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humberto luiz peron

 

26/10/2010 - 13h23

Erros corriqueiros

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É lógico que se nenhum time não cometer nenhum erro, seja uma falha individual ou coletiva, uma partida de futebol dificilmente teria um gol. Por isso, um dos segredos para se vencer o jogo é evitar que uma equipe cometa erros.

A falha individual é difícil de evitar, pois nunca se sabe quando um jogador vai errar uma jogada --isso pode acontecer no passe mais simples--, mas é missão do treinador arrumar a equipe, principalmente de posicionamento, para que ele não repita infinitamente as mesmas falhas.

No nosso futebol canso de ver os mesmos erros que custam derrotas e que os técnicos não se preocupam em arrumar. Algumas falhas são tão corriqueiras que passamos a tratá-los como lances normais de jogo.

Um dos grandes problemas das nossas equipes hoje é o posicionamento dos jogadores de defesa. O setor defensivo fica muito recuado, quase marcando o goleiro, e acabam deixando um espaço muito grande entre os zagueiros e o meio campo. Ou seja, sobra uma grande faixa para os jogadores de armação dos adversários jogarem com facilidade.

Essa mania da defesa jogar muito recuada acontece também nas cobranças de faltas laterais --infrações, que muitas vezes são cometidas precipitadamente por zagueiros, que adoram derrubar os adversários quando eles estão de costas para o gol.

Com os defensores dentro da grande área, é facilitada a presença de atacantes muito perto do gol e qualquer desvio se torna um lance perigoso para o goleiro. Não entendo porque os zagueiros não forçam, com seu posicionamento, que os atacantes fiquem o mais longe possível da meta.

Aliás, a colocação dos times nas jogadas de bolas paradas é um desastre completo. Por muito tempo se disse que o jogador brasileiro olhava a bola e esquecia o adversário, atualmente acontece exatamente o contrário. Os defensores marcam o atacante --ou melhor, agarram e empurram-- e esquecem a trajetória da bola.

Resultado: sempre surge um atacante que se antecipa a defesa e toca na bola. Já que o defensor sempre salta atrasado, porque ele só sai do chão, quando o atacante está no ar, porque ele não acompanhou a trajetória do cruzamento.

Outro problema grave de posicionamento é quantidade de gols que os times tomam, em contra-ataques, depois de cobrarem um escanteio ou falta. Não existe um técnico que treine sua equipe para evitar isso. As equipes colocam apenas um jogador, geralmente um volante ou jogador de baixa estatura para brigar pelo rebote.

Se a bola não for rebatida para o meio, um atleta é muito pouco para cobrir toda a intermediária e, por isso, o time que estava defendendo ganha a posse de bola e sai em um rápido contra-ataque. Com a distância quilométrica entre o solitário que briga pelo o rebote e os defensores --mais uma vez muito recuados-- o contra-ataque é mortal.

Outra coisa que me deixa maluco é que os técnicos ainda não perceberam que um punhado de zagueiros em campo não significa que o time conta com uma barreira intransponível. Se esses jogadores não estão bem distribuídos, não adianta nada. Quatro ou cinco jogadores em linha equivalem a apenas um defensor, pois ao se driblar um, passa por toda defesa.

É comum no Brasil um time tomar um gol com cinco ou seis jogadores entre o goleiro e o atacante que finalizou.

Dizem que é mais fácil defender do que atacar, mas no futebol brasileiro o desempenho das defesas depende muito mais do acaso, do que do trabalho dos treinadores. Nos nossos treinadores ficam muito mais preocupados em não perder o emprego, falar de arbitragem e fazer preleções motivadoras do que corrigir os erros defensivos das suas equipes.

Até a próxima.

Mais pitacos em www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Como no ano passado, os líderes do Campeonato Brasileiro estão mostrando uma irregularidade muito grande e perdendo muitos pontos. O Corinthians ficou muito tempo sem vitórias, o Fluminense não empolga e segue empatando e o Cruzeiro negou fogo e perdeu duas partidas seguidas. A sorte deles é que não apareceu uma equipe do bloco intermediário atropelando --apesar da grande campanha do Grêmio no returno - para aproveitar os tropeços dos líderes, como aconteceu com o Flamengo no ano passado.

ERA PARA SER DESTAQUE
Os lanternas --Grêmio Prudente, da Série A, e América-RN, da Série B-- venceram fora de casa na última rodada do Campeonato Brasileiro. Resultados como esses vão acontecer com muita frequência nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro. Historicamente, é assim, pois os times que tentam escapar da degola lutam desesperadamente por pontos e ainda contam com a falta de concentração dos adversários que sempre pensam que os jogos contra os últimos colocados são os mais fáceis. O melhor na reta final do torneio é enfrentar times que estão no meio da tabela e que não aspiram mais nada.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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