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humberto luiz peron

 

10/11/2010 - 09h20

Não vamos desvalorizar o campeão

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com apenas quatro rodadas para o término do Campeonato Brasileiro, agora seria o momento de se comentar --e muito-- a emocionante reta de chegada do torneio, com os três times mais bem colocados separados por apenas um ponto.

Deveríamos gastar a semana inteira falando sobre o clássico entre Corinthians e Cruzeiro, cuja vitória pode significar o título, ou do Fluminense que vai somando pontos e pode levar Muricy Ramalho a ganhar seu quarto título nacional em cinco campeonatos.

Ainda haveria espaço para se comentar o bom campeonato que estamos assistindo, para falar da disputa das vagas pela Libertadores, Sul-Americana e a luta contra o rebaixamento. Também poderia se falar mais da Série B (confira no "Destaque" logo abaixo).

Mas preferimos gastar longos comentários sobre a possibilidade de alguns times entregarem suas partidas para atrapalhar a possível conquista de um adversário.

Não seria ingênuo em dizer que alguns times podem deixar algumas coisas mais fáceis --entregar é um termo muito pesado para ser usado no futebol profissional-- para um determinado adversário. Como, por um exemplo, é lógico que um time que luta pelo título tem muito mais condições de vencer, mesmo fora de casa, uma equipe do mesmo nível que nada aspira no torneio.

Assim como não se pode exigir que uma equipe que possa brigar por um título de outro campeonato, escale seus principais jogadores em um jogo que nada interessa o clube.

Apesar de tudo isso, que descrevi nos últimos três parágrafos, não é uma garantia que o time com total interesse na partida consiga bater um time sem aspirações.

A história mostra vários casos.

No Brasileiro de 1992, o campeão Flamengo só chegou à decisão contra o Botafogo porque o Vasco --mesmo com sua torcida pressionando --não facilitou para o São Paulo. Poderia citar o Palmeiras, que no Paulista de 1988, já desclassificado, derrotou o São Paulo e classificou o Corinthians para a final. Mesmo São Paulo que, em 2004, evitou a queda do Corinthians para a Série B do Campeonato Paulista ao vencer o Juventus. Em 2007, o Atlético-MG veio ao Palestra Itália, venceu o Palmeiras e ofereceu a vaga na Libertadores para o Cruzeiro.

OK. Já sei que você se lembrou de inúmeros jogos estranhos, como as vitórias do Flamengo contra o Corinthians e o Grêmio na final do Brasileiro do ano passado.

Mas, se você raciocinar um pouco vai ver que mesmo com esses resultados do Flamengo, o campeão de 2009 poderia ter sido outro.

Se, por exemplo, o São Paulo tivesse vencido o Goiás, no mesmo dia de Corinthians e Flamengo, teria sido campeão brasileiro. O Internacional, que reclama do time misto do Grêmio no último jogo, perdeu alguns pontos importantes por escalar jogadores reservas enquanto disputava a Copa do Brasil.

Agora vejo torcidas fazendo campanhas para seus times perderem jogos. Acho isso uma bobagem sem tamanho. O torcedor não quer nunca que seu time sofra uma derrota.
O estranho é que os mesmos que exigem a derrota agora são os mesmos que adoram cobrar os jogadores de seus times quando os resultados não aparecem.

Veja o caso dos clubes paulistas, cujas torcidas pedem que os seus times atrapalhem o Corinthians na reta final do torneio. O que essas torcidas não percebem que Palmeiras, São Paulo e Santos já ajudaram demais o Corinthians no torneio.

No confronto contra os seus rivais de Estado, o time do Parque São Jorge ganhou 16 pontos dos 18 possíveis. Enquanto o Cruzeiro vai fazer, no máximo, oito pontos contra os rivais paulistas do Corinthians. Já o Fluminense vai conseguir 11 pontos, no máximo. Num campeonato disputado ponto a ponto, essas diferenças fazem diferença.

Em campeonatos de pontos corridos, por mais que se queira, na dá para tirar o mérito do campeão. Numa maratona de 38 jogos o melhor vence e, com competência, passa por qualquer possível armação.

Pelo que foi o torneio esse ano, quem levantar a taça vai merecer todos os elogios.

Até a próxima.

Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para o Coritiba, que com três rodadas de antecipação assegurou sua volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Um prêmio para o clube, que após a queda traumática do ano passado, manteve o técnico Ney Franco e alguns jogadores para armar um time que venceu o Campeonato Paranaense e agora obteve o acesso. Ainda na Série B, Figueirense e Bahia estão bem perto do acesso e a briga pela quarta vaga promete ser emocionante entre três times: América-MG, Portuguesa e Sport.

ERA PARA SER DESTAQUE
O excelente campeonato que faz Jonas, do Grêmio, artilheiro, com grande folga, do Campeonato Brasileiro. Além de fazer muitos gols, o centroavante está atuando muito bem, conseguindo escapar fácil da marcação dos adversários e com muitas deslocações abre espaços para os companheiros.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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