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humberto luiz peron

 

28/09/2010 - 10h55

Os esforçados

HUMBERTO PERON
Colaboração para a Folha

Todos os times contam com uma classe de jogadores que eu classifico como "os esforçados". Esse tipo de jogador fica um bom tempo no clube --aliás, todo esforçado é muito fiel ao time que joga--, mas é pouco lembrado, nunca tem o seu nome entoado pela torcida e raramente é a primeira opção para entrar na equipe.

Antes que eu possa continuar falando dos esforçados é sempre bom dizer que eles não têm nada a ver com os chamados "carregadores de piano".

Por mais que um "carregador de piano" seja grosso e não consiga dar um passe de mais de três metros, ele é sempre elogiado. Para justificar o trabalho dos carregadores de piano até se criou uma frase que é muito utilizada para justificar sua presença no time: ele não aparece para a torcida, mas é importante para o time.

Aqueles que teimo classificar como os esforçados, geralmente, nunca são ruins tecnicamente e têm bom nível.

O nome que dei a esta classe de jogador surge da vontade que eles se dedicam nos treinamentos. Eles sempre estão entre os primeiros nas filas dos treinos físicos e ficam depois das atividades tentando aperfeiçoar alguns fundamentos.

O esforçado quase sempre é melhor do que o jogador que é titular em sua equipe. Talvez ele não ganhe a posição, porque uma característica do esforçado é ser extremamente obediente e procura seguir à risca tudo que lhe é pedido, mesmo sabendo que a chance de sucesso ser mínima.

Por isso, ele só é lembrado quando o momento é complicado e técnico não consegue ter mais ninguém para jogar - se vocês preferirem ele vai ser sempre a última opção.

Dentro do elenco, o esforçado não se está em nenhum grupo em que se divide um elenco. Ele se julga amigo de todos, mas na verdade ninguém vai o defender quando algo não sair como planejado. Este tipo de jogador também não tem voz ativa nenhuma, nem consegue atrair a atenção dos companheiros.

Mesmo assim, os esforçados são sempre os escolhidos para dar apoio para os jogadores que chegam ao clube - jovens juniores ou contratações. Ensinam todos os atalhos, para aqueles que, fatalmente, vão tirar seu lugar no time.

Quando finalmente joga, o esforçado já entra marcado. Ele sabe que se o time estiver perdendo, mesmo atuando bem, ele vai ser substituído - para o treinador é mais fácil sacar de campo jogadores que não reclamam. Se ficar até o fim, ele será o principal responsável pela derrota - pois não conseguiu substituir o titular.

Fico sempre atento as declarações - raras - dos esforçados. Em comum é que sempre eles sempre usam a expressão "nós" para explicar o sucesso do time e "eu" quando comentam algum problema do time. Ou seja, amplificam o sucesso do grupo e o fracasso pessoal.

Infelizmente, cada vez mais, aplaudimos os espalhafatosos cabeças-de-bagre e desprezamos esforçados, cada vez mais tímidos e retraídos. A razão disso é que atualmente no futebol é mais importante parecer do que ser.

Até a próxima.

Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para Dorival Júnior que teve coragem em assumir o Atlético-MG. O técnico mostrou muita ética ao evitar fazer críticas ao péssimo trabalho de Vanderlei Luxemburgo e declarar que a equipe precisa pensar nos próximos. Dorival está certo, se o Atlético-MG quiser sair dessa posição delicada, o time precisa pensar nos seus próximos 13 jogos, já que não dá para mudar o resultado dos jogos que aconteceram. A ida do treinador para Minas Gerais também acabou com as insinuações de dirigentes santistas - e alguns jornalistas - que o treinador teria forçado sua saída do Santos, após ter recebido uma proposta milionária do São Paulo.

ERA PARA SER DESTAQUE
Nos próximos quatro anos vamos construir e reformar vários estádios. Por isso, a reconstrução do Estádio Independência, em Belo Horizonte, serve de exemplo para quem está disposto a erguer arenas. O campo, cujo término das obras, que começaram em janeiro, estava previsto para o último dia 19, só vai ficar pronto no ano que vem. Atrasos motivados por correções no projeto e dificuldades de construção que não foram previstas no plano de obras. Também é bom dizer que as mudanças trouxeram um acréscimo de 20% nos custos da obra.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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