar uma nota para o torneio ela não passaria de 6,5. Tudo bem que tivemos várias partidas emocionantes e decididas nos últimos momentos, mas vimos uma grande quantidade de jogos com um nível técnico abaixo da crítica.

Até a final do torneio foi ruim. A decisão só começou a ter alguma emoção e chances de gols quando os times começaram a exibir desgaste físico.

Falando na final e no campeão sou obrigado a falar da Espanha. O time levantou a taça com justiça, pois não existe vencedor de Copas ao acaso, mas por mais que tento - desde o final da decisão de domingo revi todos os jogos dos Espanha no Mundial - não consigo ver no time espanhol esse esquadrão maravilhoso como alguns colegas teimam em afirmar.

A seleção espanhola é um bom time, com excelentes jogadores de meio-campo, por isso o time consegue manter a posse de bola, trocando muitos passes. Equipe com essas características é muito difícil de enfrentar, pois o adversário sempre precisa correr muito para tentar desarmar e acaba se desgastando muito fisicamente. Por isso, a Espanha fez a maioria dos seus gols no segundo tempo - na decisão marcou no tempo final da prorrogação.

Além de tudo isso, os espanhóis quando perdem a bola eles pressionam os adversários para retomar a bola - e fazem isso muito bem. A eficiência do sistema defensivo da Espanha - não custa nada lembrar que o time tomou apenas dois gols no Mundial e não levou nenhum tento nas partidas eliminatórias, está calcado em todos os jogadores sempre empenhados na marcação.

Mesmo com todas essas qualidades, falta ao time Espanha maior poder ofensivo, para realmente ser classificado como um esquadrão. Não foram poucas as oportunidades que a equipe tinha o domínio do jogo, mas não conseguia criar chances para matar o jogo - muitas vezes por excesso de preciosismo de seus jogadores. Por isso, a equipe marcou apenas oito gols, em sete partidas.

Quem melhor conseguiu jogar contra a Espanha foi o Paraguai. Se Portugal, Alemanha e Holanda ficaram muito atrás e foram engolidos pelo toque de bola espanhol, os paraguaios foram arrojados, marcando a saída de bola o que fez que com que a o time espanhol não conseguisse tocar a bola.

Concordo com a indicação de Forlán com o melhor jogador da Copa. Ele realmente jogou o máximo que pode, conduziu sua equipe até as semifinais e, principalmente, fez o que todo jogador de referência de uma equipe precisa fazer que é chamar a responsabilidade para tirar seu time de uma situação difícil.

Por falar em grandes jogadores muitos decepcionaram na África do Sul, já que vários chegaram ao torneio totalmente longe da forma ideal. Por isso, é bom a Fifa pensar em mudar as data de realização do Mundial. Como está atualmente, com a Copa sendo realizada no final da temporada européia sempre vamos ter os principais jogadores estourados fisicamente.

Os craques precisam estar inteiros para que uma Copa do Mundo tenha brilho, por isso, a Fifa poderia mudar o seu principal torneio para o início da temporada europeia - aí sim teríamos os principais jogadores sem problemas físicos.

O lado positivo do Mundial é que o esquema com três zagueiros está praticamente sepultado. No seu lugar surge o 4-5-1, com dois meias ofensivos pelos lados do campo, que se transforma no 4-3-3 quando o time ataca. Quando bem utilizado, esse esquema tático tormam as equipes mais fortes quando são atacadas e, ao mesmo tempo, faz com que o time ataquecom vários jogadores e tenha sempre a opção de atacar pelas laterais do campo.

O Mundial provou que os volantes que só sabem marcar também estão com seus dias contados. Agora, os volantes precisam ter qualidade para iniciar as jogadas ofensivas dos times.

Por fim, temos que falar de outra coisa horrosa que aconteceu na Copa do Mundo que foi o baixo nível da arbitragem. Na parte disciplinar os árbitros permitiram que os jogadores fizessem muitas faltas desleais - não foram poucos os casos de jogadores deixando o pé para acertar o adversário. Sem dizer os erros técnicos em lances simples de interpretação.

O lance do gol da Inglaterra contra a Alemanha, que o trio de arbitragem mostra claramente que é necessária que se use a tecnologia em alguns lances. É um contra-senso que a televisão consiga mostra cada vez mais os detalhes das jogadas, aponte o erro e isso não seja utilizado.

A Copa de 2010 já virou história, com suas vuvuzelas, a bola Jabulani e o polvo Paul.

Até a próxima.

DESTAQUE
A volta do Campeonato Nacional. É sempre bom lembrar que no retorno do recesso da Copa, ainda não teremos os times montados, pois vários dos jogadores que foram contratados só vão jogar em agosto. Assim, só no início do próximo mês poderemos ter uma noção do que cada time vai fazer no campeonato. Já temos campeonatos no sistema de pontos corridos desde 2003, mas os clubes continuam armando seus times apenas para o final do torneio. Aí as chances de título já podem ter ido embora.

ERA PARA SER DESTAQUE
Engraçado como depois de mais um mês de recesso temos vários jogadores que tiveram todo o tempo para entrar na forma ideal, mas no retorno do Brasileiro não estão em condições de jogar. Tudo bem que existem alguns problemas médicos, mas pelo visto alguns clubes aproveitaram mal o período de recesso. Parece que não foi aproveitado o período para aprimorar os jogadores fisicamente lembrando que até o final da temporada os nossos times vão enfrentar uma maratona de jogos.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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