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humberto luiz peron

 

06/10/2010 - 11h23

Sempre há lugar para os ídolos

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A tumultuada saída de Zico do cargo de diretor-executivo do Flamengo fez com que uma velha discussão voltasse: um grande ídolo de um clube pode assumir cargo importante no time que fez história como atleta?

O fato de a discussão vir à tona é que não são poucos os nomes de craques que fracassaram na função de dirigentes. Além de Zico, nomes consagrados como Júnior e Rivellino também não tiveram sucesso em cargos de direção, enquanto Roberto Dinamite sofre para recolocar o Vasco entre os times mais fortes do país.

É lógico que sempre vão surgir comparações do que o craque fazia em campo, com as resoluções que ele precisa tomar nos gabinetes. Mas, afirmo como toda convicção, que os torcedores - muito mais que os dirigentes dos clubes - conseguem separar muito bem os feitos que foram conseguidos nos gramados com as decisões de comando.

Considero a experiência de se colocar ídolos em cargos importantes nos clubes bem positiva.

O ex-jogador conhece os bastidores do clube e sempre começa o trabalho com apoio. Nos clubes da Europa é muito comum ídolos ocuparem cargos diretivos depois que penduram as chuteiras. Um bom exemplo é o Bayern de Munique que tem nomes como Franz Beckenbauer e Rummenigge no seu corpo diretivo é um dos times mais fortes do Velho Continente.

Zico, ele tem competência dirigir o futebol do Flamengo, pois além do seu currículo de jogador tem a experiência de trabalhar muito tempo no exterior.

Está certo que na sua curta passagem pelo Flamengo ele cometeu alguns erros. Como a contratação de jogadores de qualidade duvidosa e, principalmente, errou em contratar Silas como treinador. Mas, não se pode esquecer que o trabalho dele foi extremamente prejudicado por um clube rachado politicamente e três meses é muito pouco para acertar os desmandos que passava o departamento de futebol do clube.

Na verdade, aqueles que acham que ídolos não podem ter cargo administrativo nos clubes, têm o mesmo pensamento retrógado dos dirigentes de clubes. Por exemplo: Mustafá Contoursi, que no período que comandou o Palmeiras, evitava contratar ex-jogadores para trabalharem na equipe.

GESTÃO PROFISSIONAL

O caso Zico também me faz lembrar que a função de um executivo para cuidar do futebol de um clube ainda é uma utopia aqui no Brasil. Todo dirigente de clube prega isso como solução, mas ninguém parece disposto que a ideia funcione.

Talvez o único caso de sucesso de dirigente profissional foi o de José Carlos Brunoro no início da parceria entre o Palmeiras e Parmalat - e olha que já se vão quase 20 anos do início dessa experiência. Mas, mesmo com sucesso do time em campo e todo apoio - inclusive o financeiro que a empresa dava ao clube - Brunoro teve muitas dificuldades, brigas com os tradicionais dirigentes do clube e saiu do cargo.

O problema é que os velhos dirigentes não querem deixar de mandar no clube. Não faltam casos de presidentes que passam por cima de dirigentes do departamento de futebol para mostrarem quem manda no clube. Com certeza, quem quer fazer um trabalho sério e profissional nunca vai aceitar tamanha interferência.

Pela vaidade dos nossos, cada vez mais velhos, dirigentes nunca será dada carta branca para qualquer gestor profissional, porque não há nenhum cartola que goste de dividir vitórias.

Até a próxima.

Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE

A transferência do técnico Paulo Cesar Carpegiani do Atlético-PR para o São Paulo. Não concordo com a forma como o treinador deixou o time paranaense, da mesma maneira que criticaria o clube se o mandasse embora após duas derrotas consecutivas. Para evitar casos como este e a ciranda infinita de troca de técnicos, acho que deveria haver um dispositivo que proibisse que um técnico que dirigisse um time por sete rodadas na Série A - como acontece como os jogadores - pudesse comandar outra equipe no torneio. Assim, todos, clubes e profissionais, pensariam muito antes de trocar de profissional, ou abandonar um clube.

ERA PARA SER DESTAQUE

Depois de o Fluminense perder muitos pontos devido aos desfalques de jogadores importantes, parece que chegou o momento do Corinthians passar por essa turbulência. Sem alguns dos seus jogadores importantes, o time paulista perdeu pontos importantes no Pacaembu ao empatar com Botafogo e Ceará. Para vencer um campeonato de pontos corridos é bons reservas e, principalmente fazer que a fase de maus resultados dure o mínimo possível.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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