Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

humberto luiz peron

 

26/01/2011 - 11h33

O caminho mais curto para o gol

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É básico: chegar à linha de fundo e fazer o cruzamento rasteiro para o meio da área é um lance que invariavelmente termina em gol, ou no mínimo em desespero para os zagueiros. A jogada é mortal porque pega o atacante de frente, pronto para finalizar, e os zagueiros em posição delicada, pois qualquer toque errado na bola pode se transformar em um gol contra.

Aqui sempre vale uma explicação. Jogada de linha de fundo é aquela que o atacante invade a área e dá um passe para o companheiro e não aqueles cruzamentos altos, quase lotéricos - em muitos casos o jogador que teoricamente faz o cruzamento está simplesmente se livrando da bola --, que alguns realizam quando se aproximam da linha de fundo.

É bom explicar a razão para que as jogadas de linha de fundo sumissem do nosso futebol. Por muito tempo, quem era responsável por esse tipo de lance eram os pontas. Basicamente, com habilidade ou velocidade, os extremas batiam o lateral adversário e chegavam ao fundo do campo para fazer o cruzamento.

Como, aos poucos, os pontas foram sumindo, as jogadas pelos lados do campo ficaram com os laterais. Com força física, mas sem habilidade para passar pelo lateral adversário - e também sem ajuda dos companheiros para fazer uma tabela - ficaram cada vez mais raras as chegada dos laterais a linha de fundo para fazer um passe rasteiro e perfeito. Os alas chegavam à linha de fundo, mas perto da lateral do campo - perto da bandeira de escanteio - e davam um bico em direção da grande área.

É muito bom observar que nos últimos anos os times voltaram a usar as jogadas pelas laterais do campo com maior freqüência, inclusive escalando jogadores atuando bem abertos, quase como pontas.

Não custa nada lembrar, que pelos lados do gramado, o congestionamento de jogadores é bem menor, com um pouco de inteligência de técnicos e jogadores - para chegar à linha de fundo atualmente não preciso nenhum craque que tenha um repertório vasto de dribles - é viável criar várias situações de perigo.

Como os times atualmente se defendem com muitos volantes, se o time que está atacando, conseguir formar um triângulo com um meio-campista - que saiba sair para o jogo --, o lateral e um atacante que jogue bem aberto, vai conseguir sempre - repito sempre - vantagem para passar pela marcação do lateral adversário, pois não há tempo hábil para o volante sair do meio para chegar para a marcação.

Com um pouco de coordenação - e repetição em treinos - um desses três jogadores de ataque - lateral, meia e atacante -- citados consegue chegar à linha de fundo com facilidade. Assim, como um dos zagueiros, vai sair desesperado para fazer a cobertura do jogador que está indo em direção ao fundo campo, sobra mais espaço para os atacantes se colocarem para receber a bola. Aí é só caprichar no passe e as chances de acontecer o gol são enormes.

Outra maneira --vamos dizer "fácil"-- de se chegar à linha de fundo são com as viradas de jogo. Pode perceber - e nem é preciso estar no estádio para comprovar - os jogadores de defesa tendem acompanhar a bola e todo o time que está defendendo se desloca para o lado onde está a pelota. Por isso, nas costas do lateral que está no lado oposto da jogada sempre existe um corredor para o avanço de um atacante. Com a inversão de jogada, vai pegar um jogador atacante livre, de frente, para receber a bola e chegar ao fundo do campo.

É lógico que as jogadas acima nem sempre vão dar certo, pois há um time adversário e sempre há a possibilidade de um erro de passe. Sem dizer que existe a classe de jogadores que têm a possibilidade de chegar ao fundo e preferem finalizar sem ângulo ou tentar mais um drible para o meio da área. Mas, se um time conseguir dois ou três lances de linha de fundo num jogo tem tudo para conseguir uma vitória.

Que as jogadas de linha de fundo voltem a ser rotina no nosso futebol, pois não é possível que no nosso futebol só aconteçam gols em jogadas de bola parada.

Os atacantes também agradecem. Pois com as jogadas de fundo eles têm mais chances de finalizar numa partida e muitos dos nossos maiores artilheiros se tornaram goleadores por saberem se colocar para receber os passes que vieram da linha de fundo.

Até a próxima.

Mais pitacos em: http://twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE

Podemos discutir alguns nomes da convocação de Mano Menezes para o amistoso da seleção contra a França. Mas o que chama a atenção é como não temos mais craques. Parece que a fonte secou e não conseguimos fabricar grandes jogadores que desequilibram partidas - temos a promessa Neymar e mais nada. Muitos dos nossos talentos vão para o exterior cedo e se transformam em jogadores comuns. Veja o exemplo de Anderson. Quando ele surgiu no Grêmio era um meia ofensivo, que abusava das jogadas individuais e chegava sempre no ataque. Depois que ele foi para a Europa se transformou num volante burocrático e raramente tenta drible. No estágio atual do nosso futebol estamos recheados de jogadores médios e por isso, temos tudo para formar uma seleção medíocre.

ERA PARA SER DESTAQUE

Para o Santos, que mesmo sem vários dos seus titulares começou muito bem o Campeonato Paulista, jogando ofensivamente e fazendo muitos gols. Pode se argumentar que os adversários são fracos, mas outros clubes, além de não mostrarem um futebol tão bom quanto os santistas estão tendo dificuldades para vencer. Ainda estamos no começo de temporada, mas o Santos, quando estiver completo, assim como no ano passado, vai entrar como favorito nos campeonatos que disputar, inclusive a Copa Libertadores.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página