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humberto luiz peron

 

01/03/2011 - 13h42

Golpes nos mais fortes

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Deveria ser simples: o campeão é melhor. Mas, parece que virou moda encontrar maneiras e artimanhas fora dos gramados --também aqui vale quadras, pistas e autódromos-- para se derrubar os melhores.

Olha só o absurdo. Em nome do espetáculo da TV e do equilíbrio sempre se encontra uma maneira de prejudicar quem é superior. Como podemos falar em melhoria do espetáculo, se diminuímos a qualidade dele? Que equilíbrio e esse que tem como base a mediocridade? Qualquer modalidade precisa encontrar uma maneira de transformar as equipes menores em potências e não o contrário.

Já foi proposto até que se invertesse o grid da Fórmula 1 para que tivéssemos corridas mais equilibradas e disputadas. Se esse absurdo fosse levado ao futebol seria o mesmo do time mais bem colocado no Campeonato sair perdendo, antes do apito inicial e por decreto, por 1 a 0 para uma equipe mais fraca.

O pior que em muitos casos, com essas canetadas no primeiro momento até surge um equilíbrio gerado artificialmente, mas, em pouco tempo, as forças que dominavam voltam a mandar. Aí, mais regras absurdas aparecem.

Se em outras modalidades procura o que vou chamar de "equilíbrio medíocre" com ranking de jogadores, teto salarial e mudança de regulamentos técnicos, no futebol a melhor maneira de igualar os ruins e os favoritos está nas fórmulas de campeonato.

Por exemplo, para aqueles que pensam que a história do futebol brasileiro começa na década de 1990, a fórmula de pontos corridos foi varrida por muito tempo dos nossos campeonatos devido à supremacia do Santos e seu fantástico time na década de 60.

Como o time da Vila Belmiro, disparava na liderança do Campeonato Paulista, o torneio perdia graça. Em outras oportunidades, o time só tinha uma equipe, geralmente o Palmeiras, que conseguia enfrentar o Santos na disputa.

Então, os nossos cartolas começaram a criar fórmulas para colocar vários times, principalmente os grandes, com chances de conquistar o torneio até o final do torneio.

A história todos já sabem --ou deveriam saber: quadrangulares, repescagem, times invictos sem títulos e outros absurdos, tudo criado para que o torcedor tivesse a sensação que o seus time disputava o campeonato mais difícil do planeta.

Bom, não faz muito tempo, quando o São Paulo enfileirou três títulos seguidos do Campeonato Brasileiro, os defensores dos medíocres saíram da tumba e já começaram a dizer que a fórmula era monótona.

Uma forma de proteger os times ruins é a situação dos times classificados para a Copa Libertadores não disputarem a Copa do Brasil. Por mais que se explique não é possível que o segundo campeonato mais importante do país não tenha entre os participantes, os cinco --ou seis times-- melhores do país.

Talvez por isso, faz muito tempo que o vencedor do "atalho para a Libertadores" não ganha um título do torneio intercontinental --desde 1998.

E o atual Campeonato Paulista? Classificam-se oito equipes para as quartas-de-final tudo para evitar que os grandes não fiquem de fora da parte mais aguda do torneio. Mas será que pode ser considerado grande um clube que não consiga ficar nem entre os quatro mais bem colocados de um torneio estadual?

Se continuar assim, logo teremos a classificação de 16 times. Aliás, seria a glória para quem quer a vitória dos medíocres. Já pensou a euforia desses que pregam o equilíbrio se o primeiro time que escapou da degola possa ter a chance de conquistar a taça?

Estava me esquecendo que vale também ataques irresponsáveis para tentar derrubar um time que manda no futebol. Sempre surgem especulações de esquema de arbitragens --"o time só ganha porque todo jogo há um pênalti"--, que o time é protegido e que não enfrentou nenhum time forte.

Que era do equilíbrio medíocre acabe no futebol --e em todos os esportes, pois não é nenhum absurdo o mais forte ganhar, mesmo com facilidade. Que os ruins se acertem e descubram uma maneira de alcançar os melhores.

Até a próxima.

Mais pedaços em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para o Santos, que tem um belo time, mas que tem dificuldades de acertar um treinador, principalmente após a saída de Dorival Júnior. Aliás, o técnico era o mais indicado para comandar o time, mas a falta de habilidade dos dirigentes santistas fez o clube terminar o ano passado com um interino e agora ficar sem comandante no início da Copa Libertadores.

ERA PARA SER DESTAQUE
O Mirassol, líder do Campeonato Paulista após dez rodadas do torneio, o que deve ser considerado um feito e mostra que o time foi bem montado. Uma pena que a equipe, como já se tornou comum com os clubes do interior vai ser desmontado após o término do Paulista.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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