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humberto luiz peron

 

09/02/2011 - 14h45

Depois das piadas, a realidade

HUMBERTO PERON
Colaboração para a FOLHA

A torcida do Grêmio criou uma infinidade de piadas após a derrota do Internacional, no Mundial de Clubes, para o Mazembe (Congo). Nos últimos dias surgiram uma série de brincadeiras com a desclassificação do Corinthians, na fase inicial da Copa Libertadores, após a derrota para o Tolima (Colômbia).

Tirar sarro do rival de maneira inteligente é comum no futebol. Mas, as derrotas, que devem ser classificadas como grandes fracassos, mostram como é sofrível a condição técnica dos nossos clubes.

A situação é realmente grave. Já que não podemos esquecer que Internacional e Corinthians são considerados times que têm os melhores elencos do país.

Aliás, não custa lembrar que a diferença técnica entre os clubes que lideraram o Campeonato Brasileiro nos últimos anos e os rebaixados sempre foi muito pequena. E não são raros os times que perderam a competição por se cansarem de perder pontos para times que foram rebaixados.

Os apressados - - e porque não os pachecos que insistem em exaltar a qualidade do nosso futebol - vão dizer que essas derrotas são obras do acaso e foram simples zebras.

Mas, mesmo sem consultar o Google, é fácil lembrar que as derrotas e vexames dos nossos clubes são frequentes nos últimos anos.

Vai ser dito também que o São Paulo foi campeão do Mundo em 2005 e no ano seguinte, o Internacional repetiu o feito. Mas, nas duas vitórias, ambas as equipes conquistaram a taça, jogando de maneira defensiva, na retranca e, em nenhum momento, encararam em igualdade Liverpool e Barcelona, respectivamente.

Nos últimos anos, só o Internacional conseguiu títulos intercontinentais e até o time que teve a hegemonia do nosso futebol e foi tricampeão brasileiro, o São Paulo não conseguiu vencer, por exemplo, a Copa Libertadores. A lista de fracassos tem também Palmeiras, Santos - com o time de Diego e Robinho --, Grêmio, Cruzeiro e Fluminense, com todos esses times perdendo títulos internacionais em casa.

A fragilidade de nossos times é tão latente que qualquer time estrangeiro, que vem jogar no Brasil, gera grandes problemas às nossas equipes quando jogam com as famosas duas linhas defensivas com quatro jogadores.

Não tem jeito, não há um treinador brasileiro - até pela ruindade, que tentamos esconder, dos nossos times - que consiga achar a fórmula de furar este bloqueio.

Acho que a fragilidade dos nossos clubes, mais do que a falta de dinheiro - não podemos esquecer que os times brasileiros estão entre o que mais faturam em patrocínio no planeta -, está no fato dos dirigentes, com a "colaboração" dos treinadores, que não sabem com montar um elenco.

Se você reparar bem, o processo de formação dos nossos times se resume em apenas dois modelos.

O primeiro é contratar grandes astros - isso inclui gastar verdadeiras fortunas com comissão técnica --, sem nenhum critério técnico, mais pensando nas receitas de marketing do que no aspecto técnico.

Neste método é gasto muito dinheiro em contratações sem critério e, mesmo com vários "craques" não se consegue montar um time forte, pois sobram várias posições com jogadores ruins e fracos. Aí, nas derrotas, sempre vamos dizer que faltou alguma peça no time para que ele tivesse sucesso.

A outra, com qual eu abomino, e o terrível "bom, bonito e barato". Aqui, os clubes contam com a "ajuda" de empresários, que tentam colocar seus atletas -- refugos e que não fazer um time bom e que jogue bonito -- em times grandes, para montar um elenco inchado - que não é nada barato.

Dois ou três bons resultados já são suficientes para se dizer que essa é a melhor maneira de se montar um time. Mas, no final da temporada, a fórmula leva o clube ao desastre.

Perdemos vários dos nossos principais jogadores - até os de segunda e terceira linha - para o exterior - mas, mesmo assim, é possível, com um pouco de inteligência e conhecimento, que os nossos clubes se tornem mais fortes e parem de passar por grandes vexames.

Até a próxima.
Mais pitacos em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Já passou da hora de se acabar com o clima de guerra que se instala em qualquer jogo entre Brasil e Argentina, que só nos prejudica. Afirmo que o time de Ney Franco só perdeu a partida para a fraquíssima seleção argentina, no Sul-Americano sub-21, porque quis mostrar que era um time de machos e que não afinaria para os violentos e catimbeiros argentinos -- outra imagem ridícula que fomentamos.

ERA PARA SER DESTAQUE
O eterno Paulo Baier, que não se cansa de marcar gols e ser a referência do Atlético-PR, com fez na partida contra o Paraná. Engraçada a carreira dele, só apareceu com destaque quando deixou de ser um regular lateral-direito para se aventurar, primeiro como ala e depois jogando como meia.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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