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humberto luiz peron

 

22/12/2010 - 14h38

O prestígio é só da seleção

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na última semana tive a oportunidade de acompanhar o Mundial de Clubes que foi disputado em Abu Dhabi. A primeira impressão que fica é que, disparado, são os brasileiros que mais se interessam pelo torneio.

O número de jornalistas e torcedores --em qualquer lugar que você andava nos Emirados Árabes você encontrava com fanáticos colorados uniformizados e em torno dos estádios parecia que você estava no Beira-Rio-- brasileiros presentes era muito superior a qualquer outro participante.

Mas, num evento desse porte é muito fácil perceber que o prestígio do nosso futebol está restrito à seleção brasileira e aos nossos jogadores. Em qualquer lugar do mundo, por exemplo, assistir um jogo do Campeonato Brasileiro ainda é uma dificuldade.

Dificilmente você vê um estrangeiro vestindo a camisa de um clube brasileiro. Na final do Mundial de Clubes, você via muitos japoneses, árabes, coreanos, indianos com as camisas do Inter de Milão e torcendo --e gritando-- pelo time italiano.

Os nossos clubes não têm oportunidade de obter mercado no estrangeiro --principalmente Europa e nos emergentes mercados asiáticos--, por culpa de um calendário que não os deixa conquistar espaço além de nossas fronteiras são praticamente desconhecidos do grande público mundial.

No atual formato, fica impossível um clube fazer uma excursão ou pré-temporada fora do país. Também, por isso, é obrigatório que o nosso futebol adote o calendário que é usado na Europa.

Os nossos clubes estão conseguindo cada vez mais arrecadar dinheiro em ações aqui no mercado interno, mas poderiam faturar muito mais mercado ganhando fronteiras. Por que será que os clubes europeus fazem sua preparação em países como Japão, Emirados Árabes e agora China?

No exterior quando se fala de futebol brasileiro é só seleção brasileira. Por exemplo, em qualquer evento esportivo, você vê um torcedor com a camisa amarela da seleção e pronunciando nomes como Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e tantos outros jogadores que atuam em clubes europeus.

A grande questão é que a CBF --a quem só o selecionado o interessa-- faça tudo aquilo que os clubes nacionais deveriam fazer. Ele coloca o Brasil para jogar em lugares onde o mercado do futebol está em expansão, ou que existe muito dinheiro, transforma qualquer amistoso em um grande evento e faz parcerias milionárias para divulgar cada vez a marca da seleção.

Também usa muito bem a imagem dos nossos ídolos, que foram formados em clubes nacionais, mas que são vendidos porque a entidade que deveria administrar o nosso futebol não tem nenhum interesse que os clubes se desenvolvam ou tenham brilho no exterior.

Você que chegou até aqui deve estar pensando: é muito fácil conquistar torcedores tendo craques no elenco como Rooney, Cristiano Ronaldo, Messi, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Júlio César, Maicon. Sim, a facilidade é maior.

Mas muitos desses jogadores que atraem torcedores em todos os cantos são brasileiros e, quem sabe, com os nossos clubes tendo mercado no exterior, faturando mais, muitos deles não precisariam sair do país.

Cabe aos clubes agora inverter uma equação que aos poucos está acabando com o nosso futebol. É impossível ter uma seleção que seja uma potência, sem clubes fortes e com bons jogadores.

É muito fácil perceber que enquanto a CBF prioriza a nossa seleção, a quantidade de grandes jogadores revelados no Brasil diminuiu a cada ano - isso é fácil de perceber observando a lista dos melhores do ano. Assim, em curto espaço de tempo a nossa seleção não vai ser atração também.

Temos um futebol que é ainda é um dos melhores do mundo, mas não temos nenhuma ação para tirar os nossos clubes do isolamento que eles se encontram. Uma pena que já perdemos muito tempo e espaço para ir atrás de novos mercados e tornar nossos clubes - com uma história tão rica -- conhecidos em todo planeta.

Até a próxima.

Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Até nas férias os problemas não param no Palmeiras. Jogadores e investidores atacam a diretoria e comissão técnica e vice-versa. Todos criticam, mas é difícil achar alguém com razão no momento. Observando tudo que acontece no período de recesso é muito fácil de perceber o caos que se instalou no Palestra Itália em 2010. Da maneira que se encontra a administração do clube no momento, com as eleições em janeiro, parece que 2011 também não vai ser um ano que o Palmeiras vai voltar a ser uma potência do nosso futebol.

ERA PARA SER DESTAQUE
O Atlético-MG que saiu na frente nos outros clubes e já fez várias contratações. Agora, se espera que em 2011, o time consiga montar uma equipe competitiva, o que não conseguiu fazer nesta temporada, quando, principalmente no Campeonato Brasileiro, o time brigou para não cair. È sempre bom dizer, que nos últimos anos, o técnico Dorival Jr. acertou na montagem dos elencos - a grande torcida do Atlético-MG espera que este ano ele seja feliz novamente.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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