Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 

humberto luiz peron

 

09/03/2011 - 12h07

Os confrontos que eu não perco

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em domingos que não tem futebol aqui no Brasil, com o último, fico perdido. Minha rotina muda totalmente. Não acordo e imediatamente vou pegar os jornais na porta par ler as notícias da rodada, não escuto rádio atrás de novidades e não vou ao computador pesquisar algo na internet.

Lógico que existe suas vantagens neste raro dia de folga. Posso, por exemplo, passear com minha família tranquilamente sem ter horário marcado para o final da diversão e é possível prolongar o almoço de domingo.

Mas, quando estamos perto das 16 horas surge o vazio. Sinto falta da adrenalina de trabalhar --ou ver algum jogo-- aqui no Brasil, além de procurar fatos que eu possa usar como tema aqui neste espaço.

Gosto muito de assistir aos jogos do futebol europeu, mas tenho a impressão que as tardes de domingo --até pelo hábito de anos-- foram feitas para acompanhar partidas do futebol brasileiro.

Sem opções de jogos nacionais no domingo de Carnaval passei boa parte do dia de folga pensando quais são os confrontos que mais gosto de ver.

Compartilho a lista com vocês.

Cruzeiro e Internacional - Tenho a absoluta certeza que os jogos entre essas duas equipes sempre são excelentes, com bom nível técnico mesmo quando as equipes não estão vivendo um grande momento. Minha admiração pelo confronto começa na final do Campeonato Brasileiro de 1975, que eu considero uma das melhores finais da história. Logo em seguida houve aquele célebre jogo que o Cruzeiro ganhou do Inter, por 5 a 4. Aí eu virei fã de vez do clássico.

Palmeiras e Corinthians - Era o jogo que dividia a cidade e, principalmente o bairro - o paulistano Bom Retiro -- e a minha família. Um domingo com esse clássico era realmente diferente. Todas as conversas giravam em torno do jogo, o clima do almoço era diferente e, se não fosse possível ir ao estádio, era dia de ouvir a partida com as cadeiras na calçada, com direito a várias trocas de rádio para mudar a sorte da partida. Com esse jogo, eu senti, pela primeira vez, o que é ver seu time ser campeão.

Flamengo e Fluminense - Este clássico fez com que eu gostasse do futebol carioca. Além da tradição dos times, o jogo era sinônimo de Maracanã lotado e jogo transmitido "direto" pela TV. Explico: em uma época que a transmissão de jogos ao vivo praticamente não existia, quase em todos os feriados nacionais, como Dia da Independência e Proclamação da República, passava um Fla-Flu na televisão.

Grêmio e Internacional - Aqui sempre me chamou a atenção a extrema rivalidade entre os dois clubes. Em um período que não tínhamos transmissões de jogos internacionais, com um Gre-Nal eu tinha a nítida impressão que estava assistindo uma partida do Campeonato Argentino ou de qualquer torneio do Velho Continente.

Guarani e Ponte Preta - A minha admiração pelo confronto me faz lembrar um tempo --final da década de 1970 e início de 1980-- que uma partida entre essas duas equipes recebia o mesmo tratamento que um clássico entre os grandes de São Paulo. A duas equipes viveram um período de auge tão grande que Campinas foi chamada "de a capital do futebol brasileiro".

Remo e Paysandu - Lembro quando vi meu pai conversando animadamente com um senhor no saguão de um hotel em Belém. O papo era com Vavá, bicampeão Mundial com a seleção e que estava trabalhando no futebol paraense. Logo surgiu um convite para ir ao Mangueirão. Com o estádio lotado percebi que havia vida no futebol longe dos grandes centros e como os paraenses amam o esporte. Pena que os times do Pará, que assustavam os grandes times, não participam mais das principais competições, mas o clássico entre os rivais ainda é sinal de estádio cheio.

Atlético-MG e Flamengo - Acho que devido os jogos que decidiram o Campeonato Brasileiro de 1980, penso que a partida entre dois times sempre vai ser emocionante, como aqueles duas partidas --uma vitória para cada lado--, mas que terminou com o título flamenguista.

Santos e Botafogo - É impossível não assistir um confronto esses dois times e não imaginar a era mágica que eles tiveram no início da década de 1960. Não há uma partida entre eles que não imagino Pelé com a camisa 10 do Santos e Garrincha com a sete do Botafogo. É lógico que esses gênios não estão em campo, mas toda partida entre Santos e Botafogo parece ter sempre um lance especial. Pena que muitos só associam o clássico com a decisão do Campeonato Brasileiro de 1995.

Bom, agora é hora de parar --um pouco-- com as lembranças, pois o Carnaval já acabou e teremos os times brasileiros em campo todos os domingos até o final do Campeonato Brasileiro, em dezembro.

Até a próxima.
Mais pedaços em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para o atacante Adriano que foi dispensado pela Roma e perdeu, mais uma chance, em sua carreira. É uma pena ver um atacante com tantos recursos técnicos jogar seu prestígio e credibilidade no lixo. Agora, resta saber se um clube brasileiro vai tentar bancar a cara contratação do artilheiro, que nos últimos tempos cria muito mais problemas do que marca gols no adversário.

ERA PARA SER DESTAQUE
A falta de futebol no domingo é um excelente convite para uma bola leitura. Minha companhia foi o livro "Coadjuvantes" (Ed. Martins Fontes), de Gustavo Piqueira - livro não foi lançado recentemente, mas muito fácil de achar. A obra relata muito bem, como toda uma geração de palmeirenses, principalmente os adolescentes, passou sofrendo com o longo período que o clube ficou sem títulos entre 1976 e 1993. Imperdível para os palmeirenses forjados no jejum e torcedores dos outros times.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

As Últimas que Você não Leu

  1.  

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página