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humberto luiz peron

 

23/02/2011 - 13h24

Clubes e jogadores

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro para os próximos anos é um excelente momento para que os clubes recuperem o papel de comandar o futebol brasileiro. Só tendo o controle e administrando os rumos do nosso futebol os times terão a chance de sair da situação de penúria -- quase falência -- que vivem no momento.

Os times precisam entender que eles são protagonistas do espetáculo e não coadjuvantes de várias pessoas e entidades que ganham cada vez mais dinheiro com o futebol.

Não é possível que, por exemplo, confederações e federações tenham cada vez mais lucros e tornem os seus filiados credores e, por isso, reféns dos grupos que mandam nessas entidades. Com clubes mandando no nosso futebol as federações perdem totalmente a razão de existir e a CBF só deve se preocupar com a seleção sem influir nos destinos dos clubes.

Os clubes precisam ter coragem para romper com todos aqueles só se beneficiam deles.

Não me conformo, por exemplo, porque numa época em que não praticamente não existem fronteiras e que você consegue falar com qualquer parte do mundo, um time precisa de um intermediário para negociar qualquer atleta ou contrato. É duro ver que os clubes entregam seu dinheiro para intermediários e acabam gerando um ciclo nefasto que só leva as equipes mais para o buraco.

Com o mesmo dinheiro que o atravessador ganha numa comissão, ele compra uma parte dos direitos de um atleta do mesmo time -- lógico que por um valor bem abaixo do mercado.

Não posso aceitar que os clubes precisem de investidores, que, aliás, de investidores eles não têm nada. Esse tipo de gente só quer ganhar dinheiro fácil com o futebol. Só posso creditar a má fé dos dirigentes que eles vendam parte de suas promessas para especuladores.

O que acontece hoje. Os clubes dizem que vendem parte dos direitos para que os jogadores fiquem no clube. Mas, todos nós sabemos que isso não acontece. Pouco depois o jogador abandona o time e o clube recebe migalhas e o grosso da negociação fica com os investidores. O pior de tudo é quando dirigentes do clube adquirem essas partes.

Clubes nunca deveriam aceitar o papel de vitrine e coloquem jogadores de parceiros no seu elenco. Aqui os times não ganham nada, pelo contrário. Pagam salários inflacionados para jogadores de qualidade duvidosa e só valorizam os mesmos para que o investidor ganhar dinheiro.

Você deve estar perguntando: temos dirigentes competentes para mudar a situação atual. Apesar de algumas decepções recentes acho que sim. O que é necessário é que tenhamos um grupo de dirigentes que tenham coragem de romper com os aproveitadores. Quem seguir este caminho vai ter sucesso e os outros clubes vão ter que seguir o exemplo.

O que falei dos clubes o mesmo vale para os jogadores. Os jogadores não aprenderam que não precisam ficar de joelhos para empresários. O final da lei do passe deu ao atleta a liberdade de ser livre e negociar, da melhor maneira possível, sua carreira. Mas, o que fizeram os atletas? Eles ficaram presos aos empresários, o que é tão nefasto para os atletas, quanto era o passe.

Uma coisa é o jogador ter um parceiro que o ajude a cuidar de sua carreira, outra é ter um dono - o que acontece agora. Não se pode falar em liberdade quando o jogador tem o seu direito dividido entre vários investidores, tem que pagar comissão do salário que ganha - rendimento mensal que não é pago pelo clube, mas por outros investidores - e ainda tem um companheiro de clube com participação nos direitos.

Isso acontece muito. É só ver como nos últimos anos temos jogadores sendo cobrados nos vestiários por investidores e por aqueles que pagam o salário, em troca de algum benefício no futuro.

Desculpe a repetição: só teremos um futebol forte quando clubes e jogadores assumirem que são os protagonistas do nosso futebol.

Até a próxima.

Mais pedaços em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Por mais que os Campeonatos Estaduais perderam a sua importância, eles ainda interferem muito no cotidiano das equipes. Neste início de temporada, vários clubes viveram crises, com a dispensa de técnicos e jogadores por maus resultados. Não posso acreditar, por exemplo, que com a eliminação do Fluminense para o Boavista, nos pênaltis, alguns já questionam o trabalho de Muricy Ramalho, que levou o time à conquista do Campeonato Brasileiro. Temos ainda os casos de Adilson Batista no Santos, o desmanche do time B do Inter e por aí vai. Cada vez mais me convenço que no futebol brasileiro só vale o resultado da última rodada.

ERA PARA SER DESTAQUE
Muito bom o início do Cruzeiro na Copa Libertadores. Duas partidas, duas goleadas e bom futebol. O time mostrou nesses jogos que tem um elenco muito bom, que dá ao técnico Cuca boas opções para armar o time.

NÃO DEVERIA SER MAIS DESTAQUE
A questão da Taça de Bolinhas. Acho que Flamengo e São Paulo entraram numa disputa boba e que não vai levar a nada. Sinceramente que os dois clubes acabem com a história e deixem o troféu em um cofre na Caixa Econômica ou na CBF. Pena que a história vai nos importunar por um bom tempo, pois sempre vão sobrar holofotes para cartolas comentarem sobre o caso.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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