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humberto luiz peron

 

06/04/2011 - 14h12

Mocinhos e bandidos

HUMBERTO PERON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No futebol brasileiro, sempre procuramos achar heróis para as vitórias e precisamos de um vilão para justificar nossas derrotas. Também, como torcedores, sempre achamos que o nosso clube é muito melhor que o dos adversários e os rivais são a escória. E se o nosso time não está na disputa, fomos educados a torcer pelo mais fraco ou o coitadinho.

Ou seja, não existe meio-termo. Sempre procuramos o bem e o mal, o certo --que é quem está do nosso lado-- e o errado. Nos últimos tempos, essa eterna procura de mocinhos e bandidos ficou muito mais intensa.

Agora não existe um final de semana em que não aparecem, de maneira bem clara, esses dois personagens --escolha sempre baseada no resultado da última partida.

Poucos se lembram, por exemplo, que, na primeira partida do Campeonato Paulista, o lateral esquerdo Roberto Carlos, que estava no Corinthians, foi aclamado como o melhor da posição no planeta por ter feito um gol olímpico contra a Portuguesa.

Alguns até já se apressaram em dizer que o Brasil perdeu a última Copa do Mundo porque o técnico Dunga não o chamou. A experiência do lateral era exaltada, bem como seu preparo físico.

Mas, em menos de 20 dias, o que aconteceu? O veterano --que foi ganhar um bom dinheiro no futebol russo-- saiu pela porta dos fundos do Parque São Jorge responsabilizado pela eliminação do clube na fase inicial da Libertadores da América e taxado como velho.

Eu poderia citar inúmeros exemplos que ocorreram nesta temporada. No Corinthians mesmo, o peruano Luís Ramírez foi guindado a salvador do time após uma grande estreia contra o São Bernardo. Três dias depois, foi expulso no jogo contra o Tolima. Atualmente, o "craque" é reserva no time.

Tivemos também o retorno triunfal de Rivaldo, mas que o tempo mostrou que, apesar de seu enorme talento, não tem como jogar todas as partidas da equipe.

Nessa linha tênue entre bandido e mocinho, agora todos conseguiram enxergar que o Palmeiras, comandado por Luiz Felipe Scolari, é um time bem montado taticamente. Não faz muito tempo, era comum dizer que a equipe só se defendia e dava pancadas --julgamento que pode voltar a ser feito se o clube perder uma partida nas fases finais da Copa do Brasil ou do Campeonato Paulista.

Confesso que também não aguento mais ouvir críticas sobre o que acontece com Neymar. Numa semana, ele é a redenção do nosso futebol, um gênio. Na outra, é um moleque irresponsável. Caramba! Será que ninguém para e pensa que ele é um craque, mas que ainda paga pela imaturidade? As oscilações de um jogador que chega ao estrelato na idade dele são normais. Elas precisam ser corrigidas, e não tratadas como atos de um bandido.

Sei que o futebol é apaixonante e que uma derrota do nosso time é capaz de nos deixar derrubados por vários dias, mas, justamente por ser uma paixão, ela precisa ser tratada --e analisada-- com muita razão.

Até a próxima.
Mais pedaços em: www.twitter.com/humbertoperon

DESTAQUE
Para a excelente campanha do Coritiba em 2011. Depois de ganhar o primeiro turno do Campeonato Paranaense, o clube está muito próximo de conquistar também o returno e levar antecipadamente o título do Estadual. A equipe, que também está bem na Copa do Brasil, fechou a última semana com a impressionante marca de 17 vitórias consecutivas.

ERA PARA SER DESTAQUE
A péssima situação do tradicional América-RJ, que dificilmente escapará de um novo rebaixamento no Campeonato Carioca. Depois que o time disputou a segunda divisão em 2009 e conseguiu o acesso, parecia que o clube iria renascer. Mas, principalmente neste ano, o clube teve vários problemas administrativos que refletiram no gramado. O time contratou vários jogadores, montou outro elenco para o segundo returno e nada adiantou.

humberto luiz peron

Humberto Luiz Peron é jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance". Escreve às terças-feiras no site da Folha.

 

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